John Nunn foi o destaque do dia deste Mundial.
A história que vos chega é oposta aquela que os Estados Unidos da América costumam trazer como notícia. Hoje John Nunn mostrou um estatuto que passou ao lado de quase todos…
Hoje o dia foi de transição para a segunda fase destes Mundiais, realizou-se apenas com uma sessão matinal, com a tarde a ficar livre para atletas, juízes, voluntários e imprensa visitarem a cidade.
Apenas um campeão mundial foi apurado, nos 50 quilómetros marcha, com todas as restantes provas a serem de qualificação. E isso leva-nos à história de John Nunn, que aconteceu num contexto onde o público já se encontrava fora do estádio, onde os jornalistas já preparavam as peças do dia e os fotógrafos tratavam das fotografias do dia. Com a chuva que caiu durante a noite, a prova começou com temperaturas agradáveis, o que ajudaria nas marcas. Apenas dez marchadores completaram a distância para lá das 4 horas e destes apenas dois estiveram acima das 4:10 horas. Aqui referencia-se o húngaro Sándor Rácz e John Nunn (EUA). E destes a história que deixamos de seguida é sobre Nunn…
Nunn tem 35 anos e uma experiência reduzida nos 50 quilómetros, onde só fez quatro provas de 50 quilómetros marcha, a contar com a de hoje. Depois de em 2007 ter competido em 4:14.16 horas, em 2012 as marcas foram de melhor nível, com 4:04.41 horas em janeiro e 4:03.28 horas nos Jogos Olímpicos de Londres. Este ano a presença de Nunn em Moscovo deu-se depois de ter sido sétimo classificado nos trials americanos, mas na prova de 20 quilómetros, onde tem o recorde pessoal de 1:22.31 hora, alcançado em 2004.
Hoje o marchador norte-americano teve muitas dificuldades em completar a prova e quando todos os motivos e mais alguns estariam reunidos para que desistisse, Nunn, com dificuldades na mobilização das suas pernas, continuou, com paragens e arranques, até entrar no Estádio, aplaudido pelas poucas centenas ainda presentes, que sentiram a resistência dos que encaram uma prova com o objetivo de a terminar, dentro ou fora dos principais lugares classificativos.
Mal ultrapassou a meta, Nunn caiu no chão, com a equipa médica preparada para atuar de forma acima de urgente. As dores que sentia pelas cãibras que foi tendo ao longo da prova, eram bem patentes pelos gritos que saíram de junto do tartan. O marchador sairia em maca, aplaudido pelo pouco público presente e, aparentemente, sem que consequências de maior tivessem daí saído.
A marca de 4:35.55 horas demonstra bem o dramatismo de uma prova que foi acabada por um militar norte-americano na reserva, cerca de uma hora depois do vencedor, o irlandês Robert Heffernan (3:37.56 horas), uma das melhores marcas de sempre na história dos Mundiais. Neste contraste, de destacar a história de um ex-estudante universitário que depois de se destacar em várias disciplinas, se dedicou à marcha atlética. Pelo meio fez uma missão católica durante dois anos e juntou-se à equipa militar norte-americana, correndo habitualmente com as cores do camuflado militar. Hoje a prova que deu, perante militares russos, foi a de que a sua resistência e resiliência, é possível ter uma demonstração clara num evento tão duro como os 50 quilómetros marcha.
Foi também das poucas vezes que se escreve ou se ouve sobre o facto dos Estados Unidos da América terem o último lugar de uma prova como resultado. Nunn não teve esse receio e não deixou de transmitir querer para que o fim fosse na meta, não em qualquer outro ponto do percurso, numa prova onde desistiram seis atletas.
RESTANTES PROVAS DECORRERAM A PENSAR NAS FINAIS QUE ESTÃO PARA VIR
Mas nem tudo se resumiu aos 50 quilómetros marcha. No lançamento do martelo, no mesmo género, a principal surpresa foi a finalização de Betty Eidler com 68.83 metros, marca insuficiente para passar à final. A prova foi competitiva e metade das atletas acabariam mesmo por acabar com marca direta, a melhor delas a polaca Anita Wlodarczyk, com 76.18 metros. Nos 5000 metros femininos as provas decorreram para deixar de fora apenas sete atletas, entre elas nomes conhecidos como Almensh Belete (Bélgica), Sophie Duarte (França) e Margaret Muriuki (Quénia).
CAMPEÕES (dia 5):
50 Km Marcha Masc - Robert Heffernan (Irlanda) – 3:37.56
|