Em Copenhaga voltou a melhorar o seu melhor de época.
Francis Obikwelu tem reaparecido aos poucos e o seu regresso parece ser mais um episódio de uma história feliz no atletismo português.
Não haverá idade limite para se ser feliz na modalidade. Isso demonstra o atleta Kim Collin, que com 37 anos de idade continua a correr abaixo dos 10 segundos nos 100 metros. Este é um feito dificilmente igualável por qualquer outro atleta no Mundo, se bem que Francis Obikwelu transporte consigo uma história igualmente impar. Desde a forma como chegou a Portugal, aos trabalhos que realizou e que o levaram à subsistência, e posteriormente ao sucesso. O sucesso dita que ainda seja o recordista europeu nos 100 metros, apesar das várias ameaças vindas de terras britânicas e francófonas e os 9,85 segundos continuam intactos na liderança europeia. Os vários casos de doping que se têm passado também determinam que o atleta português tenha voltado ao top-10 dos melhores atletas de sempre. Depois de Pequim 2008 tinha anunciado o fim da carreira competitiva, voltaria depois para ajudar a Portugal na estafeta de 4x100 metros, para ainda regressar aos títulos, quando em 2011, em Paris, chegou ao improvável título nos 60 metros (ele que era tão lento nas partidas...). Depois disso as lesões, uma nova fase negra da carreira e nova mudança de treinador, fazendo agora parte do grupo de treino onde está a melhor velocista portuguesa na atualidade, Sónia Tavares. E foi nesse grupo de treino que renasceu conforme Fénix...
Reapareceu a 13 de julho, em Ljubljana (Eslovénia), onde correu a distância em 10,69 segundos, um regresso pouco competitivo. Uns dias depois melhoraria a marca aos 100 metros para 10,61 segundos, em Lucerna (Suiça). Mas o real motivo da presença neste meeting suiço foi a tentativa de levar a estafeta portuguesa novamente ao Mundial, o que quase foi conseguido, com os portugueses a correrem e a ficarem a três centésimos do objetivo. No Campeonato de Portugal, em Leiria, correu as eliminatórias em 10,52 segundos, abdicando da presença na final, para no dia seguinte tentar a complicada missão de conseguir ajudar Portugal a marcar presença em Moscovo, na prova de 4x100 metros, mas em vão...
Em Leiria apontava que em Copenhaga chegasse abaixo dos 10,50 segundos. E cumpriu! A prova realizou-se no passado dia 1, num meeting local que apresentava nos 100 metros atletas 10 anos mais novos que Obikwelu. E o brilho de Obikwelu fez-se logo na eliminatória, onde correu em 10,45 segundos, melhorando para 10,42 segundos na final, onde foi terceiro classificado, só atrás do jamaicano Jacques Harvey (10,12) e do norte-americano Walter Dix (10,14).
” Vou continuar a fazer alguns meetings porque acho que ainda conseguirei correr em 10,10 segundos”, disse recentemente Obikwelu ao Atleta-Digital, marca a tentar em próximos meetings que se disputarão depois do Mundial deste ano. ” O meu trabalho é treinar para representar o meu país numa grande competição”, acrescentou Obikwelu, não fechando a porta à possibilidade de continuar a ajudar a seleção na tentativa de levar a equipa de estafetas ao mais alto nível. O espírito de Fénix parece imortalizar Obikwelu, um atleta lendário por terras portuguesas e que faz sorrir público e jovens atletas. A caminho dos 35 anos, estaremos perante o Kim Collins português?
|