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Marchadora não compreende decisão e atitude do seleccionador.
Desde a "raíz" que estragou a época da marchadora, à forma da comunicação da convocatória para o Europeu, Susana Feitor não poupou críticas, factos com que José Barros discorda.
Foi numa posição oficial tomada pela marchadora portuguesa no seu blog que expressou a sua tristeza por ter sido afastada de mais uma presença do Europeu de Ar Livre, depois de ter sido convocada Ana Cabecinha. A marchadora algarvia acabou por tirar vantagem dos critérios de selecção, enquanto que Susana Feitor pode-se queixar do azar de ter caído numa raíz de uma árvore, sendo obrigada a parar e, portanto, obrigada a recuperar da sua forma, falhando objectivos nos critérios de selecção.
A RAÍZ QUE "TRAMOU" SUSANA FEITOR E A IMPOTÊNCIA DE CUMPRIR OBJECTIVOS
Susana Feitor, refeita de desilusões passadas e em busca de uma boa participação no próximo Europeu de Ar Livre, com a boa recordação da participação no seu décimo Mundial de Atletismo em Agosto passado, em que foi 10ª classificada, preparava a sua época com cuidado e afinco. Na sua preparação de Inverno, num treino em Monsanto (Lisboa) tropeçou na raíz de uma árvore e fracturou o toquíter esquerdo (braço/ombro). Este facto obrigou a marchadora com mais história em Portugal, a uma paragem forçada, em vésperas do Nacional de Marcha em Estrada, e um regresso ao seu ritmo com treinos adaptados e não previstos na sua época. "Este acidente colocou logo de lado a minha participação no Campeonato de Portugal de marcha em estrada em Olhão a 21 de Fevereiro e deixou muitas reservas em relação à participação no GP Rio Maior a 10 de Abril, que veio a verificar-se, uma vez que a recuperação foi muito demorada e a retoma ao treino regular tardou."
As dúvidas da portuguesa numa boa participação na Taça do Mundo estava assim comprometida e um dos objectivos da época poderia ficar por terra...e acabou mesmo por ficar.
OS CRITÉRIOS DE SELECÇÃO QUE PUSERAM SUSANA FORA DE BARCELONA
A Federação Portuguesa de Atletismo, estrutura onde Susana Feitor também marca presença, definiu no início da época que os principais momentos de observação seriam o Campeonato Nacional de Estrada, o Grande Prémio de Rio Maior e a Taça do Mundo de Marcha, dando-se a pré-convocatória até duas marchadoras logo após a Taça do Mundo, sendo a lista final dos pré-convocados divulgada a 21 de Maio, após a disputa do Grande Prémio da Corunha, com um máximo de três marcadoras, medida imposta pela Associação Europeia de Atletismo.
Susana Feitor falhou as presenças no Campeonato Nacional de Estrada e no Grande Prémio de Rio Maior, devido à lesão, tendo ido para estágio de altitude em vésperas da Taça do Mundo de Marcha, curiosamente também na companhia daquela que viria a ser a atleta convocada, Ana Cabecinha. Na Taça do Mundo, Vera Santos (2ª) e Inês Henriques (3ª) deram motivos de pré-convocatória ao seleccionador nacional, mas segundo o mesmo, Ana Cabecinha esteve perto de ser escolhida logo na primeira pré-convocatória, não fosse a prestação de alto nível de Inês Henriques: "Em Maio tivemos dificuldade em escolher entre a Inês Henriques e a Ana Cabecinha. A Ana Cabecinha mostrou ao longo de todo o ano que está bem...", completou José Barros. Nesta prova Ana Cabecinha classificou-se em 8º lugar, ao passo que Susana Feitor completou em 16º lugar, naquilo que a marchadora considerou um sacrifício necessário, mesmo não estando em forma : "Apesar de ter a real noção do meu atraso de forma, nem me passou pela cabeça colocar em causa o sacrifico pela selecção na taça do mundo, pois sabia que se recusasse (mesmo com justa causa) a participação nesta competição colectiva, as possibilidades da nossa equipa em subir ao pódio seriam diminuídas."
Estavam assim falhados os três objectivos impostos pelos critérios, mas Susana Feitor "agarrou-se" a um outro critério, que dizia :"O histórico de resultados obtidos representando a Selecção Nacional em competições internacionais de alto nível, durante o período
considerado para cada uma das distâncias". Por isso mesmo, participou em Cracóvia numa prova com 10 Km e mais tarde no Grande Prémio da Corunha, uma das mais competitivas competições do Challenge Mundial, com 20 Km, onde podia ter uma luta directa com Ana Cabecinha na disputa pelo lugar que sobrava da pré-convocatória (Vera Santos e Inês Henriques já haviam conquistado esse estatuto). Susana Feitor concluiu esta competição com o tempo de 1:30.47 hora, a terceira melhor atleta nacional do ano, 27 segundos mais rápida que a marca obtida por Ana Cabecinha na distância e com Ana Cabecinha a desistir da prova, alegadamente por indisposição. "Até parece ironia, dado que a atleta que desiste é que foi pré-seleccionada, quando a adversária mais directa termina com melhor marca que a sua! No meu ponto de vista a competição na Corunha, dado que estava dentro do prazo definido pelos critérios, deveria ter tido peso nas contas da pré-selecção. Ou não?", escreveu Susana Feitor.
"Se nós levássemos apenas em linha de conta a prova da Corunha, teríamos o risco dos marchadores apenas apostarem na Corunha no próximo ano", considerou José Barros em reacção a esta dúvida de Susana Feitor, acrescentando que "a Corunha pouco me iria interessar, porque estavam todas bem".
A IDA PARA ESTÁGIO E O CONHECIMENTO DA CONVOCATÓRIA...COM A SMS DE UM AMIGO
Susana Feitor partiu para estágio a dia 22 de Maio, sem conhecer a pré-convocatória, que estava agendada para o dia 21 de Maio. Segundo José Barros, o atraso na divulgação da convocatória apenas ocorreu devido à viagem que a selecção fazia de Budapeste para Portugal, pelo que só foi divulgada ao final do dia 22, já Susana Feitor havia partido para estágio em St. Moritz (Suíça). "No dia 23 de manhã, já em St. Moritz, quando acordo e ligo o telemóvel recebo uma sms, enviado por um amigo, a dizer que ao final da noite tinha sido anunciada no site da FPA a 3ª atleta pré-seleccionada para Barcelona!", escreveu Susana Feitor, que considerou ter ficado primeiro espantada e depois triste, com a não convocatória para o Europeu de Ar Livre. Mas considerou possuir "mágoa e desilusão" pela indiferença à sua lesão e mais ainda devido ao facto de não ter tido uma palavra do seleccionador nacional: "depois de tantos anos a defender as cores do atletismo e de Portugal, acho que merecia um pouco mais que um gélido comunicado online...".
Para José Barros esta é uma questão especial, já que possui o hábito de "dar as más notícias", embora sem grandes comentários quanto a este caso: "Eu sei os motivos porque neste caso não o pude fazer...", escusando-se a mais comentários sobre o assunto.
O ESTÁGIO PARA AINDA TENTAR SEGURAR A ALTA COMPETIÇÃO
Apesar de toda a tristeza e sentindo-se nesta altura da época mais forte que para Osaka (2007) ou Berlim (2009), Susana Feitor decidiu continuar a sua época e apostar numa presença nos Campeonatos de Portugal de Ar Livre, após vinda do estágio, numa competição de 20 Km durante o Verão e na presença na Final do Challenge Mundial de Marcha. O objectivo será "manter presença no projecto olímpico Londres 2012", afastando assim o cenário do término da carreira para já, mantendo acesa a possível presença no Mundial de Ar Livre do próximo ano e, quem sabe, terminar a sua carreira nos Jogos Olímpicos de 2012, em Londres.
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Agora? Agora toca a treinar para a próxima época, mas é treinar a época inteira e não só meia duzia de meses.
Bons treinos