Há com cada uma - 1º Fenómeno

Sábado, 26 Dezembro 2009
Desde a última vez que escrevi neste espaço, ocorreram alguns “fenómenos” interessantes dignos de comentar. O primeiro acontecimento foi, sem surpresa, a bronca de Torres Vedras, sobre o qual não escrevi naquela altura para não ser mais um a “desconcentrar” as atletas antes do Europeu de Cross. Segundo acontecimento, a terrível organização do Grande Prémio de Natal. Por último, um acontecimento já estrutural e de difícil mutação – atletas em provas de estrada fim-de-semana sim, fim-de-semana sim.
Matos Velhos – Para mim, houve uma tentativa deliberada por parte das atletas de serem convocadas sem terem de correr nos crosses de observação em Portugal.

Ninguém sabe o que se passou nas suas cabeças pelo que tudo o que se pode fazer é especular, com cada um a construir a sua opinião com base no que viu e leu. Faltava um minuto para a partida quando deixei a zona de partida em direcção à primeira ponte (cerca de 200m), mas entretanto parei para trocar três palavrinhas com o João Almeida, ao qual se juntou um fotógrafo e um dos seleccionadores nacionais. Continuei o meu caminho e só ao passar a ponte é que ouvi o tiro de partida… Digam-me, não é um pouco complicado fazer 200 metros num 1 minuto a andar normalmente e ainda ter parado (no mínimo) durante trinta segundos? Eu acho e quem faz séries com intervalos de um minuto sabe bem quantos metros consegue andar nesse período de tempo. Logo, para mim é ponto assente que a partida foi dada depois da hora e não antes como as atletas mencionaram.

Mas aqui, eu nem as censuro porque, em princípio, cada um diz o que é verdade para si, se estivermos perante alguém íntegro. Se no relógio delas, ainda faltavam dois minutos para a partida, é verdade que para elas a partida foi antes da hora. Daí que, para mim, a questão da hora nem seja o pior (mas não se espera pelo último minuto para se apresentar na zona de partida, o que toda a gente consideraria um erro); o pior mesmo foi as atitudes das atletas em dois momentos.

1. Logo após falharem a partida, prestaram declarações a dizer que não iam ao Cross de Oeiras porque se iam lesionar, ou porque tinham de ir correr a Espanha… Ridículo porque nos anos anteriores foram a Oeiras, ganhando lugares na selecção nacional e estiveram sempre nos Europeus. Em 2008, ano em que as atletas foram 2ª e 3ª no Europeu, ficarem em 2ª e 1ª em Oeiras, respectivamente. Além disso, os atletas portugueses sabem que têm 3 provas para mostrar a sua forma (uma janela bastante grande o que faz os portugueses serem sortudos. É só perceber o que são os Trials norte-americanos com competição a sério…).

Em todo o momento, só me surgia algo na mente: Será que a aversão a Oeiras não se deve ao clube que organiza tal Cross e que elas deixaram de representar, não muito amigavelmente?

2. “Não percebo porque tenho de passar por este tipo de selecção, atendendo ao meu palmarés?”. Nunca esperei ler isto de quem veio… Gostaria que todos reflectissem sobre esta frase porque não pode ter vindo de quem veio. Não é um bom exemplo de um bom desportista. Recomendo que conheçam um dos hinos mais belos do próprio Comité Olímpico Internacional: "O meu adversário não é meu inimigo. A sua resistência dá-me força, a sua força de vontade dá-me coragem, a sua determinação enobrece-me. Embora eu deseje derrotá-lo, se eu não o vencer, não vou humilhá-lo. Pelo contrário, vou homenageá-lo porque sem ele eu sou um ser menor…”. Com efeito, só são quem são porque têm adversárias. O que vale um primeiro se não há segundo e terceiro? E se existem critérios definidos pela organização máxima de atletismo a nível nacional, querer furá-los é demonstrar desrespeito pela própria Federação e, sobretudo, pelas adversárias. Volto a afirmar que têm muita sorte porque cá em Portugal não existe uma imensa quantidade de atletas de topo como nos EUA, Quénia ou Etiópia porque de certo que lá não dizem coisas deste tipo. Até o Usain Bolt disputa Trials…

Fiquei aliviado quando vi as atletas em questão aquecerem no Jamor para o Cross de Oeiras. Voltaram atrás nas suas palavras e ainda bem. É que não podia ser de outra forma para poderem estar no Europeu de Dublin. Louvo sinceramente o trabalho do seleccionador nacional longe dos “holofotes” pois falou unicamente uma vez à comunicação social dizendo que se as atletas não fossem realmente a Oeiras, “à luz dos critérios fixados” não poderiam ser seleccionadas. Tenho a certeza que a sua actuação não ficou por ali e sinto que o seleccionador nacional, José Barros, teve bastante importância na participação das atletas em Oeiras porque, de facto, seriam atletas importantes para uma possível renovação do título europeu colectivo.

E agora sabemos a história: As atletas foram seleccionadas para o Europeu graças aos 1º e 2º lugares em Oeiras, e com os 4º e 5º lugares ajudaram a equipa nacional a conquistar mais um título colectivo.

Mas, pensem por um minuto, a história podia ter sido bem diferente…

| Mais
Comentarios (1)add feed
... : pc28..
Estrelas!
Janeiro 06, 2010
Escreva seu Comentario
quote
bold
italicize
underline
strike
url
image
quote
quote
Smiley
Smiley
Smiley
Smiley
Smiley
Smiley
Smiley
Smiley
Smiley
Smiley
Smiley
Smiley


Escreva os caracteres mostrados


 
< anterior   Seguinte >









facebook atleta-digital rss atleta-digital
 
SRV2