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Rui Silva alcançou recorde pessoal rumo a Roterdão.
Meia-Maratona de Lisboa teve direito a um dia de Sol e a um recorde do Mundo, nas cadeiras de rodas, através de David Weir.
Será um elo de ligação a São Pedro, ou um contrato com o Windguru, a verdade é que mais uma vez Carlos Móia e a sua equipa organizaram hoje mais uma edição da Meia-Maratona de Lisboa, novamente sem chuva, depois de ontem a chuva ter caído em Portugal. ”Fiquei todo contente quando percebi que não chovia, mas também não esperava tanto calor”, disse no final, em conferência de imprensa. A verdade é que as condições atmosféricas pareciam muito propícias a grandes marcas, com o vento a soprar muito fraco na marginal lisboeta, mas o calor acabaria por produzir um efeito nefasto sobre os resultados, embora não seja o principal responsável.
Entre ontem e hoje cerca de 40 mil atletas fizeram deste o maior evento de sempre, com o olhar atento do Competitor Group que a partir de Setembro tomará as rédeas aos dois principais eventos de Lisboa. Aqui e ali já se foi sentindo essa influência e uma das mais visíveis é a presença de mais de meia centena de fotógrafos de um site internacional de fotografias, tornando este evento ainda mais internacional.
TADESE PELA TERCEIRA VEZ E A SEGUNDA VITÓRIA NORTE-AMERICANA EM FEMININOS
Na maioria das provas de estrada os atletas africanos, pelo seu poderio, acabam por tornar os eventos pouco atrativos para atletas europeus e norte-americanos, mas ainda há exceções nesta luta, como hoje ocorreu no setor feminino. Shalane Flanagan (EUA), apontada como uma das favoritas, acabou por justificar a sua presença em Lisboa, com uma vitória em 1:08.52 hora, uma marca que a deixou feliz na sua preparação para os Jogos Olímpicos deste ano : ”Foi um excelente passo para preparar Londres”. De facto a norte-americana não deixou os créditos em mãos alheias, deixando os restantes lugares do pódio às quenianas Diana Chepkemoi (1:09.08) e Margaret Muriuki (1:09.21). Foi a segunda vitória norte-americana nesta prova, depois de Kara Goucher vencer em 2009. Estas foram as três atletas com tempos abaixo da 1:10 hora, num top-10 onde a melhor europeia foi a letã Jelena Prokopcuka (1:10.37) no quinto lutar, enquanto a portuguesa Dulce Félix (7ª com 1:11.18), a holandesa Lornah Kiplagat (9ª com 1:12.19) e a italiana Nadia Ejaffini (10ª com 1:12.41) foram as outras europeias mais destacadas, mas longe da dianteira da prova.
A portuguesa Dulce Félix correu os três primeiros quilómetros com Jéssica Augusto, que desistiu depois de sintomas gripais que a impediram de completar a prova, dias antes de ir para estágio em Mira, numa altura em que prepara a Maratona de Londres. ”Não me preocupa esta desistência porque este era só um teste”, diz Jéssica Augusto que terá semanas de treino forte para estar num bom nível em Londres, no próximo mês de Abril. Com esta situação de corrida Dulce Félix foi sozinha na luta entre portuguesas e depois de há um ano ter chegado ao recorde nacional, este ano esteve muito distante do mesmo, até porque este ano não tem programada qualquer maratona de Primavera : “É sempre bom ser a primeira portuguesa. Este ano não foi possível chegar ao recorde nacional, até porque o objetivo era apenas fazer uma boa classificação”. Leonor Carneiro (12ª com 1:13.34), Inês Monteiro (14ª com 1:15.29) e Sara Moreira (15ª com 1:15.38) foram as portuguesas mais bem classificadas.
Na prova masculina, que partiu hoje 15 minutos depois da prova feminina, o foco estava em Zersenay Tadese (Eritreia), que teve a lebre de serviço, o queniano Paul Lonyangata. Este ano a lebre não terá falhado, foi para lá dos dez quilómetros previamente estabelecidos e mais pareceu que foi Tadese com dificuldade em responder ao ritmo que o mesmo pediu, para chegar ao recorde mundial. No final confessou ter tido uma semana difícil, não lhe permitindo apresentar-se no seu melhor em Lisboa : ”No próximo ano tentarei mais uma vitória em Lisboa”. Esta foi a terceira vez consecutiva que o eritreu venceu na Meia-Maratona de Lisboa, um feito nunca conseguido por qualquer outro atleta em Lisboa. Hoje fez a sua terceira melhor marca de sempre (59.34 minutos), uma vitória que não foi importunada por nenhum dos adversários presentes, com os dois restantes lugares a pertencerem a atletas quenianos : John Mwangangi (1:00.44) e Lucas Rotich (1:01.00).
De facto as marcas ficaram genericamente aquém, face à qualidade dos inscritos, numa prova onde quem se destacou foi o português Rui Silva, que a preparar a Maratona de Roterdão, já se apresentou num bom momento de forma. A marca de 1:02.40 hora é um novo recorde pessoal do atleta, que ainda assim não terá ficado inteiramente satisfeito pelo resultado. ”Acabei por fazer a prova em contra-relógio e esta marca é um bom indicador. O objetivo era correr até 1:02.30 hora...”, disse Rui Silva no final, que prepara a Maratona de Roterdão onde espera chegar ao mínimo olímpico, para depois decidir que prova tentará em Londres, nos Jogos Olímpicos. Manuel Damião (9º com 1:03.56 hora) e Hermano Ferreira (15º com 1:05.56) foram os melhores portugueses a seguir a Rui Silva e ao mesmo tempo os três portugueses foram os melhores europeus, numa prova menos europeia que a prova feminina.
O RECORDE DO MUNDO DE DAVID WEIR
Normalmente menos referida, poder-se-ia dizer que a principal prova do dia foi a de cadeira de rodas, porque a qualidade dos presentes era realmente grande e porque um recorde acabaria por acontecer inesperadamente, até para o autor do mesmo...Muitos destes atletas, em preparação da Maratona de Londres e dos Jogos Paralímpicos, acabariam por fazer uma prova de preparação, no caso do britânico muito bem sucedida. David Weir terminou em 43.41 minutos, muito à frente dos restantes atletas que tiveram menos braços para chegar à vitória, num pódio completado por Roger Puigbo (Espanha) e o mais conhecido Heinz Frei (Suiça). Do lado feminino o pódio foi todo ele suiço, composto pelas habituais Manuela Schar, Sandra Hager e Patricia Keller.
No final Carlos Móia deixava um género de mea-culpa acerca deste recorde, que nunca foi anunciado ou esperado : ”peço desculpas públicas porque não comuniquei que poderiam também haver recordes do Mundo nas provas de cadeiras de rodas”. Por seu lado, David Weir, depois de recuperado do esforço e do espanto pelo recorde, falou da sua prova. ”O percurso é muito plano e muito rápido. Estou muito feliz por hoje. Não estava à espera deste recorde...”.
PRÉMIO ROSA MOTA FOI PARA CARLOS MÓIA...E DEPOIS PARA ANTÓNIO LEITÃO!
A figura de Carlos Móia, principal responsável deste evento, acabaria por ser realçada por Rosa Mota que propôs o presidente do Maratona Clube de Portugal como o nome a distinguir na edição deste ano, depois de já ter distinguido atletas no passado. ”A Rosa Mota deixou-me com um grande problema. Há uns meses que ela achava que o prémio me deveria ser entregue e eu não me sentia bem por estar a receber o prémio num evento meu. Ela tomou a iniciativa de insistir que teria de ser eu a recebê-lo”, confessou Carlos Móia que logo de seguida decidiu dar este prémio, a título póstomo, ao recentemente falecido António Leitão, que já recebera enquanto vivo esta distinção de Rosa Mota.
Por seu turno, Rosa Mota justificou esta distinção a Carlos Móia, por considerá-lo um dos pais das caminhadas em provas de atletismo, no território nacional : ”Carlos Móia tem todo o mérito em receber, até porque foi ele que teve a ideia de pôr a população portuguesa a mexer-se”. Ao longo da conferência de imprensa, a medalhada olímpica foi explicando a Tadese o que se ia dizendo, num papel de tradutora complicado, até porque a língua inglesa não é assim tão trivial para o recordista do Mundo...
A ÚLTIMA EDIÇÃO ANTES DE SE TRANSFORMAR EM ROCK’N’ROLL SERIES
Hoje os instrumentos de sopro que foram acompanhando a prova e a entrega de prémios poderão ter feito a sua última aparição, pelo menos a avaliar pelo grupo de provas a que as duas “Meias” (Lisboa e Portugal) passarão a pertencer já a partir de Setembro : Rock ‘n’ Roll Series. O CEO do grupo Competitor esteve hoje em Lisboa, até para avaliar as alterações a realizar na prova lisboeta, que poderá ter um crescimento exponencial no próximo ano. Sobre isso Carlos Móia nada disse...”Está tudo em grande segredo! Há-de sair um coelho da cartola e a mágina só acontecerá depois de tirar o coelho”, respondeu, depois do vereador Manuel Brito ter considerado feliz a ideia do Maratona Clube de Portugal de não deixar o evento estagnar : ”Carlos Móia tem sempre um coelho na cartola e dará uma volta à Organização”.
RESULTADOS
Masculinos :
1. Zersenay Tadese (Eritreia) – 59.34
2. John Mwangangi (Quénia) – 1:00.44
3. Lucas Rotich (Quénia) – 1:01.00
4. Rui Silva (Portugal) – 1:02.40
5. Gilbert Masai (Quénia) – 1:02.40
6. Titus Masai (Quénia) – 1:03.07
7. Dickson Marwa (Tanzânia) – 1:03.09
8. Yared Asmeron (Eritreia) – 1:03.43
9. Manuel Damião (Portugal) – 1:03.56
10. Sammy Kigen (Quénia) – 1:04.11
Femininos :
1. Shalane Flanagan (EUA) – 1:08.52
2. Diana Chepkemoi (Quénia) – 1:09.08
3. Margaret Muriuki (Quénia) – 1:09.21
4. Peninah Arusei (Quénia) – 1:10.24
5. Jelena Prokopcuka (Letónia) – 1:10.37
6. Rita Jetpoo (Quénia) – 1:10.50
7. Dulce Félix (Portugal) – 1:11.18
8. Alice Mogire (Quénia) – 1:11.24
9. Lornah Kiplagat (Holanda) – 1:12.19
10. Nadia Ejaffini (Itália) – 1:12.41
Masculinos (Cad. Rodas):
1. David Weir (Grã-Bretanha) – 43.41 Recorde do Mundo
2. Roger Puigbo (Espanha) – 44.50
3. Heinz Frei (Suiça) – 44.51
Femininos (Cad. Rodas) :
1. Manuel Schar (Suiça) – 55.24
2. Sandra Hager (Suiça) – 58.46
3. Patricia Keller (Suiça) – 1:01.18
Chegada da portuguesa Dulce Félix, na Meia-Maratona
Rui Silva demonstrou um bom momento de forma
Sérgio Dias voltou a vencer a Mini-Maratona, com a vitória feminina a pertencer a Sandra Teixeira
Enviados Especiais : Edgar Barreira (texto) e Joana Oliveira (foto)
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