Nacionais de Clubes : uma proposta alternativa

Sexta, 19 Fevereiro 2010
As recentes polémicas com a utilização de atletas estrangeiras em Nacionais de Clubes, que deram a vitória na prova femina ao Futebol Clube do Porto, voltaram a abrir uma ferida entre os que discordam das regras.

Estafeta SCP

“Em 2007 a FPA recebeu uma carta da Secretaria de Estado do Desporto, informando que os regulamentos da modalidade teriam que ser adaptados às normas comunitárias, o que implicaria conceder aos cidadãos com nacionalidade de qualquer país do espaço comunitário os mesmos direitos que concede aos atletas nascidos em Portugal. Caso a FPA não fizesse esta adaptação, que incluía ainda conceder os referidos direitos aos atletas nascidos em países com os quais Portugal tem acordos de reciprocidade, era-lhe retirado o Estatuto de Utilidade Pública Desportiva, na prática isto significaria entre outras coisas que a FPA não poderia organizar Campeonatos Nacionais, atribuir títulos de campeão de Portugal, representar o país em Campeonatos Internacionais, deixaria de receber financiamento público, etc. E essa adaptação foi feita, com a excepção da atribuição do título de campeão nacional individual, o que permite que qualquer atleta estrangeiro possa ir a uma final de um Campeonato Nacional, não podendo subir ao pódio.”, esclareceu António Costa, funcionário da Federação Portuguesa de Atletismo, numa discussão de uma notícia recente do Atleta-Digital.

Posta esta questão diria que é altura de tentarmos tirar partido, pelo menos, da presença dos atletas estrangeiros em Portugal. Eles de facto permitem uma maior competitividade aos campeonatos e recentemente Naide Gomes mostrou-se satisfeita com esse facto, quando teve de bater-se de igual para igual com Ineta Radevica. O problema está no eventual desinvestimento que possa existir na formação de um grande clube, que prefere a contratação de atletas estrangeiros (ou até nacionais) para colmatar eventuais falhas na equipa. Na verdade existe quase uma conduta de bom senso e que tem permitido que a formação continue nos três grandes clubes portugueses (Sporting, Benfica e Porto), apesar de ser discutível a forma como se faz a formação. Será formar a mera contratação de um jovem atleta para os quadros de um grande clube, treinando ele nas mesmas condições, num núcleo de treino afastado do clube?!

O que os clubes compradores de atletas estrangeiros têm concretizado, é a presença dos atletas da formação nas provas de Apuramento para a final do Nacional de Clubes, que se realiza num só fim-de-semana e, por isso, propício a que existam contratações apenas para uma ou duas competições por época. Sendo que a FPA não pode impedir a presença destes atletas, mesmo que só por uma prova, uma das possibilidades para tentar motivar os clubes a investirem em “produto nacional”, com eventuais investimentos fora de portas, retirando daí o melhor dos dois mundos, seria, sem dúvida, a mudança do modelo competitivo dos Nacionais de Clubes.

Uma das propostas, que já tive oportunidade de lançar há alguns anos na extinta Revista Atletas, consistia na divisão dos Nacionais de Clubes por jornadas em diferentes fins-de-semana. Este é um modelo que traz inconvenientes económicos às equipas (que seriam obrigadas a fazer mais deslocações com os seus atletas), aos inconvenientes económicos da FPA (que teria de organizar mais eventos) e até ao nível da gestão do treino e dos picos de forma dos atletas. Daqui poder-se-ia evoluir o pensamento para Nacionais de Clubes, como no caso da Pista Coberta, que usariam as já existentes Taças FPA como jornadas do Nacional de Clubes. Isto não combateria a presença de estrangeiros (a não ser que se fizesse disputar uma final além destas provas, como é agora disputada) e traria alguns problemas de subida e descida de divisões (um clube que desinvestisse do atletismo e estivesse na 1ª divisão, tornaria a 1ª divisão desinteressante).

Lanço por isso uma proposta alternativa e que consistia na disputa de um Regional de Clubes em todas as Associações Regionais, um Apuramento para a final do Nacional de Clubes e respectiva final. O esquema de disputa seria o seguinte:

- Todos os clubes que estivessem interessados em disputar o Apuramento para Final do Nacional de Clubes tinham obrigatoriedade de participação no Regional de Clubes, tendo que constar entre os 40 melhores clubes masculinos e os 30 melhores femininos (um mero exemplo), a nível nacional, para poderem disputar o Apuramento.

- A distribuição dos clubes pelas divisões nacionais existentes (1ª, 2ª e 3ª divisões), proceder-se-ia da mesma forma, no Apuramento para a final do Nacional de Clubes, bem como a ordem das classificações colectivas.

- Os clubes só poderiam usar atletas na final, que tivessem disputado pelo menos uma das anteriores provas (ou o Apuramento ou o Regional).

Esta ideia é uma simplificação de uma nova realidade e em termos de calendarização, poder-se-ia manter o esquema actual, com a inclusão do Regional de Clubes um ou dois fins-de-semana antes do Apuramento.

As vantagens deste modelo:

- Os clubes com maior expressão passariam a ser obrigados a participar numa competição regional de clubes, promovendo a participação de equipas que habitualmente não expressam vontade de participar no Apuramento para a final do Nacional de Clubes.

- Os clubes com maior expressão poderiam fazer rotação da sua equipa (quer com os melhores atletas, quer com os atletas de formação) numa das fases, permitindo que estes não acabassem marginalizados com a presença de atletas estrangeiros ou portugueses, contratados para a final do Nacional de Clubes.

- Seriam minizadas as transferências internacionais e promovidas as participações dos melhores atletas portugueses entre quatro e seis vezes por época, em solo nacional, no caso das equipas os usarem nos Nacionais de Clubes em Pista Coberta e em Ar Livre e ainda nos Campeonatos de Portugal de Pista Coberta e Ar Livre.

- O actual modelo não sofreria mudanças radicais, nem mudanças bruscas ao nível da calendarização anual, encaixando-se bem entre o calendário internacional e enriquecendo os calendários regionais.

Pódio colectivo

Por: Edgar Barreira

| Mais
Comentarios (4)add feed
... : Rui Silva
É importante que existam pessoas com vontade e espirito de mudança, mas todo este problema se consegue resumir numa frase bem simples e directa.

Em Portugal, o calendário de verão está nomeadamente bem preenchido e no que consta à época de inverno, é impossivel pensar em competições que não realizadas em Espinho ou Pombal, deitando por terra qualquer possibilidade de jornadas em diferentes pontos do país.


Fevereiro 19, 2010
Como estimular o desenvolvimento do atletismo português. : Teresinha Noronha
O Clube Campeão devia ser aquele que opteria maior pontuação.
A chave da solução é a forma de obtenção dos pontos.
Todas as competições devem servir para qualquer clube de acumular pontos ao longo da época e quanto mais atletas pontuar maior é a pontuação.
Há um pormenor muito importante, as marcas dos atletas devem ser traduzidos em pontos segundo a escala de IAFF.
smilies/grin.gifessa forma não necessita de organizar mais competição e quem investir em mais atletas de bom nível, maior a hipótese de ganhar.
Estimularia os clubes de investirem nos melhores atletas nacionais e em quantidade. Estimularia também os atletas de esforçar para obter melhores marcas ao longo da época.
Quanto à formação, antes de ser atletas, são pessoas, precisam de afectos e de apoios. O facto de optar por representar um clube, não pode ser obrigado de ficar longe da família. É cruel e desumano!
É prejudicial para o desenvolvimento de alguns atletas que precisam mais apoios da família que outros.
Se um atleta consegue ter bons resultados treinando perto da sua residência não vejo nenhuma razão de ele ter que sair. Basta o clube lhe der os apoios necessários, é uma forma mais eficaz de contribuir para a sua formação.
Fevereiro 19, 2010
Que futuro? : José Neves
É uma alternativa bastante válida. Algumas AARR queixam-se do desinteresse dos seus principais atletas em participarem nas suas competições. É uma realidade. Lisboa que o diga. É inadmissivel que atletas filiados numa AR, não efectuem aqui uma única competição durante a época na AR em que estão filiados. Assim, esta alternativa, seria em principio, uma proposta válida para combater esta anomalia.
Julho 22, 2010
Opinião : Diogo Costa
Esta alternativa é bastante válida. Mas, porque não o APUARENTO "A" onde a competição se disputava por zonas, Zona Norte, Zona Centro, Zona Sul, Madeira e Açores. Depois utilizava-se o metodo comum de classificação( juntam-se as marcas e atribuim-se pontos). Depois, por exemplo, as 40 primeiras equipas apuravam-se para o APURAMENTO "B" e voltavam a competir, nomeadamente por zonas na falta de equipas juntariam-se a outra zona e e as 24 melhores iam á final de clubes. Sendo que as marcas obtidas no Apuramento "A" eram válidas para o Apuramento "B"
Agosto 17, 2011
Escreva seu Comentario
quote
bold
italicize
underline
strike
url
image
quote
quote
Smiley
Smiley
Smiley
Smiley
Smiley
Smiley
Smiley
Smiley
Smiley
Smiley
Smiley
Smiley


Escreva os caracteres mostrados


 
< anterior   Seguinte >









facebook atleta-digital rss atleta-digital
 
SRV2