Marta Onofre chegou a mais um recorde nacional.
Depois de uma primeira jornada muito apagada, a segunda jornada trouxe mais sinais, mas sem que fossem produtivos para as contas do Mundial deste ano.
O Campeonato de Portugal deste ano foi um dos mais apagados dos últimos anos, espelhando as dificuldades vividas pelo atletismo português, não só ao nível das condições dadas aos atletas, como também ao nível das lesões. A visita do Secretário de Estado do Desporto e Juventude veio trazer alguma atenção no evento.
Contas feitas, mantêm-se os 13 atletas com mínimos para Moscovo, embora não seja certo que estejam presentes todos os atletas que já conseguiram os mínimos, numa seleção que será divulgada no início da semana.
O FEITO DE NELSON EM 2011, NÃO SE REPETIU EM 2013
Nos saltos aguardava-se a magia a espalhar por Nelson Évora, na prova de triplo salto, que sofreu ao longo do concurso em busca e um mínimo que afinal não foi possível. O atleta abriu com um nulo, fazendo 16.41 metros ao segundo ensaio, marca que nunca mais ultrapassaria , com mais de quarenta centímetros de diferença para o mínimo que o podia transportar até Moscovo.. Consciente do seu melhor e do seu bom estado físico, terá faltado a Nelson Évora um click psicológico. ” Eu tenho de trabalhar e tenho de desbloquear através de competições”, disse Nelson sobre a pouca presença em eventos, neste ano. ” É assim que eu ganho a minha forma física, foi assim que fiz no passado, é assim que tenho de voltar a fazer”, concluiu. Já no salto em altura o melhor em competição foi o melhor atleta português do ano, Paulo Conceição, que pulou 2.16 metros na terceira tentativa, acabando com três nulos a 2.20 metros.

A prova dos 800 metros foi lançada em ritmos rápidos por Hélio Gomes, que ontem beneficiou do ritmo puxado por Miguel Moreira. E foi neste panorama que hoje Moreira foi o atleta “rebocado”, até aos 600 metros, numa luta classificativa que incluiu António Rodrigues, o campeão dos 400 metros. Miguel Moreira triunfou com 1.51,18 minuto, longe dos seus melhores registos. Na prova mais rápida do dia, os 200 metros, Yazaldes Nascimento (Benfica) foi o mais rápido, correndo em 21,00 segundos, correndo muito à frente dos mais diretos adversários, David Lima (Sporting) e João Ferreira (Individual).
As provas com barreiras tiveram dois benfiquistas em ação, ambos na busca do “visto” para Moscovo. Nos 110 metros barreiras Rasul Dabó usou por duas vezes todo o seu melhor para tentar chegar ao mínimo, na meia-final correndo em 13,64 segundos e na final em 13,57 segundos, numa aproximação vertiginosa aos mínimos e ao recorde de Portugal. Não esquecendo a frustração, Dabó fez um balanço positivo da época, que pode até nem ter terminado: ” Entrar já de férias parece ser ainda muito cedo”, embora tenha de falar com o seu treinador para debater essa questão. E o resumo da sua época foi de um crescendo de expectativas: ”Com o evoluir das marcas, comecei a sonhar e pensei que iria conseguir chegar ao Mundial”. Nos 400 metros barreiras foi Jorge Paula a tentar um bom registo para a sua época, mas acabando longe do seu objetivo, com 50,47 segundos, numa época atribulada que, ainda assim, lhe permitiu a quarta vitória em Campeonatos de Portugal. Nos 3000 metros obstáculos arrecadou o seu primeiro título absoluto Daniel Gregório (Sporting), que na ausência de Alberto Paulo teve de “lutar” com o experiente Mário Teixeira a possibilidade de vitória, acabando empurrado inadvertidamente pelo seu colega, beneficiando a sua chegada em primeiro com 8.58,39 minutos, o mesmo registo que Teixeira.

Nos lançamentos, o leonino Dário Manso foi o que mais lançou o seu martelo, concluindo a sua sexta vitória consecutiva no historial destes campeonatos com 69.15 metros. Com o disco, Filipe Vital e Silva surpreendeu Jorge Grave (Benfica), com 56.91 metros, o seu primeiro título a este nível.
O Decatlo teve nova vitória de Tiago Marto (GA Fátima), o oitavo título nacional deste atleta que iguala o máximo de vitórias que pertencia a Fernando Fernandes. Hoje conquistou 7184 pontos, numa prova que teve alguns percalços, nomeadamente a queda de Samuel Remédios na prova dos 110 metros barreiras, que o deixou fora da discussão do pódio, completo por Ivan Santos (ADL Apelaçonenses) e Carlos Santos (CP Alcanena).
EVA VITAL ENCERROU ÉPOCA NO PONTO ALTO E MARTA ONOFRE SAIU RECORDISTA
Nas barreiras, Eva Vital (Benfica) fez um dos melhores resultados destes Campeonatos de Portugal, ao chegar à marca de 13,29 segundos, na meia-final dos 100 metros barreiras. Na final a barreirista acabaria por não melhorar e ficou-se pelos 13,52 segundos, ainda assim a única a chegar abaixo dos 14 segundos. Este foi o primeiro título em Campeonato de Portugal desta atleta. Regressada a momentos melhores, a leonina Vera Barbosa foi a campeã nacional dos 400 metros barreiras, com 58,18 segundos.
Nas corridas em pista, Sónia Tavares (Beira-Mar) protagonizou uma boa disputa nos 200 metros com Carla Tavares (Sporting), com o duelo a resolver-se em cima da linha de meta. Tavares finalizou com 23,93 segundos e igualou outras quatro referências nacionais no que toca ao número de títulos nesta disciplina: Georgette Duarte, Vera Conceição, Virgínia Gomes e Lucrécia Jardim. Nos 800 metros Sandra Teixeira foi novamente vencedora, hoje com o registo de 2.08,29 minutos. A prova dos 5000 metros foi novamente a imagem do abandono das especialidades de fundo, com somente três atletas a disputarem a distância. Cedo se destacou Carla Salomé Rocha (Sporting) e acabou mesmo isolada, com o tempo de 16.14,15
Duas atletas inconformadas no triplo salto, Patrícia Mamona (13.86 metros) e Susana Costa (13.33 metros), ambas ficaram aquém do objetivo do alcance de mínimos para o Mundial deste ano. Para Mamona foi uma vitória que ajudou a cimentar a dianteira da história destes campeonatos, no seu sexto título nacional consecutivo. ”Tenho de aprender com os erros deste ano”, declarou a atleta leonina, nitidamente frustrada, mas já com os olhos nos objetivos da próxima época. ” Este ano foi o ano em que treinei melhor e não sei o que correu mal”, lamentou Mamona. Melhor esteve Marta Onofre (Sporting), no salto com vara, atleta que hoje pulou 4.22 metros, para um novo recorde nacional de sub-23, recorde que já lhe pertencia e que tinha sido obtida esta época. Esteve ausente da prova de salto com vara Leonor Tavares, que também já terá abandonado o objetivo de estar no Mundial deste ano.

Nos lançamentos Sílvia Cruz (Sporting) chegou à 12ª vitória no lançamento do dardo, com 53.54 metros. Estreante nas vitórias, com 13.58 metros, Isabel Ribeiro (Senhora do Desterro) foi a vencedora deste ano no lançamento do peso, com Sílvia Cruz a aparecer com o segundo lugar, numa prova que se realizou momentos após a prova de lançamento do dardo.
No heptatlo a campeão foi novamente Cláudia Rodrigues (Gira Sol), atleta que encontrou as melhores especialistas nacionais da atualidade, mas que se superou na chegada aos 5125 pontos, numa prova onde Rafaela Vitorino não pontuou em dois eventos (salto em altura e lançamento do dardo. Ana Oliveira (GA Fátima), com 4705 pontos e Daniela Ferreira (Juv. Vidigalense), com 3850 pontos completaram o pódio.
A ESTAFETA NACIONAL NÃO CHEGOU PARA MISSÃO ESPECIAL EM MOSCOVO
No tartan realizou-se mais do que o Campeonato de Portugal e em pista a prova extra de 4x100 metros significava a tentativa de mínimos para o Mundial deste ano. Sem Arnaldo Abrantes na equipa, lesionado, coube aos atletas Diogo Antunes, Francis Obikwelu, Ricardo Monteiro e Yazaldes Nascimento a tentativa de mínimos, eles que são os atletas mais rápidos da atualidade.
O sonho de Portugal ter em Moscovo mais quatro atletas acabou gorado após 39,77 segundos, longe da marca que os levaria até à Rússia, colocada em 39,20 segundos. Nesta prova bateu-se o recorde nacional de veteranos M40, com o registo de 45,19 segundos, numa equipa composta por Rui Nogueira, Ricardo Duarte, Ricardo Lemos e Adérito Angelino.
RESULTADOS:
Masculinos:
200 – Yazaldes Nascimento (SL Benfica) – 21,00
800 – Miguel Moreira (SL Benfica) – 1.51,18
110 m Barr. – Rasul Dabó (SL Benfica) – 13,57
400 m Barr. – Jorge Paula (SL Benfica) – 50,47
3000 m Obstáculos – Daniel Gregório (Sporting CP) – 8.58,39 (
Altura – Paulo Conceição (SL Benfica) – 2.16
Triplo – Nelson Évora (SL Benfica) – 16.41
Disco – Filipe Vital e Silva (Real Sociedad) – 56.91
Martelo – Dário Manso (Sporting) – 69.15
4x100 m (extra) - Portugal ‘A’ – 39,77
4x400 m – GRECAS – 3.19,96
Decatlo – Tiago Marto (GA Fátima) - 7184
Femininos:
200 – Sónia Tavares (SC Beira-Mar) – 23,93
800 – Sandra Teixeira (Sporting CP) – 2.08,29
5000 – Carla Salomé Rocha (Sporting CP) – 16.14,15
100 m Barr. – Eva Vital (SL Benfica) – 13,52 (13,29 na eliminatória)
400 m Barr. – Vera Barbosa (Sporting CP) – 58,18
Vara – Marta Onofre (Sporting CP) – 4.22
Triplo – Patrícia Mamona (Sporting CP) – 13.86
Peso – Isabel Ribeiro (Senhora do Desterro) – 13.58
Dardo – Sílvia Cruz (Sporting CP) – 53.54
4x400 m – Juv. Vidigalense – 3.55,67
Heptatlo – Cláudia Rodrigues (GiraSol) – 5125 (3ª vez consecutiva)

Enviados Especiais: Edgar Barreira (texto), Joana Oliveira e Marcelo Silva (fotografia)
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O facto de a FPA também votar esta prova ao abandono não ajuda. Há quantos anos não há transmissões na televisão de atletimso de pista em Portugal?
Há quantos anos não há um programa de atletismo como deve ser na televisão?
Só se fala de atletismo quando há medalhas e mesmo essas são escassas ou então quando há doping ou comentários infelizes,
Há que revitalizar este CN com incentivos, patrocínios e motivação aos atletas senão corremos o risco de ter provas, como eu já vi, com 3 atletas e marcas miseráveis.