[MOS13] Bolt chegou ao topo da história

Domingo, 18 Agosto 2013
[MOS13] Bolt chegou ao topo da história

Rússia sagra-se a melhor de um Mundial que regressa à agenda política.

Usain Bolt voltou ao trio de Ouros em Mundiais e alcançou os reis Carl Lewis e Michael Johnson. O dia assistiu ainda ao trio de ouros de Shelly-Ann Fraser-Pryce. 

Sem recordes mundiais e com três recordes de campeonatos, estes Mundiais de atletismo ficam para a história como os primeiros a realizarem-se na Rússia e poderá ter sido uma primeira oportunidade garantida sem que rendesse amores a muitos dos presentes. Os contornos chegaram à política internacional e desse ponto de vista acabariam por ser Mundiais muito falados, ainda que pelos motivos extra-desportivos.

Mas hoje a dúvida era saber se a Rússia conseguiria aguentar a frente na liderança na tabela das medalhas, num dia que até parecia mais favorável à Russia que aos Estados Unidos da América. Mas tudo poderia ter saído ao contrário para as contas russas, depois de falhado o Ouro na prova de lançamento do dardo e na prova dos 800 metros.

Nos 800 metros a grande favorita era a campeã do Mundo em 2011, Mariya Savinova, que tinha o público do seu lado. Mas isso não foi a condição única, numa especialidade onde historicamente a Rússia domina, e a atleta acabaria arredada do Ouro, com uma super prestação da queniana Eunice Sum, com 1.57,38 minutos, que ajudou o Quénia a chegar a uma posição mais cimeira na tabela de medalhas. A norte-americana Brenda Martinez concluiria no terceiro lugar, com 1.57,91 minutos, também recorde pessoal, muito próxima da russa Saviona, que foi 11 centésimos mais rápida.

O poderio russo, que é mais feminino que masculino, não deu hoje felicidade a Maria Abakumova, também campeã em título e que hoje nem tinha a presença da checa Barbora Spotakova, que em 2011 foi a sua principal opositora. E ficou longe de uma vitória que foi alemã, por intermédio de Christina Obergfoll, que conquistou a sua terceira medalha em Mundiais, a primeira de Ouro, com 69.05 metros. A atleta da Rússia viu ainda uma australiana, Kimberley Mickle, a chegar à medalha de Prata, com 66.60 metros. A Alemanha confirmou, assim, o porquê de ser a nação mais pontuada de sempre no lançamento do dardo.

JAMAICA DOMINA ESTAFETAS QUE ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA PRECISAVAM DE VENCER

Se há atleta que tem dominado atenções é Usain Bolt, que antes do dia de hoje vinha procurando um auge que ainda não era seu e que hoje acabou igualado. Eram precisas três medalhas para alcançar os míticos Michael Johnson e Carl Lewis e depois de duas medalhas alcançadas em dias anteriores, não deixou de dar um forte contributo para a vitória jamaicana nos 4x100 metros masculinos. Bolt não estava na luta pela melhor marca mundial, mas para alcançar o seu oitavo Ouro da carreiras em Mundiais, um feito que neste momento apenas a Michael Johnson pertence, ele que em Moscovo assistiu à medalha de Bolt. A prova seria alternada, entre uma primeira parte positiva para a equipa norte-americana e uma segunda parte onde Bolt iria ajudar a Jamaica a chegar ao Ouro, mas com uma falha clara na última transmissão, tanto da Jamaica como dos Estados Unidos da América, mas mais prejudicial aos norte-americanos, obrigando até Justin Gatlin a invadir a pista do lado para conseguir ainda lutar pelo Ouro final. Foi no fundo um erro que terá custado cerca de 20 centésimos dos 30 centésimos de diferença para a Jamaica na chegada à linha de meta. Destaque ainda para a qualificação desta prova onde quatro países chegaram a recorde nacional: Espanha (38,46), Bahamas (38,70), Barbados (38,94) e Coreia (39,00).

4x100 metros femininos

Também na prova homóloga feminina traria dissabor para os Estados Unidos da América que poderiam tentar surpreender a Jamaica. Depois de na meia-final a equipa norte-americana ter falhado na última transmissão, esperava-se que essa transmissão fosse melhor na final. Mas acabou por ser novamente a falha da expectativa norte-americana de conseguir o Ouro que faltava para ser melhor que a Rússia na tabela de medalhas. A equipa jamaicana foi segura e chegou quase segundo e meio à frente da equipa francesa, que alcançou uma medalha de Prata à partida improvável. Depois dos 41,29 segundos das jamaicanas e dos 42,73 segundos das francesas, o terceiro lugar só foi da equipa dos Estados Unidos da América porque o Brasil deixou cair o testemunho na última transmissão, não terminando a prova, nem chegando a uma importante medalha. OS 41,29 segundos da equipa jamaicana constituem novo recorde dos campeonatos, batendo aquele que foi conseguido em 1997 pela equipa norte-americana, à altura com nomes fortes do atletismo como Marion Jones ou Gail Devers. Hoje a equipa jamaicana foi constituída por Carrie Russell, Kerron Stewart, Schillovie Calvert e Shelly-Ann Fraser-Pryse. Fraser-Pryce acabou por ser destaque pelo trio de Ouros que levará ao peito para a Jamaica, tal como Usain Bolt.

TAMGHO PENSOU EM MAIS QUE OURO, E FOI O DESTAQUE FRANCÊS

A França sai destes Mundiais com uma só medalha de Ouro, obtida hoje pelo saltador de triplo Teddy Tamgho, com 18.04 metros. Mas os 18.04 metros de Tamgho bem podiam ser outra marca se por acaso o seu melhor salto não fosse anulado por um pé na plasticina. A sua atitude foi a de quem queria chegar ao seu primeiro Ouro em Mundiais, medalha que lhe faltava. Pediu calma a si próprio, voltou a repetir o pé na plasticina e voltou a pedir calma e o grande campeão fez-se ao último ensaio, com 18.04 metros, contra os 17.68 metros de Pedro Pichardo (Cuba). Ambos afastaram os norte-americanos Will Claye (17.52) e Christian Taylor (17.20) do Ouro, que a Rússia tanto temia. Foram assim aliados de peso de um país que nesta final só tinha a presença de Aleksey Fedorov, quinto classificado atrás dos norte-americanos.

Por último o resultado nos 1500 metros masculinos, por intermédio de Asbel Kiprop (Quénia), que correu a distância em 3.36,28 minutos e aqui novamente com os Estados Unidos da América a tentarem colocar a sua lança na medalha mais apetecida. Os 3.36,78 minutos de Matthew Centrowitz (EUA) quase que surpreendiam o queniano, que estava em Moscovo para revalidar o título. Fê-lo com imponência e ajudou a descolar a Espanha na distância, onde o Quénia na história dos Mundiais só possuía 5 pontos de vantagem, ainda por cima no dia de hoje onde a Espanha não marcava presença na final. Os lugares de Nixon Chpeseba (4º) e de Silas Kiplagat (6º) fizeram aumentar com supremacia a vantagem do Quénia. Hoje o terceiro lugar pertenceu ao sul-africano Johan Cronje.

E tudo terminou em Moscovo, um Mundial sem recordes mundiais, com três recordes dos campeonatos e com muitos campeões a revalidarem títulos. Não foi um Mundial que perdesse em emoção, trazendo o atletismo mundial de novo a Moscovo, depois dos Mundiais de pista coberta aqui se terem disputado no ano de 2006.

A próxima edição dos Mundiais disputam-se em Pequim (China) dentro de dois anos, seis anos depois do “ninho de pássaro” ter recebido os Jogos Olímpicos, um cenário que tornará a repetir-se e que prometerá grandes desafios internacionais.

CAMPEÕES (dia 9):
1500 m Masc – Asbel Kiprop (Quénia) – 3.36,28
Triplo Salto Masc – Teddy Tamgho (França) – 18.04
4X100 m Masc – Jamaica – 37,36
800 m Fem – Eunice Sum (Quénia) – 1.57,38
Lanç. Dardo Fem – Christina Obergfoll (Alemanha) – 69.05
4x100 m Fem – Jamaica - 41,29

Asbel Kiprop

Christine Obergfoll

Eunice Sum

Teddy Tamgho


Enviados Especiais: Edgar Barreira (texto) e Filipe Oliveira (fotos)

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