Jéssica acima de Rosa Mota, em Londres

Domingo, 05 Agosto 2012
Jéssica acima de Rosa Mota, em Londres

Maratona feminina teve boa prestação nacional.

Não foram fáceis as condições da Maratona olímpica, que se realizou num percurso acidentado e com chuva forte a cair sobre as atletas. Portugal esteve numa das provas mais exigentes em toda a história das olimpíadas e deu-se bem... 

Se a Maratona nasceu na Grécia antiga, a distância fixa de 42.195 quilómetros nasceu em Londres, durante os Jogos Olímpicos de 1948 e hoje cumpriu-se mais uma página de história, percorrendo-se a Maratona pela primeira vez nestes Jogos Olímpicos. Aliás, a cidade tem uma fotografia que recria o momento da Maratona em 1948, com a imagem dos reis que obrigaram os participantes a passarem em frente à varanda para ver a Maratona passar.

Hoje tudo o que havia de típico foi vivido pelas maratonistas, até a chuva, que “regou” a prova de hoje, conforme a cidade costuma apresentar aos seus visitantes. Entre as portuguesas era Marisa Barros quem aparecia de logo na frente, não propriamente a puxar o ritmo do pelotão, mas a querer sair da confusão, até porque a prova passa em zonas estreitas e que dificulta a passagem de extensos pelotões. ” O percurso era muito difícil, por causa das curvas. A primeira parte era muito gente e por isso optei ir um pouco à frente”, disse Marisa Barros no final, aos jornalistas. Também Dulce Félix se manteve vários quilómetros no pelotão, enquanto Jéssica Augusto cedo deixou-se cair num ritmo mais lento. A aproximação de Jéssica ao pelotão só começou a acontecer a partir do nono quilómetro, ela que quando se integrou nesse grupo ficou junto das quenianas, uma aposta pessoal para o que vinha a acontecer mais tarde.

Com os ritmos impostos a acelerarem, só Marisa Barros estava a resistir ao ritmo, com Jéssica Augusto e Dulce Félix a cederem a meio da prova, numa altura em que Marisa Barros era 11ª classificada, Dulce Félix 22ª e Jéssica Augusto 24ª. Mas rapidamente Jéssica Augusto acabaria por recolar ao pelotão e mais tarde Dulce Félix, mas em má altura, já que Edna Kiplagat (Queánia) esticaria o ritmo na frente, para se isolar um grupo de seis atletas, composto pelas duas equipas mais fortes, a Etiópia e o Quénia.

Entre ataques, contra-ataques e mudanças de ritmo, Marisa Barros foi-se afundando na classificação, enquanto Jéssica Augusto fez uma parte final de prova de tal modo interessante que na chegada à linha de meta chegaria no 7º lugar, com a sua terceira marca da carreira (2:25.11), o melhor registo português de sempre em Jogos Olímpicos, batendo o tempo que estava intacto desde 1988, de Rosa Mota. Aliás, Rosa Mota foi um dos olhares atentos sobre as maratonistas portuguesas, no percurso, que estava repleto de espetadores e com o apoio de uma boa parte da equipa nacional. Por exemplo um dos abastecimentos esteve ao cargo de dois treinadores pouco habituados à Maratona : Carlos Silva e Fernando Pereira, treinadores de Vera Barbosa e Marcos Chuva, respetivamente.

“Correu bem. Eu achei que devia correr mais devagar no início. No decorrer da prova fui-me sentindo bem, fui aumentando aos pouquinhos, chegando ao grupo da frente. E no final, quando elas arracaram, tentei aguentar o máximo possível. Limitei-me a ir ao meu ritmo, que foi um bocado exagerado, mas sinto-me um peixinho no meio dos tubarões, porque tenho apenas três maratonas concluídas.. Foram estas as declarações de Jéssica Augusto que a ser peixinho, foi também peixinho dentro de água, porque Londres voltou a ser a sua cidade-talismã. Afinal foi a segunda melhor participação portuguesa de sempre em Maratona olímpica, só batida pela recordista Rosa Mota, igualando a classificação de Manuela Machado em 1992 e 1996.

Mais atrás chegaria então Marisa Barros, que melhorou a sua classificação de Pequim para Londres, desta vez alcançando o 13º lugar, com o tempo de 2:26.13 horas, uma classificação muito meritória, numa prova onde algumas candidatas sucumbiram, como a russa Liliya Shobukhova, a britânica Mara Yamauchi ou a holandesa Lornah Kiplagat. Menos bem classificada ficou Dulce Félix, que na sua estreia chegou à linha de meta em 21º lugar, com o registo de 2:28.12 horas, ela que quebrou bastante na segunda metade de prova. ” Esperava um bocado melhor, fiquei um bocado triste. Mas foram os meus primeiros Jogos Olímpicos e tenho de estar contente por isso...”, disse a portuguesa à RTP.

Do ponto de vista geral, o Quénia ficou de novo afastado da medalha de Ouro, contra a segunda medalha de Ouro da Etiópia, hoje alcançada pela inesperada Tiki Gelana (2:23.07), a única etíope que “sobreviveu” aos constantes ataques que os últimos quilómetros de corrida tiveram e que levaram as suas colegas Mare Dibaba e Aselefech Mergia para lugares menos dignos : 23º e 42º lugares. A etíope derrubou, assim, o segundo recorde olímpico destes Jogos Olímpicos, um feito que mostra bem a competitividade da prova de hoje. A melhor queniana, Priscah Jeptoo, ficou em segundo lugar, restando o terceiro lugar do pódio para a russa Tatyana Arkhipova (2:23.29), que com uma segunda metade impressionante chegou ao seu recorde pessoal. Fantástico também o recorde nacional da ucraniana Tetyana Gamero-Shmyrko, com uma ponta final rapidíssima, terminando em 2:24.32 horas.

Foi a melhor prestação portuguesa na prova de Maratona feminina, em Jogos Olímpicos, que em 119 atletas teve as suas três atletas até ao 21º lugar. Se esta prova tivesse pontuação coletiva, a equipa portuguesa sairia com toda a certeza com a medalha de Prata, só batida pelo Quénia.

RESULTADOS (Maratona – Final) – Jogos Olímpicos
1. Tiki Gelana (Etiópia) - 2:23.07
2. Priscah Jeptoo (Quénia) - 2:23.12
3. Tatyana Petrova (Rússia) - 2:23.29
...
7. Jéssica Augusto (Portugal) - 2:25.11
13. Marisa Barros (Portugal) - 2:26.13
21. Dulce Félix (Portugal) - 2:28.12

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