A trilhar em Miranda do Corvo

Domingo, 26 Janeiro 2014
A trilhar em Miranda do Corvo

Trilhos dos Abutres foram um sucesso.

Disputou-se no dia de ontem mais uma edição dos Trilhos dos Abutres, uma das mais respeitadas provas de Trail disputadas em Portugal. 

Beleza natural ou dureza, paisagens ou natureza…Muitos serão os motivos que fazem participantes de trail subirem serra acima, de pose altiva ou de gatas. Mais do que suados, todos chegam sujos de terra, a camuflagem que melhor se confunde com a paisagem, mas uma camuflagem que nenhum dos participantes usou na partida para mais um traçado duro.

Mas a prova começa no dia anterior, com uma receção pomposa dos atletas num pavilhão cheio de condições para receber todos. A associação abútrica recebe todos de sorriso aberto, prestável e cheio de vontade de ver aqueles seres humanos em ação. Todos antecipam o momento da corrida, mas outros preferem relembrar histórias do antigamente e todos percebem a dificuldade que é estar no nascer do sol já equipado a preceito.

Os restaurantes encheram-se e a Chanfana, que pertence a esta capital gastronómica, é o prato mais pedido. À mesa surgem grande potes de Chanfana para que ninguém saia de Miranda do Corvo sem saber o que é uma Chanfana realmente tradicional…

O momento da partida ocorreu para uns (Ultra – 47 quilómetros) e depois para outros (23 quilómetros) e depois ainda para aqueles que vieram à serra para caminhar e apreciar a paisagem. No total perto de um milhar de corredores de montanha, ou de trail, como hoje em dia é dito de forma mais comum. E é por isso que a pastelaria de uma localidade vizinha já nem fiambre tinha para as sandes, tanta foi a afluência de amigos e familiares para verem os seus próximos com cara de sofrimento e sujos, muito sujos…

Alguns abastecimentos nas costas e muitos abastecimentos serra acima e serra abaixo, da marmelada à banana, da bebida energética à água, da torrada às batatas fritas e até uma Mini para acompanhar. Uns caíram pelo meio, outros tiveram de ser evacuados pela corporação de bombeiros local, que até simulacro fez antes do evento. Estiveram preparados para qualquer situação eventualmente catastrófica – felizmente para lá de umas sequelas e de muitos músculos torcidos, nada de realmente grave aconteceu e o que aconteceu, foi aparentemente resolvido…” Na segurança nós somos muito exigentes. Tinhamos 4 corporações no terreno, num total de 50 bombeiros.É de salientar o trabalho de excelência dos bombeiros e dos 150 voluntários”, disse ao Atleta-Digital um dos organizadores, Tiago Araújo.

Voluntarios

Quem vem a Miranda do Corvo, só pode vir porque quer mesmo. Disso é prova o esgotar das inscrições em cerca de 20 dias, para um total aproximado de um milhar de inscritos. A segunda vaga de inscrições extra, apenas uma centena no total, acabaria por esgotar em 20 minutos. O evento mostrou ser especial e à altura da euforia provocada na comunidade. ”É uma prova de referência a nível nacional. O objetivo é cada vez atrair mais estrangeiros”, diz-nos Tiago Araújo, confirmando a presença de 60 atletas estrangeiros, 40 deles espanhóis.

Para além disso aqui disputava-se um ponto para o Ultra-Trail du Mont Blanc, um ponto que é de honra, mas que é honroso para a Organização que preparou tudo ao máximo pormenor, respeitando o preço da inscrição, bem acima do que se pratica nos habituais eventos de estrada…” Começámos a preparar a prova há 8 meses, mas é praticamente um ano de trabalho”, confirma Tiago Araújo, confiante na publicidade transmitida de boca em boca: ” A publicidade que é feita pelos atletas é que faz desta prova o que ela é”.

Falar do que foi a competição em termos de resultado final acaba, por isso, por ser acessório. Na prova dos 47 quilómetros a vitória pertenceu a Nuno Silva (Desnível Positivo) que percorreu a distância em 4:44.01 horas, com mais de quatro minutos de vantagem sobre André Rodrigues (Juventude Vidigalense). Da mesma equipa do vencedor, Ester Alves acabaria por vencer a prova feminina, com 6:36.58 horas, mais de dez minutos à frente da sua colega de equipa Susana Simões. Nos 23 quilómetros, vitória de Diogo Fernandes (OFFtel Runners), com 2:36.02 horas, no setor masculino, enquanto que no setor feminino a vencedora foi Patrícia Serafim (OSC/IPA), com 3:12.30 horas. Destaque ainda para a presença de Analice Silva na prova dos 47 quilómetros, ela que já habitual participante do evento e que no ano passado esteve na mítica Maratona das Areias.

Todos chegaram a casa pela noite, uns com mais ou menos quilómetros feitos na viatura que os trouxe a Miranda do Corvo. Por certo, a avaliar pelos sorrisos satisfeitos, mas sofridos, da quase totalidade dos atletas, estaremos a falar de uma chegada ao colchão e de um sono profundo para um domingo que antecede o dia de trabalho. Por certo muitos acabarão por chegar aos empregos com aquele andar diferente do habitual, mas assim ficam todos com um motivo para explicar o que fizeram no fim-de-semana. Afinal queimaram milhares de calorias…

Podio

Enviado Especial: Edgar Barreira (texto). Fotos dos organizadores

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