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O fundo português não fez a diferença.
O Estádio de Morton tem um bocado da história do fundo nacional, mas não foi nestas disciplinas que Portugal mais se diferenciou, relativamente à expectativa inicial.
Faltou melhor sorte aos atletas portugueses que tinham uma responsabilidade maior nas contas portuguesas, principalmente pelas presenças de Hélio Gomes, que era favorito a vencer nos 1500 metros, mas também com a presença de Jéssica Augusto, de quem não se esperaria a vitória, mas uma posição entre os três primeiros lugares. E foi nestes dois casos que a diferença não se fez, com o terceiro lugar de Hélio Gomes e com o quinto lugar de Jéssica Augusto. Se a isto se somar uma prestação ligeiramente abaixo do esperado por parte de Bruno Albuquerque, nos 5000 metros, Portugal terá hoje perdido 6 pontos importantes, já depois de compensados pelas prestações mais dentro do esperado por parte de Sandra Teixeira (800 metros) e de Clarisse Cruz (3000 metros obstáculos), esta última com ganhos relativamente à previsão.
E O QUE ACONTECEU PROVA A PROVA...
A prova de 800 metros feminina foi tática, como é habitual nestes palcos, e trouxe uma ponta final muito forte para a atleta romena Mirela Lavric, que se esticou para surpreender perante as suas adversárias, que já não esperariam esta vitória. A facilitar as contas portuguesas, a holandesa Yvone Hak esteve menos bem, apesar do quarto lugar, tal como a irlandesa Rose-Anne Galligan, que foi quinta. De Sandra Teixeira pouco se esperaria, pela concorrência presente e a portuguesa acabaria por estar dentro do esperado, no nono lugar, com o registo de 2.08,19 minutos.
O português Hélio Gomes trazia favoritivismo para a prova de 1500 metros e assumiu-o entrando na última volta na frente, puxando num ritmo de uma prova que foi lenta, como o próprio comentou no final à Federação Portuguesa de Atletismo: ”Sabia que este tipo de competições são sempre disputados em ritmos lento”. O ataque do belga Pieter-Jan Hannes, que era também favorito, acabou por levar o romeno Ioan Zain atrás e colocando Hélio Gomes a disputar o terceiro lugar, para finalizar em 3.46,96 minutos, a menos de dois segundos do belga, um resultado dentro daquilo que o português esperava para Dublin, mas ligeiramente abaixo da previsão inicial.
A prova dos 3000 metros femininos foi das que mais interesse aconteceu em Dublin, com mais de metade das atletas a chegarem ao máximo pessoal. Jéssica Augusto usou a sua tática habitual de vir cedo para a frente, embora acabasse por quebrar no segundo terço da prova, acabando por se limitar a gerir do terceiro lugar para baixo, enquanto na frente a holandesa Susan Kuijken e a belga Almensh Belete fugiram, com vitória para a holandesa em 9.07,04 minutos, novo recorde pessoal. Jéssica Augusto acabaria por não ir além de 9.25,44 minutos (5º), com a disputa dos lugares à sua frente a ser feita entre a sueca Charlotta Schonbeck (3ª) e a irlandesa Laura Crowe (4º), que não honrou o favoritivismo à vitória. ”Foi uma corrida difícil, não só por ter sentido falta de ritmo competitivo, mas também pelo vento e pelas adversárias, que quando passaram por mim, passaram muito fortes”, disse a atleta portuguesa no final, consciente da falta de algum ritmo competitivo, que frustrou melhor classificação final.
A prova mais longa do programa, os 5 mil metros, começou num ritmo muito lento, com o grupo a seguir em conjunto durante bastante tempo, primando pela tática. Com o acelerar do ritmo na parte final, o português Bruno Albuquerque não se livrou da segunda metade da tabela e terminou em 14.58,24 minutos, em prova vencida pelo belga Bashir Abdi, que era favorito, pressionado pelo outro candidato, o estónio Tiidrek Nurme. Nesta prova o romeno Nicolae Soare surpreendeu a expectativa inicial, saíndo do último lugar previsto, para o terceiro lugar desta prova.
Acabaria por ser a veterana Clarisse Cruz a conseguir melhorar a pontuação relativamente à previsão do Atleta-Digital, nos 3000 metros obstáculos. A atleta veio cedo para a frente para, em conjunto com a atleta romena (Ancuta Bobocel), colocar um ritmo relativamente forte na prova. Bobocel acabaria por descolar e seria a finlandesa Sandra Eriksson a puxar na última volta e a surpreender a búlgara Silva Danekova, que era hoje a favorita e que facilitaria nos últimos metros. A portuguesa Clarisse Cruz acabou no quarto lugar com o tempo de 9.55,57 minutos, apesar de tudo, uma classificação positiva. Foi uma prova positiva nos resultados, com seis atletas abaixo dos 10 minutos.
RESULTADOS (1500 m Masc.):
1. Pieter-Jan Hannes (Bélgica) – 3.45,05
2. Ioan Zaizan (Roménia) – 3.46,33
3. Hélio Gomes (Portugal) – 3.46,96
RESULTADOS (5000 m Masc.):
1. Abdi Bashir (Bélgica) – 14.52,78
2. Tiidrek Nurme (Estónia) – 14.53,53
3. Nicolae Soare (Roménia) – 14.55,92
(...)
8. Bruno Albuquerque (Portugal) – 14.58,24
RESULTADOS (800 m Fem.):
1. Lavric Mirela (Roménia) – 2.03,44
2. Lenka Masná (Rep. Checa) – 2.03,53
3. Selina Buchel (Suiça) – 2.03,80
(...)
9. Sandra Teixeira (Portugal) – 2.08,19
RESULTADOS (3000 m Fem.):
1. Susan Kuijken (Holanda) – 9.07,04
2. Almensch Belete (Bélgica) – 9.11,61
3. Charlotta Fougberg (Suécia) – 9.17,83
(...)
5. Jéssica Augusto (Portugal) – 9.25,44
RESULTADOS (3000 m Obstáculos Fem.)
1. Sandra Eriksson (Finlândia) – 9.47,76
2. Silvia Danekova (Bulgária) – 9.47,96
3. Helen Hofstede (Holanda) – 9.52,82
4. Clarisse Cruz (Portugal) – 9.55,57
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