A Caravana não deixou de passar... |
| Sábado, 02 Junho 2012 | |
 Hoje decorreu a Corrida Pela Selecção, prova que contou com muita discórdia da comunidade do atletismo. Afinal a discórdia fazia assim tanto sentido? Há uma máxima no mundo da publicidade : “Não existe boa ou má publicidade, existe somente publicidade!”. A Corrida Pela Selecção testou exatamente essa máxima, proliferando-se voluntariamente (como se de crowdsourcing se tratasse) pela web, por blogs, sites e redes sociais. Vi das coisas mais bárbaras escritas por ai, visões pouco profundas sobre temáticas em que se desconhecem as motivações, comentários que não passaram de lutas comerciais nos corredores do mundo do atletismo. Tudo resumido dá em excelentes rankings de página a promover a prova e no meio disso verificou-se muito oportunismo, opiniões escritas à pressa e à espera dos “Likes” e dos “Clicks”, tempo depois da comunidade reagir e de se saber a tendência da opinião dessa comunidade...De repente apareceram os justiceiros, os executores, os sábios e esqueceram-se que o Futebol pode ser aqui o mote, mas esqueceram-se que foi o Atletismo a ganhar... Os argumentos que não tolhem... O Atletismo não deve promover o Futebol : e que tal o contrário? O Futebol encarou que a prática da corrida é um meio muito melhor que promover um simples evento de futebol, dando destaque a uma prática que está em crescimento em Portugal. Interessa lá quem promove quem, interessa que há muitos minutos de audiência que o atletismo recolheu, de forma totalmente gratuita. Se calhar o que falta é o atletismo aproveitar o exemplo, porque continuamos a promover-nos muito mal...Não terá mesmo sido o Futebol a promover o Atletismo? A prova é a um sábado de manhã: Porque é que um evento de atletismo em estrada só se pode ou realizar ao domingo de manhã ou ao final da tarde de sábado? Que raio de tradição mística é esta que pode ser considerada suficiente para apontar isso como um problema? Se calhar o problema de algumas provas de estrada é quererem à força fazer eventos tradicionais, que perderam o efeito surpresa e que cansa os corredores...Alguém se lembrou de identificar a nova tendência do público alvo das provas de estrada? O efeito de vingança... :Acho lamentável que numa semana em que se comemorou o olimpismo e em que muitos atletas olímpicos foram homenageados no Rock in Rio Lisboa (quando se fala em falta de apoio...), que se venham trazer para a mesa os argumentos de que os atletas não são apoiados e que é uma “heresia” que o atletismo possa também funcionar em duo com o futebol...Nós, que estamos como uma das modalidades mais queridas do desporto nacional, não podemos esquecer que há modalidades muito mais esquecidas...Deveríamos perder estes ódios de estimação só porque alguém tem mais destaque que nós...Devíamos ter vergonha quando passamos a vida a queixar-nos do futebol, sem sequer nos lembrarmos de outros desportos dos quais nunca ouvimos falar! Pessoalmente não quero saber muito do futebol (nem vou ver o jogo da seleção hoje!),mas sinto que somos demasiados injustos com certas situações...Aqui o atletismo não saiu beliscado pelo futebol, muito pelo contrário! Poderíamos ser muito mais, ter muito mais apoio, mas sinceramente acredito que essas forças não dependem só de nós. O problema está mais no tecido económico e...o decisor (que transcende o próprio Estado!)... A visão que poucos tiveram... Ora, apoiou-se uma causa social (Associação Novo Futuro), ficaram paradas avenidas fundamentais em Faro, Oeiras e Porto para ver desporto a decorrer, tivemos as televisões atentas ao fenómeno da corrida, desenvolveram-se soluções técnicas e tecnológicas que podem melhorar o evento da corrida em Portugal, etc... Mas quem se lembrou que o apoio de um banco pode não cingir-se apenas a este momento? Algum de vocês teve oportunidade de falar com quem financiou/organizou o evento? Tentaram perceber a estratégia comercial? Como nos podemos queixar quando temos finalmente apoios diretos e indiretos à comunidade do atletismo? A hipocrisia dos que se aproveitaram do evento... A minha conclusão é que se houve quem se aproveitou, com muito oportunismo, do evento foi precisamente alguns sítios web da comunidade do atletismo. E afinal de contas, tanta queixa e vi muitos dos que discordavam a correr em Oeiras, na Corrida Pela Selecção...Como é possível que depois de tanto falatório, se participe na mesma? Falta de palavra, reconsideração de opinião, ou tentativa de sabotagem? Mas a hipocrisia toca o alto, quando alguém se mostra contra um evento, quando ele apoia monetariamente esse local. Prefere-se a opinião da moda, mas atenção, só depois de terminado o patrocínio nesse local...E depois não foi a comunidade do atletismo a ganhar? Existe muita ingratidão nesta comunidade, que afinal vai ao bolo comer uma fatiazinha, cuspindo de seguida no bolo que alguém se dignou a financiar e a colocar de pé a iniciativa...Quem quer modificar o alegado “monopólio” deve apenas tentar fazer melhor e ganhar a sua quota de mercado, ou não é assim que o mercado funciona? O descontentamento será solução? A comunidade do atletismo, porque é dela que se fala, aparece com alguma frequência em descontentamento. Se existem prémios monetários, é porque não se privilegia o pelotão. Se o pelotão é o ponto fulcral do evento, é porque se chega ao dia do evento e não se consegue correr, tantos os que estão a participar. Se o evento é comercial é porque não devemos dar dinheiro "aos malandros", caso contrário é porque não temos capacidade de angariar patrocínios. Se é promovido um evento e estão 300 atletas é mau para a imagem da modalidade, se estão 3000 é péssimo para se correr! Acho que são tantas as provas existentes em Portugal, que dá para cada um aplicar o seu gosto na prova que entender. Há provas com percurso certificados, outras "certificadas" a GPS e outras diz "aproximadamente" para não falhar muito. Há aquelas massificadas, aquelas que têm o habitual milhar de atletas e aquelas mais familiares que até dão uma carninha ou uma sardinha no final. Há gostos para todos...Felizmente que esta década tem trazido eventos muito fortes em termos técnicos e tecnológicos e se 2012 traz novidades, 2013 traz a perspetiva de novas situações nunca antes vistas em Portugal (estamos a entrar na crista da onda...). Talvez devêssemos olhar para a alguma passividade da Federação Portuguesa de Atletismo face a este fenómeno, apesar da sua associação ao Programa Nacional de Marcha e Corrida. Admito que este movimento ajudou a trazer a corrida para a rua, mas os principais eventos de atletismo de estrada continuam pouco apoiados pela federação que devia saber integrar os eventos na sua calendarização. Depois não é de admirar que outra federação saiba fazer o papel, que a nossa federação não tem tanta facilidade de fazer (ou por não ter capacidade monetária, ou por falta de imaginação). Felizmente que quanto a esta corrida a posição neutra da FPA foi a escolhida : se tivesse dado parecer favorável estariam a colar-se ao futebol, se tivesse dado parecer desfavorável estaria a ridicularizar-se! Queria aproveitar para dar os parabéns às empresas (do atletismo) que avançaram com este projeto. Por outro lado esse trabalho foi reconhecido (infelizmente não pela comunidade do atletismo) pelo principal patrocinador, em conversas tidas com os responsáveis...Posso-vos dizer, com base noutras experiências internacionais e em encontros com grandes organizadores europeus, que este foi um evento com uma organização muito profissional, de fazer inveja a muitas provas estrangeiras de renome. E a comunidade do atletismo vai continuar a teimar em envolver-se em discussões irrelevantes sobre o futebol? Por : Edgar Barreira |
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Excelente perspectiva e muito bem argumentada.
Excelente e inovadora iniciativa.
Um obrigado porque finalmente vi que não estava sozinho na cruzada
Infelizmente ao contrário do que julgava, também no nosso desporto (corrida de estrada) existem lóbis que se dispõem a boicotar a humildade e camaradagem que caracteriza de uma forma geral todos aqueles que o praticam.
Cps,
Rui Estrelinha
Engraçada essa opinião!
Por acaso eu vi o contrario!
Se calhar opiniões dadas por "gente" como:
Correr por prazer
Atletas .net.
JoãoLima.net
Revista Spiridon
(só para citar alguns)
É tudo "pessoal" muito inexperiente que só escreve coisas barbaras!
Provavelmente eu também sou um bárbaro!
Enfim...
agradeço a sua opinião. Também poderia aqui colocar nomes de pessoas/entidades que concordam ou pelo menos mantêm uma posição neutra sobre o assunto, mas não julgo que vá ser por aí que eu terei mais ou menos razão. O extremo das opiniões acabou por tornar este assunto bastante divergente e quase a roçar a um sectarismo estranho. Foi uma prova de atletismo, como existem outros no resto do país...Felizmente, para o movimento da corrida, que tivemos provas bastante participadas em Oeiras e Porto e no caso de Oeiras se não foi a segunda com mais atletas cronometrados na história, andará próxima (e curiosamente em Oeiras!). Confesso que deixei de perceber se as pessoas gostam mais de correr ou de criticar por criticar...
Você citou gente experiente, certo, mas será a experiência a dona da razão toda? Seria importante que tivessem escutado as pessoas que estiveram envolvidas com o evento (os Organizadores fizeram questão de tentar esclarecer na internet) e que mais do que ninguém percebem o que aqui está envolvido. Como responsáveis da cronometragem em Oeiras, o que sentimos é que não há limites na nossa capacidade técnica e tecnológica para responder aos maiores desafios e esse know-how, caríssimos, ficará dentro do atletismo, para apostar em outros eventos de atletismo...O efeito de contágio que o assunto teve, empurrado por questões comerciais de alguns, associado ao fenómeno anti-futebol, acabou por ter um envenenamento na comunidade que era evitável. Mas como todos estão livres de participar nos eventos que querem, outras opções haviam neste fim-de-semana e dentro de cada um terá ficado concretizada a sua vontade!
O que acho errado é falar-se e criticar-se e não querer jogar com os dados e nem sequer querer considerar-se os dados fornecidos. E aqui, desculpe-me, a experiência conta pouco. Mas não fará de si um bárbaro ter uma opinião diferente da minha...É sim bárbaro todo o sectarismo gerado, com ataques pessoais desnecessários, gerado pelos dois lados da barricada que estavam dentro da comunidade do atletismo. Felizmente que quem levantou o evento no terreno soube dar-lhe a dignidade que ele merecia e felizmente que quem investiu no atletismo ficou agradado com o que se gerou...