Nova Iorque e o milhão de dólares

Domingo, 03 Novembro 2013
Nova Iorque e o milhão de dólares

Dulce Félix desistiu, Vera Nunes foi a melhor portuguesa.

Depois de em 2012 a furacão Sandy ter impedido a 43ª edição da Maratona de Nova Iorque, a prova fez-se hoje disputar num perfeito espetáculo desportivo. 

Nova Iorque era hoje palco de um momento de superação: da dor da Maratona de Boston ao cancelamento um ano antes da Maratona de Nova Iorque. Para os norte-americanos haveria mais do que motivos para ver em Nova Iorque transmitir a imagem de sucesso para o exterior (mas também para o interior). A equipa de Mary Wittenberg, presidente dos “New York Road Runners” ergueu o evento e foi no final a presidente que deu a bandeira de cada país aos atletas que preencheram os pódios, mal cortavam a meta.

E a prova deu-se ao espectáculo, sem chuva e com muito público a assistir à prática em massa do atletismo de estrada. E cedo o espectáculo começou, com a saída de duas atletas que vivem na cidade (Buzunesh Deba e Tigist Tufa) para um isolamento que chegou a ultrapassar os três minutos de vantagem sobre o pelotão, o que já se fazia prever que fosse a fuga do dia e a vitória com disputa a dois. Mas quem esperaria uma segunda metade de prova tão forte como foi a de Priscah Jeptoo? A atleta queniana, que mora em Nova Iorque, sabia o que procurava, o meio milhão de dólares que correspondia a quem vencesse o circuito da World Marathon Majors, que foi até hoje composto pelas maratonas de Tóquio, Boston, Londres, Berlim, Chicago, Nova Iorque, além da Maratona disputada nos Jogos Olímpicos e Mundiais. Na sua quarta prova deste circuito (foi 2ª nos Jogos Olímpicos, 2ª na Maratona de Londres de 2012 e 1ª na Maratona de Londres 2013), só a vitória lhe interessava, em busca dos 25 pontos que faltavam para ultrapassar a sua congénere Rita Jeptoo. Acabaria mesmo por ganhar, com 2:25.07 horas, depois da quebra das duas ariscas do dia (Deba e Tufa), apesar de Buzunesh Deba ainda ter conseguido chegar de novo ao segundo lugar (2:25.56) e com a eterna Jelena Prokopcuka (Letónia), vencedora em 2005 e 2006, a fechar o pódio no terceiro lugar. Jeptoo participou no ano passado em provas em territórios de língua portuguesa, onde venceu a Meia-Maratona de Portugal, em Lisboa e a São Silvestre de Luanda (em Angola). A Europa acabaria, até, por se destacar no dia de hoje, com o quarto lugar da francesa Christelle Daunay (2:28.14) e o quinto lugar da vice-campeã mudial, a italiana Valeria Straneo (2:28.22).

Do lado masculino tudo foi mais em pacote, eventualmente até tarde demais. Foi preciso esperar pela “parede” da Maratona (cerca dos 30 quilómetros), para se assistirem às movimentações mais interessantes da corrida, curiosamente à mesma altura que na corrida feminina Jeptoo correu para o meio milhão de dólares. E aqui Geoffrey Mutai (Quénia) foi o mais interessado na vitória da prova, tentando fazer uma dobradinha que afinal até se tornou possível, após um ano de interregno da prova. Hoje Mutai correu bem mais lento do que em 2011, quando obteve o recorde do percurso, com 2:05.06 horas, hoje com marca bem menos espectacular (2:08.24). Foi contudo a marca suficiente para cruzar a meta sorridente, mas não mais sorridente que o segundo classificado, Tsegaye Kebede (Etiópia) que com 2:09.16 horas foi o que mais dinheiro arrecadou por prémio. Enquanto Mutai arrecadou os 100 mil dólares que estão destinados ao vencedor, Kebede somou ao prémio de segundo classificado, outro meio milhão de dólares, também por acabar vencedor da World Marathon Majors. Foi a sua quinta prova neste circuito, depois da Maratona de Londres 2012 (3º), Maratona de Chicago (1º), Maratona de Londres 2013 (1º) e o quarto lugar nos Mundiais de Atletismo, este ano. Com uma recuperação final interessante, Lusapho April ainda fechou o pódio abaixo das 2:10 horas, com 2:09.45 horas. Na história da prova só por 54 vezes se baixou desta barreira, também fruto das dificuldades altimétricas que a mesma possui.

DULCE FÉLIX DESISTENTE, PERMITIU A VERA NUNES SER O DESTAQUE PORTUGUÊS

Todas as esperanças nacionais se centravam em Dulce Félix, depois da prova que realizou em Boston em abril deste ano, onde da liderança, caiu no 9º lugar e ainda tendo em conta o quarto lugar em Nova Iorque, em 2011. A atleta já assumia partir sem grande confiança de um bom resultado, após falecimento do seu pai, mas a desistência acabaria por acontecer, como o pior dos cenários. Desconhece-se para já o motivo, mas sabe-se que a atleta à meia-maratona seguia no 19º lugar, já para lá dos 4 minutos de diferença para as primeiras.

E com este cenário coube a Vera Nunes o protagonismo de sair de Nova Iorque com um interessante 17º lugar e o registo de 2:41.05 horas. Também Cláudia Pereira acabaria por registar o 24º lugar, com o tempo de 2:49.52 horas. As duas atletas marcaram presença em Nova Iorque por terem ficado no pódio de um circuito de provas disputado em Portugal durante este ano.

Do lado masculino, sem referências, os melhores portugueses em acção foram Nuno Romão (68º com 2:37.52 horas), Rui Muga (94º com 2:41.07 horas) e Pedro Rodrigues (100º com 2:42.05 horas).

RESULTADOS:

Masculinos:

1. Geoffrey Mutai (Quénia) – 2:08.24
2. Tsegaye Kebede (Etiópia) – 2:09.16
3. Lusapho April (África do Sul) – 2:09.45
4. Julius Arile (Quénia) – 2:10.03
5. Stanley Biwott (Quénia) – 2:10.41
(...)
68. Nuno Romão (Portugal) – 2:37.52
94. Rui Muga (Portugal) – 2:41.07
100. Pedro Rodrigues (Portugal) – 2:42.05

Femininos:
1. Priscah Jeptoo (Quénia) – 2:25.07
2. Buzunesh Deba (Etiópia) – 2:25.56
3. Jelena Prokopcuka (Letónia) – 2:27.47
4. Christelle Daunay (França) – 2:28.14
5. Valeria Straneo (Itália) – 2:28.22
(…)
17. Vera Nunes (Portugal) – 2:41.05
24. Cláudia Pereira (Portugal) – 2:49.52

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