«Quero preparar Londres como nunca preparei, no meu melhor mesmo»
A maratonista portuguesa saiu recentemente valorizada no mercado japonês das Maratonas e a atleta já pensa no regresso...sem esquecer a maternidade.
A carreira de Jéssica Augusto começou como a de tantos outros, no Desporto Escolar. Tudo daí para a frente será uma dose de capacidade, de sofrimento e dedicação. Esta será a linguagem que mais aproximadamente um atleta se habitua a pensar e a conversar com os seus próximos. Se Jéssica Augusto for uma mistura destes argumentos, acreditemos que há tantos outros que colocam a atleta como a mais rápida maratonista portuguesa da atualidade. Aliás, só há na história uma atleta que chegou a uma marca superior: Rosa Mota. E falar de Rosa Mota não é nunca de ânimo leve, porque além de recordista nacional (2:23.29 horas, em Chicago, no ano de 1985) e de campeão olímpica, a atleta foi em 2012 distinguida pela AIMS como a melhor maratonista de sempre.
Atleta-Digital: Gostavas que um dia fosses relembrada como a Rosa Mota o é no Japão?
Jéssica Augusto: Gostava, mas a Rosa Mota foi considerada a melhor maratonista de todos os tempos e ela começou a ganhar as Maratonas cedo. Eu já tenho 32 anos. Ela começou a conquistar o público muito cedo. Ainda vou a tempo, mas é mais difícil.
E o dado remete para a comparação das carreiras. Rosa Mota iniciou-se na Maratona aos 24 anos de idade, enquanto Jéssica Augusto gozava os seus 29 anos. Mas com 29 anos Jéssica Augusto fez a melhor estreia de sempre de uma portuguesa em Maratonas, com 2:24.32 horas, em Londres, naquele que é o seu recorde pessoal, depois de quatro Maratonas terminadas, das seis realizadas. E Londres confirma aquilo que é um dado adquirido: é a cidade-talismã de Jéssica Augusto. As suas três melhores marcas da carreira, abaixo das 2:26 horas, foram todas produzidas em Londres, uma delas nos Jogos Olímpicos de 2012, onde foi sétima classificada. Apesar da desistência na prova comercial, em 2013, a Organização voltou a apostar na portuguesa para 2014 e Jéssica Augusto promete o maior dos slogans para um eventual sucesso: ” Quero preparar Londres como nunca preparei, no meu melhor mesmo”.
A época de Jéssica Augusto está ainda num estado inicial, mas desde logo com uma excelente passagem pelo Japão, em Yokohama, onde replicou o que Marisa Barros fez em 2011 e 2012, o terceiro lugar. Esta foi a sua melhor participação em grandes Maratonas internacionais, atendendo à classificação. Nessa prova o historial inclui os nomes de Rosa Mota (1986) e Aurora Cunha (1988) como vencedoras. No histórico das grandes maratonistas portuguesas de sempre, Rita Borralho (4), Conceição Ferreira (4), Manuela Machado (5), Rosa Mota (6) e Aurora Cunha (7) foram as que mais competiram no Este asiático. E particularmente Jéssica Augusto constatou de que fama Rosa Mota goza no Japão, quando em novembro passado esteve em Yokohama: ”lá na conferência de imprensa falei dela e era uma sala cheia de jornalistas . Mal falei na Rosa Mota começaram a acenar”.
Atleta-Digital: como Maratonista estás a pisar um bocadinho o que grandes maratonistas já pisaram. Gostas de fazer esse caminho e lembrar-te das atletas do passado que passaram isso tudo?
Jéssica Augusto: Sim, quis experimentar correr uma Maratona no Japão, gostei e quero voltar a repetir. Há muitas probabilidades de lá voltar. Aliás, o meu terceiro lugar abriu portas em outras Maratonas lá. Acho que se ficar a fazer Maratona na Europa, vou voltar a fazer o mesmo e eu gosto de experimentar coisas novas.
Atleta-Digital: Em comparação com a Europa e Estados Unidos, qual é a diferença?
Jéssica Augusto:a diferença é a receção que tivemos, a maneira como fomos tratados durante a semana, a maneira de estar deles e a nossa própria forma de estar
Na busca da comparação das pisadas entre Jéssica Augusto e algumas das históricas maratonistas portuguesas vale a pena dizer que entre todas é a que conquistou recordes pessoais mais fortes nas distâncias dos 5000 (14.37,07) e 10000 metros (31.19,15), em pista. Seguindo o preceito de que um maratonista se faz a partir das distâncias mais curtas, Jéssica Augusto segue o trajeto de carreira mais ambicioso, também por se ter estreado na Maratona mais tarde, em relação à maioria das grandes maratonistas portuguesas. E é também este o motivo que leva a que Jéssica Augusto olhe para o próximo Europeu de pista de atletismo, em Zurique 2014, como um alvo de 42 quilómetros, em vez de optar pelas distâncias mais longas em pista.
Jéssica Augusto: Eu tenho muita vontade de correr a prova da Maratona, mas vai depender de como recuperar de Londres.
A ambição de Jéssica é afinal a de todos os grandes atletas, ”uma medalha olímpica, claro”, mas sem esquecer que a melhoria do recorde pessoal faz ”aproximar mais um bocadinho do recorde nacional”. Jéssica Augusto garante nunca ter falado da possibilidade com Rosa Mota, com quem já conversou sobre a sua experiência no Japão...
A CORRIDA PARA OS OBJETIVOS PESSOAIS PODEM LEVAR JÉSSICA AUGUSTO PARA OS EUA
Há muito que se conhece a vontade de Jéssica Augusto tentar uma verdadeira carreira internacional, fora dos espaços nacionais. Depois da morte do seu pai, que aconteceu poucos meses após ter sido campeã europeia de crosse, Jéssica Augusto passou por períodos menos bons. Entre as mudanças de vida, a mais recente foi a sua mudança de residência, para a cidade de Póvoa de Varzim. É aí que treina agora habitualmente, com Mira mais a Sul, além de alguns estágios fora de Portugal. A sua preparação já passou por vários países, um deles Itália, onde se preparou alguns meses para chegar ao título europeu de crosse. As experiências internacionais estimulam a atleta portuguesa.

Agora a treinar com António Nogueira da Costa, depois de deixar de treinar com João Campos, que a acompanhou nos anos mais recentes, garante que o sonho internacional ainda não desapareceu.
Jéssica AugustoAinda não deixei isso de lado, ainda tenho esse sonho. Se o fizer vou levar sempre o meu treinador comigo, porque ele está disposto a acompanhar-me.
Edgar Barreira: não tens nenhum país onde gostasses de te fixar?
Jéssica Augusto:”eu gostava de passar por uma experiência em Boulder [estado do Colorado, nos Estados Unidos da América], gostava de ali fazer um estágio grande. É por ai que passa a minha experiência internacional, estar num sítio onde estejam grandes atletas a treinar”.
Falar de Boulder é nos dias de hoje falar num dos principais centros de treino para fundistas. É aí que se prepara parte da nova geração de fundistas norte-americanos, onde por exemplo Kara Goucher treina habitualmente. A atleta portuguesa é patrocinada pela Nike, com sede nos Estados Unidos da América, que lhe permitiu sair da clausura dos clubes, que habitualmente colocam como primeiros objetivos aqueles onde o clube compete em coletivo. É desta forma que Jéssica Augusto só pensa nos seus objetivos pessoais, despreocupada em relação aos objetivos que no passado tinha ao serviço do Maratona Clube de Portugal.
Atleta-Digital: todos estes pontos altos da tua carreira aconteceram quando decidiste deixar de correr por um clube para passar a correr por uma marca desportiva. Depois de passado algum tempo sobre esta decisão, sentes que foi a melhor decisão?
Jéssica Augusto:Sim, foi a melhor decisão, porque para além de estar focada só nos meus objetivos, a Nike permite-me que eu faça as provas que eu queira, para além dos grandes campeonatos.
NA MATERNIDADE O EXEMPLO A SEGUIR É O DE PAULA RADCLIFFE
Nos registos e na carreira estritamente desportiva, Jéssica Augusto está mais próxima do modelo de Rosa Mota. Mas por concretizar está um objetivo extra-desportivo, ser mãe. Mas aqui a maternidade não é vista no pós-carreira, mas sim durante a carreira. E o exemplo clássico é o da britânica Paula Radcliffe, a recordista mundial da Maratona (2:15.25). A história desta atleta passa pelo anúncio da gravidez no Verão de 2006, dois anos antes da olimpíada seguinte. A atleta regressaria às competições no ano de 2007, onde no mês de novembro desse ano acabaria por vencer a Maratona de Nova Iorque, em 2:23.09 horas.
Mas a história mais recente é portuguesa, com Sara Moreira a assumir uma gravidez após um período de grandes conquistas no atletismo internacional, estando para breve o seu regresso. Exemplos como os de Leonor Carneiro ou Filomena Costa são também tomados por Jéssica Augusto.
Atleta-Digital: Passa pela tua cabeça seguir exemplos como Paula Radclife ou Sara Moreira, que seria ter uma gravidez algures no meio da carreira e depois voltar à competição, ou vais deixar eternamente para depois da carreira?
Jéssica Augusto:” Eu gostava de fazer como elas fizeram, se tiver ao meu lado profissionais que me acompanhem, como as acompanharam.”
Atleta-Digital: Não tens medo de tomar essa decisão quando tiver de ser?
Jéssica Augusto:Quando acontecer...Não tenho receio, porque eu tenho uma amiga minha, que é a Filomena Costa, que foi mãe há sete meses e treinei com ela na semana passada. E ela dizia-me: «Oh Jé, já estive grávida, já sou mãe, a minha menina já tem sete meses, já estou magra e a treinar contigo». São coisas que nos fazem ter vontade e de perder os medos. Os medos de pensar se serei a atleta que era... Há muito medo, há muitos tabus, mas só temos de falar com pessoas que passaram por esse processo. E não vale a pena adiar...

HISTÓRICO NA MARATONA:
17-04-2011 : Maratona de Londres (8ª) – 2:24.33
06-11-2011 : Maratona de Nova Iorque (DNF) – desistência
22-04-2012 : Maratona de Londres (8ª) – 2:24.59
05-08-2012 : Jogos Olímpicos – Londres (7ª) – 2:25.11
21-04-2013 : Maratona de Londres (DNF) – desistência
17-11-2013 : Maratona de Yokohama (3ª) – 2:29.11
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Anuncia e faz-se passar por FISIOTERAPEUTA! Desafio-o a mostrar o 'diploma'.. deve ter estudado com o ENGENHEIRO SOCRATES!!
No maximo é MASSAGISTA e o resto é CURIOSIDADE.. que não ande a vender gato por lebre... e já agora que mete uma base na cara..ou um saco! DEVIAS SER PUNIDO..gato por lebre!!