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Leonor Tavares, Paulo Conceição e Samuel Remédios chegaram a recordes nacionais.
O segundo dia do Campeonato de Portugal acabou com mais frutos que o dia de ontem e daqui saiu uma marca de referência para o Mundial de pista coberta.
O primeiro dia do Campeonato de Portugal tinha tido maior força no setor feminino do que no setor masculino e, apesar de tudo, o cenário inverteu-se hoje ao segundo dia, isto claro, na comparação com 2013. Não é de excluir uma marca de referência obtida para o Mundial deste ano, nem dois recordes sub-23 (salto em altura e heptatlo). Mas como contrabalançar o recorde de Portugal de Leonor Tavares ou dois recordes de campeonatos, no setor feminino?
MARCO FORTES MARCOU SOPOT NA AGENDA. PAULO CONCEIÇÃO E SAMUEL REMÉDIOS ALCANÇARAM RECORDES SUB-23
Falar hoje do Campeonato de Portugal de pista coberta, passa por falar em Marco Fortes (Benfica). O lançador de peso reencontrou hoje o seu momento e esteve bem acima dos 20 metros, com 20.41 metros expressivos, confirmados com outra marca acima das duas dezenas de metros (20.32 m). Deixou tudo para os dois últimos ensaios e os 20.41 metros que obteve foram afinal mais que suficientes para garantir a presença no Mundial de pista coberta. ”Já não era sem tempo. Tenho tido alguns problemas pelo caminho, os timings ainda não estão certos, mas já foi um bom teste, já houve boas sensações”, disse Fortes hoje, no final da prova, considerando que irá agora colocar todo o foco no trabalho a efetuar ao longo das próximas semanas. Foi a 13ª vitória nesta competição e a segunda melhor marca de sempre em Campeonato de Portugal.
Outra prova emocionante foi a do salto em altura, onde Tiago Boucela (Sporting) parecia ser a grande surpresa do dia, já que chegou ao recorde pessoal de 2.12 metros, à frente do colega de equipa Roman Gulyi (2.07 metros), o que levanta a dúvida de qual dos dois representará o Sporting na próxima semana. Mas, seria Paulo Conceição (Benfica) a tirar parte do brilho ao atleta leonino, com um novo recorde nacional sub-23, ao chegar a 2.16 metros. A capacidade de sofrimento do atleta foi levada ao limite, depois de passar 2.14 e 2.16 metros à terceira tentativa, uma vitória que foi afinal mais do que capacidade. ”Foi uma prova tática”, admite o benfiquista, que prescindiu das alturas a 2.07 e 2.12 metros. “Normalmente aqueço mal, mas hoje estava com aquela sensação de leveza. Durante a prova foi controlar os nervos, manter-me calmo, completou o saltador.

Não houve mais melhorias de marcas relativamente a 2013, mas nos 60 metros barreiras o atleta Rasul Dabó (Benfica) transformou aquilo que poderia ser um mero passeio para a vitória, na segunda melhor marca de sempre em Campeonatos de Portugal, com 7,79 segundos. A marca ficaria a cinco centésimos da marca de referência para o Mundial de pista coberta, mas o atleta demonstrou estar num bom momento de forma.
No triplo salto o destaque vai para Marcos Caldeira (Benfica), que chegou às cinco vitórias na prova, igualando o topo de vitórias, na mão dos históricos José Leitão e Carlos Calado. Mas hoje a vitória foi por centímetros, onde os 15.60 metros afinal só superaram por três centímetros a marca de Ricardo Jaquité (Sporting), o que parece prometer um bom duelo para o Nacional de Clubes, dentro de uma semana, já que Tiago Pereira (Benfica), hoje terceiro com 15.51 metros, chegou a ameaçar os dois favoritos.
No que restou da jornada de hoje, Victor Santos (Benfica) arrecadou a sua segunda vitória nesta edição, com vitória apertada sobre o vencedor dos dois anos anteriores, Arnaldo Abrantes. Santos concluiu a volta única à pista em 21,62 segundos, seis centésimos mais rápido que o seu companheiro de equipa, que conjuntamente com o sportinguista Carlos Nascimento (21,95) foram os únicos abaixo dos 22 segundos hoje. Nos 800 metros João Brás (Sporting) repetiu a vitória de 2013, hoje sempre a puxar na frente da corrida, sem deixar Miguel Moreira (Benfica) lhe retirar o sabor da vitória, com 1.51,96 minuto. Hugo Almeida (São João da Madeira) seria uma interessante surpresa nos 3000 metros, batendo Emanuel Rolim (Benfica), depois de algumas voltas isolado na frente. O atleta faria 8.16,98 minutos e acabaria em lágrimas, pelo fruto do seu trabalho. “Estou extremamente feliz por ser campeão nacional, pela primeira vez”, disse o atleta que treina na terra batida da localidade da Branca, no distrito de Aveiro. Rolim chegou à meta com o tempo de 8.17,18 minutos. A estafeta sub-23 do Benfica de 4x200 metros acabaria por vencer, com 1.30,46 minuto.

Para o final estava reservado o fim do Heptatlo, depois de dois dias de competições. E aqui Samuel Remédios (GA Fátima) fez aquilo que era preciso para colocar o fim ao recorde sub-23 de Mário Aníbal, que tinha feito 20 anos há alguns dias. Remédios concluiu o Heptatlo com 5553 pontos, mais 13 do que a anterior marca de Mário Aníbal, hoje presente na pista. ” O objetivo era o recorde nacional”, assumiu o atleta, que no dia de ontem quase deitou tudo a perder, ao perder 170 pontos por não ter chegado a melhor desempenho no lançamento do peso. Mas hoje os 4.95 metros, novo recorde pessoal do atleta, no salto com vara, acabariam por compensar a sua prestação. ” Só comecei a fazer salto com vara no segundo ano de júnior e tenho tido uma boa margem de progressão”, esclareceu o atleta que não perde de vista a ideia de carreira de chegar ao recorde de Portugal em pista coberta: ” O recorde de pista coberta até acho que é bastante acessível. Na pista coberta eu sou muito mais rápido e é apenas um lançamento”.
LEONOR TAVARES FOI SUPREMA AO BATER RECORDE DE PORTUGAL
Três recordes de campeonatos foram batidos no dia de hoje, mas a marca que acabaria por mais se destacar seriam os 4.44 metros de Leonor Tavares, desta vez a competir como atleta individual, sem clube em Portugal. O seu concurso foi estranhamente regular, passando a 4.15 e 4.25 metros à primeira tentativa, numa altura onde Marta Onofre (Sporting) tinha ficado pelo caminho, com 3.75 metros, tal como Cátia Pereira (JOMA), que falhou logo três tentativas a 3.55 metros. A partir dai a maior dificuldade acabaria por ser passar os 4.35 metros, só à terceira tentativa, obtendo depois à primeira os 4.44 metros, novo recorde de Portugal de pista coberta. ” É uma boa marca para me dar confiança e força para continuar”, disse a atleta no final, agora que treina com um novo treinador em França, onde para a semana fará os campeonatos nacionais. Quanto a objetivos...”O objetivo é sempre igual, entrar na final de um Campeonato da Europa ou do Mundo”. A atleta não ambiciona Sopot, até porque 4.71 metros não são para qualquer atleta...
Entre os recordes de campeonatos, destacam-se as provas de 60 metros barreiras e de triplo salto. Nos 60 metros barreiras foi Eva Vital (Benfica) a fazer novamente uma marca que confirma o seu momento de forma: 8,16 segundos. A atleta, ainda sub-23, obteve a quinta vitória em Campeonato de Portugal de pista coberta e estava naturalmente feliz, ao bater um recorde que era de Isabel Abrantes. A ex-recordista sub-23 pode muito bem ver o seu recorde absoluto (8,08), datado de 2001, derrubado, pelo menos a avaliar pela vontade de Eva Vital: ” Eu gostava de baixar esse recorde ainda este ano e estou confiante que posso conseguir. Seria melhor que fosse no Mundial”. E pelos vistos é também Isabel Abrantes a fazer igual aposta, com Eva a confessar que a ex-atleta tem ajudado nessa busca.

Hoje, por outro lado, Patrícia Mamona (Sporting) voltou a subir uns centímetros ao seu melhor do ano no triplo salto. A atleta leonina chegou aos 13.94 metros, a mesma marca que em 2012 a levou à vitória, o que lhe permitiu igualar o recorde dos campeonatos. O seu concurso acabaria por ser muito regular nas marcas válidas, variando entre 13.81 e 13.94 metros, mas para já ainda distanciada dos 14.25 metros que lhe permitiriam chegar ao Mundial de pista coberta. A atleta terá a possibilidade de o tentar na próxima semana, no Nacional de Clubes, onde deverá ter a oposição próxima de Susana Costa (Benfica), hoje segunda classificada com 13.69 metros.
A melhorar a marca de 2013 nesta prova, Marta Pen (Benfica) esteve hoje em pista para arrecadar a segunda vitória da edição deste ano do Campeonato de Portugal, nos 800 metros. A atleta correu nitidamente para a melhor marca possível e acabaria por ter sucesso, ao correr em 2.07,76 minutos. ” A nível desportivo tenho conseguido superar-me e atingir os meus objetivos. O melhor estará para vir. Ambiciono muito estar no Europeu de séniores e estou a trabalhar em direção a isso”, disse a atleta no final, ponderando uma carreira mais dedicada na próxima temporada, face ao seu sucesso desportivo.

Nas restantes provas, Tânia Duarte (Benfica) renovou o título na prova dos 200 metros, mas desta vez mais lenta, com 24,99 segundos, enquanto que nos 3000 metros a sportinguista Catarina Ribeiro acabou por se estrear nas vitórias de Campeonato de Portugal de pista coberta, correndo a distância em 9.31,01 minutos, pouco mais de dois segundos mais rápida que Ana Mafalda Ferreira (GD Estreito). Já no Pentatlo a vitória foi de Cláudia Rodrigues (Senhora do Desterro), com 3733 pontos, apesar da são-tomense Lecabela Quaresma (JOMA) ficar com maior número de pontos (3909 pontos), num evento onde Rafaela Vitorino (Benfica) acabou por não finalizar. Os 4x200 metros destinados ao escalão de sub-23 também tiveram domínio do Sporting, com a sua equipa a terminar em 1.47,69 minuto.
CAMPEÕES NACIONAIS (dia 2):
Masculinos:
200 – Victor Santos (SL Benfica) – 21,62
800 – João Brás (Sporting CP) – 1.51,96
3000 – Hugo Almeida (CC São João da Madeira) - 8.16,98
60 m Barr – Rasul Dabó (SL Benfica) – 7,79
Altura – Paulo Conceição (SL Benfica) – 2.16
Triplo – Marcos Caldeira (SL Benfica) – 15.60
Peso – Marco Fortes (SL Benfica) – 20.41
Heptatlo – Samuel Remédios (GA Fátima) - 5553
4x200 (S23) – SL Benfica – 1.30,46
Femininos:
200 – Tânia Duarte (SL Benfica) – 24,99
800 – Marta Pen (SL Benfica) – 2.07,76
3000 – Catarina Ribeiro (Sporting CP) – 9.31,01
60 m Barr – Eva Vital (SL Benfica) – 8,16
Vara – Leonor Tavares (Individual) – 4.44
Triplo – Patrícia Mamona (Sporting CP) – 13.94
Pentatlo – Cláudia Rodrigues (ACR Senhora do Desterro) - 3733
4x200 (S23) – Sporting CP – 1.47,69





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Enviado Especial: Edgar Barreira (texto e fotos)
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