Boston: “atenção” à imbecilidade “humana”

Sexta, 19 Abril 2013
Por mais que se queira ser assertivo quando se emite opiniões publicamente, perante um acontecimento como o mundo assistiu em Boston durante a 117ª edição da sua Maratona, é impossível controlar as palavras.

Foi um espectáculo triste, horrível e trágico com a maldade humana a exibir-se, tal como infelizmente o faz por esse mundo fora, dia após dia. Quer seja nos EUA, quer seja bem perto de nós, existem pessoas más, autênticos imbecis que só deviam ser considerados seres vivos porque “vivem”. Respiram mas não são seres humanos.

Um ser humano não poderia fazer isto! A quem quer que fosse, por qualquer motivo que tivesse. Mas nos tempos que correm, os nossos limites de tolerância já se elevaram e qualquer dia consideramos qualquer tragédia como uma normalidade. Ouvimos sobre mães que se atiram de pontes com filhos recem-nascidos, filhos que matam os pais, ex-namorados que se vingam, pessoas que matam por pequenas discussões. Do outro lado do Atlântico, dos EUA ouvimos invariavelmente sobre jovens que entram em escolas e matam aleatoriamente 10, 20, 30 pessoas e depois terminam a sua própria vida. Acredito que são histórias de desespero mas “se não estão bem neste mundo, que partam sozinhos”!

O FBI já divulgou imagens e a identidade de dois “suspeitos” (que toda a evidência mostra que são os culpados). Como para mim e para muitos, um ataque a desportistas é um ataque declarado a inocentes e não a alvos legítimos, acredito que esses dois seres vivos (um deles já não é vivo pois foi morto num tiroteio com a polícia) descontrolados tinham um grande objectivo: chamar à atenção.

atleta ferida

A “atenção humana” é preciosa e basta “fazer o exercício” de ver televisão umas horas seguidas para percebermos. As empresas competem agressivamente e investem rios de dinheiro em publicidade na tentativa de captar a atenção de todos nós. Com a massificação da internet e a grande quantidade de informação que uma pessoa recebe inadvertidamente hoje em dia, a “atenção humana” tornou-se mais difícil de atingir.

Olhando para as multidões que os grandes eventos desportivos reunem e para toda aquela festa, alegria e euforia em torno deles, não podemos ser displicentes. Temos de ser frios e realistas. Infelizmente, o período de paz respeitado no século VIII a.C. durante os Jogos Olímpicos ficou na antiguidade.

Até já cheguei a pensar que as manifestações desportivas estavam naturalmente imunes a qualquer ataque terrorista. Mas nessa altura, era jovem e acreditava que o mundo era perfeito.

Agora confronto-me com a triste realidade. O que aconteceu em Boston foi uma grande choque que não estávamos à espera… no entanto, não foi de todo uma surpresa. A “atenção” mediática que tem um grande evento desportivo é adorada pelos terroristas. Se não nos surpreende que o Mundial de Futebol e os Jogos Olímpicos sejam normalmente alvo dos terroristas pela sua predominância nos media internacionalmente, a verdade é que estávamos longe de pensar que uma Maratona pudesse ser atacada. Mas já antes de Boston, 5 maratonas com menor exposição mediática tinham sido atacadas: Sri Lanka (2008), Belfast (1998, 2003, 2005), Paquistão (2006), Bahrein (1994).

Ter sido em solo norte-americano amplifica exponencialmente toda a atenção mediática, afinal de contas é um ataque à “nação mais poderosa do mundo”. Mas ainda temos de esperar para saber o que levou os dois irmãos chechenos a actuarem desta forma. Qualquer razão que haja não pode ser aceite! Não se pode ser justificar a destruição de uma “celebração desportiva” e de dezenas de vidas que nunca mais serão as mesmas…

Este episódio não pode ser explicado porque instiga o medo e põe em causa a liberdade que muitas pessoas só conseguem sentir nas suas vidas quando correm ou praticam outro tipo de desporto ao ar livre.

É sabido que o Terrorismo tem como objectivo matar certos ideais mas não podemos aceitar que tentem assassinar os valores que o Desporto, e neste caso particular a corrida, promove.

Para termos noção do poder do Desporto, basta olharmos para o facto de o Desporto ser uma das ferramentas mais fortes das Nações Unidas para o Desenvolvimento e para a Paz. O esforço da ONU terá agora de ser reforçado obrigatoriamente! O Desporto é uma das línguas internacionais mais antigas a funcionar como ponte entre pessoas de diferentes estratos sociais e de diferentes etnias. É uma ponte que não pode ser bombardeada e cabe a todos nós, preservá-la.

Porque convém recordar que as bombas não matam pessoas! Quem mata pessoas são pessoas, as bombas só “ajudam”… E receio que continuarão a ajudar enquanto, por exemplo, se gastar rios de dinheiro a tentar descobrir vida em Marte, em vez de se gastar aqui na Terra, unindo os povos através de equidade social e económica…

Infelizmente, apesar dos acontecimentos de Boston alertarem para a vulnerabilidade a que estamos sujeitos, servindo de alerta e aprendizagem para futuros eventos desportivos, penso que estamos anos-luz de podermos afirmar que uma celebração desportiva não voltará a ser atacada.

Até lá, temos de confiar no trabalho das forças de segurança pública.

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