Hugo Espírito Santo em entrevista

Terça, 23 Abril 2013
Hugo Espírito Santo em entrevista

Jovem atleta só pensa em recuperar para os grandes feitos.

O mais pontuado no primeiro trimestre da época passada, Hugo Espírito Santo concedeu-nos uma entrevista sobre a forma como vê a sua carreira. 

Desde sempre no Sporting, Hugo Espírito Santo faz valer a sua postura como um fator determinante dentro dos valores que o desporto em geral costuma consagrar. Filho de pai são-tomense e de mãe portuguesa, o barreirista nunca visitou São Tomé e Princípe, terra que viu o seu pai partir em jovem idade. O atleta leonino tem andado mais longe das pistas competitivas e ultimamente é também um “cliente” mais frequente no departamento médico da Federação Portuguesa de Atletismo. Depois do recorde nacional de juniores, obtido em janeiro do ano passado, Hugo Espírito Santo tem passado muito tempo em recuperação. O atleta não esqueceu os seus objetivos desportivos, num momento em que goza os seus 19 anos, que em breve passarão a duas dezenas de anos vividos, ainda com a progressão de carreira na sua frente. Desde que está no atletismo ainda não perdeu o hábito de ser medalhado em provas nacionais pelo menos uma vez por época, mesmo durante o período de recuperação de lesões. Mas Hugo é também um estudante universitário, sendo mais uma das provas de que é no desporto escolar que uma carreira pode ter o seu nascimento...apesar do travo amargo do seu título universitário. Dos Invernos rigorosos passados nas pistas de ar livre em Lisboa passou para o Centro de Alto Rendimento, de onde saiu o seu recorde nacional...Promovida até 2012, a votação dos melhores jovens do trimestre permite, assim, trazer mais uma cara do futuro do atletismo nacional. Vamos conhecer melhor o Hugo...

Atleta-Digital: Chegaste tarde ao atletismo, o que fizeste até chegar a ele?

Hugo Santo:
Sempre fiz desporto na minha vida, desde pequeno. Comecei a fazer natação por causa da asma [dos 6 aos 10 anos] e a meio do tempo em que estive a fazer natação fiz Karaté, até aos 12 anos. Foi a partir daí que tentei o futebol no Real de Massamá. Joguei lá de infantil a iniciado e depois aos 15 anos saí do futebol porque na escola, com os torneios do Mega Sprint, o meu professor viu-me a correr. Como ele conhecia o projeto da JOMA disse-me para ir fazer uns testes ao clube [à altura a JOMA também treinava no recinto do Real de Massamá]. Como o futebol já não me estava a interessar muito, fui à JOMA com o meu pai, mas entretanto em conversa de família o filho de uma amiga da minha mãe, que era do Sporting na altura, apresentou-me o treinador dele que por sua vez me apresentou o Prof. José Fonseca.

Atleta-Digital: Quando começaste a treinar imaginaste que eventualmente terias o potencial que acabaste por demonstrar?

Hugo Santo:
Na altura era rápido e tinha a ambição de ser um grande velocista e também conseguia saltar bem porque já tinha sentido isso na escola. A última coisa que pensei que ia fazer bem era barreiras. Só há dois anos que treino a sério para provas com barreiras.

Atleta-Digita: Foi importante a base de treino que o Prof. José Fonseca te deu enquanto treinaste com ele?

Hugo Santo:
Sim, de certa forma foi importante. Quando entrei no atletismo não sabia nada do que era o treino e aprendi com ele. Claro que adquiri alguns erros técnicos, até porque estava no atletismo de uma forma despreocupada. O Prof. Fonseca foi importante porque me apoiou sempre, é um treinador que vive muito o atletismo.

Atleta-Digital: Que diferenças estabeleces entre o treino que tinhas no anterior grupo e o que tens agora no CAR, com o Prof. José Uva?

Hugo Santo:
A maior diferença entre os grupos não é a qualidade dos atletas, mas a forma como vemos o treino. O Prof. Fonseca tem mais jovens e treina-nos para nós gostarmos e nos divertirmos com o atletismo, ao contrário do Prof. Uva, em que estamos a pensar nos resultados durante o dia-dia. Atualmente treino o dobro do que treinava antigamente. O nosso grupo de agora também é mais pequeno.

Atleta-Digital: Teres chegado ao recorde nacional de juniores, em pista coberta, era esperado por ti naquela altura?

Hugo Santo:
Quando fui treinar com o Prof. Uva é claro que não esperava que acontecesse logo. Se me dissessem que em três meses de treino ia bater o recorde de pista coberta eu não acreditava. À medida que os treinos foram progredindo fui vendo que poderia chegar a uma boa marca, especialmente com as barreiras a um metro. Eu treinava com as barreiras de sénior e o Prof. Uva sempre me dizia que estava em boa forma e que quando baixasse as barreiras ia fazer uma grande marca. Comecei a acreditar, com as provas fui ganhando confiança e depois no fim-de-semana do Nacional de Juniores acabei por gostar bastante das marcas que fiz.

Hugo Espírito Santo

Atleta-Digital: Desde aí estiveste mais apagado, o que se passou?

Hugo Santo:
Com o desenvolver dos treinos de Verão tive uma tendinite, numa altura em que estava a treinar a técnica como deve ser. Começou-me a doer o tendão de Aquiles, comecei com tratamentos, sabia que aquilo era difícil de passar e acabei por não treinar bem e não recuperei a tempo do Verão. Fiz o meu recorde pessoal com barreiras a 1.06 metro, mas contrai outras lesões menos graves pelo meio e acabei por não treinar regularmente. Competi pela primeira vez em 2012 nos Universitários, fui campeão, mas lesionei-me...

Atleta-Digital: As condições de treino acabaram por ser uma melhoria também nas marcas que tens obtido?

Hugo Santo:
E de que maneira! Eu arrisco-me a dizer que não teria batido o recorde nacional junior de pista coberta se treinasse em pistas como o Estádio Universitário ou o INATEL. Agora uma pessoa já nem liga por estarmos tão habituados a boas condições. Atleta-Digital: Entretanto perdeste a referência no grupo que era Rasul Dabó. A presença do Rasul era importante para ti? Hugo Santo: Claro. Era um exemplo a seguir mas não vou deixar de fazer boas marcas por não ter o Rasul no grupo, era mais uma questão de motivação. No mesmo exercício via o Rasul a fazer e queria fazer como ele e isso puxava por mim. Agora tento encontrar outras motivações. Não faço treino com ele regularmente, mas de vez em quando faço treinos com ele e com o João Almeida. É bom para todos...

Atleta-Digital: Quais são os teus objetivos nesta época?

Hugo Santo:
Estou a fazer o máximo possível, mas tenho de ir com calma. Estou com uma entorse e se volto a fazê-la outra vez aí complica muito mais a recuperação. Se calhar neste momento estaria a treinar para chegar ao mínimo do Europeu de sub-23 e agora neste momento só quero estar a 100% para conseguir competir. Para o ano não há nenhuma competição internacional para o meu escalão, quero só melhorar a minha marca. Talvez em 2015 tente outra vez a ida ao Europeu de sub-23.

Atleta-Digital: Rio 2016 é um objetivo que pensas poder concretizar?

Hugo Santo:
Não quero pensar muito nos Jogos Olímpicos de 2016.

Atleta-Digital: E os objetivos da faculdade...?

Hugo Santo:
Entrei no ano passado na faculdade [Faculdade de Motricidade Humana], mas desisti após o primeiro semestre. Estava a tirar Reabilitação Psicomotora e agora estou em Ciências da Comunicação [Faculdade de Ciências Sociais e Humanas]. Sempre gostei desta área mas acabei por escolher a área do desporto...e não gostei. Apesar de tudo o horário é mais fácil compatibilizar na faculdade onde estou agora. Gostava de seguir jornalismo, mas o curso tem muitos ramos, ainda não escolhi...

>>QUEM É HUGO ESPÍRITO SANTO?!<<

Quais os desportos da tua vida?
Basquetebol (nunca praticou). Sou viciado. Gosto de ver na NBA. Chego a faltar a algumas aulas para ficar a ver jogos..

Bebida favorita…
Ice-tea

Melhor filme de sempre…
Forrest Gump

A minha saída à noite é…
Ir ao Bairro Alto e ficar lá no café com os amigos

A melhor idade…
É esta a idade, a da universidade

O que eu gostava de fazer no futuro…
Jornalista

A pessoa que mais me influenciou…
A minha mãe e o meu pai

O meu maior rival é…
Sou eu mesmo

Gastaria todo o meu dinheiro…
Faria o que faço agora, mas mais vezes. Talvez em gadgets..

Tatuagens ou piercings…
Prefiro a tatuagem [Hugo Espírito Santo tem uma tatuagem no braço e um piercing na orelha]

Verão ou Inverno…
Verão

Falar na internet ou falar pessoalmente com um amigo…
Pessoalmente. Não falo por internet e então por SMS é que não gosto mesmo

Loiras ou morenas…
Morenas

Rock, Pop, Disco…
Todos, desde que não seja música comercial. Gosto mais de música alternativa [White Stripes e Massive Attack]

Mar ou Montanhas…
Mar

>>FICHA TÉCNICA<<
Clubes : Sporting Clube de Portugal (desde 2008)
Treinadores: Prof. Fonseca (de 2008 a 2011) e Prof. Uva (desde 2011)
Principais competições :
Europeu de Juniores 2011 (110 m barreiras) – 14,56 (1ª ronda) e 14,87 (meia-final)
Evolução das marcas:
60 m Barr. (1.00): 8,41 (2011) ; 7,87 RNiJun(2012)
60 m Barr. (1.06): 8,45 (2011) ; 8,38 (2012) ; 8,17 (2013)
110 m Barr. (1.00): 15,45 (2009) ; 15,79 (2010) ; 14,34 (2011) ; 14,49 (2012)
110 m Barr. (1.06): 16,41 (2009) ; 15,73 (2010) ; 15,06 (2011) ; 15,08 (2012)

Por: Edgar Barreira (texto e fotos)

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