Se o dia de hoje não fizesse sentido, não estaria a ler este texto.
Leia a crónica escrita pela nossa colaboradora Fabiana Oliveira, no balanço do dia.
No final do Dia Mundial para a Liberdade de Imprensa, é altura para refletirmos acerca importância desta questão. Apesar da aclamada “Aldeia Global” ainda há muito que não se sabe sobre, e em, muitos cantos do mundo. Coreia do Norte, Rússia, China e Síria são alguns dos países que mais barreiras colocam à livre divulgação de informação. Para assinalar esse fato a organização Repórteres Sem Fronteiras decorou uma estação de metro em Paris, com os rostos dos líderes destes países. No entanto, para esta organização o problema não se restringe a estas bandeiras. Christophe Deloire, da Repórteres Sem Fronteiras, lembra que “mesmo nos países que prometem liberdade de imprensa, quando se trata dos seus aliados, nada é denunciado.” Esta organização tem mesmo uma lista de países com maior liberdade de imprensa e Portugal ocupa o 28ºlugar. No topo estão nações do norte da Europa: Finlândia, Holanda e Noruega e bem no fim da tabela, de 179 países, marcam presença a polémica Coreia do Norte, a Eritreia e o Turquemenistão. Perdoem-me se estiver errada mas duvido que a imprensa portuguesa tenha escrito a palavra “Turquemenistão” mais do que um par de vezes, sendo que uma delas é para dizer este mesmo facto. A verdade é que pouco ou nada se sabe sobre estes lugares que querem esquecer o mundo, que quase já se esqueceu deles.
Apenas em 2013 já morreram 19 jornalistas no exercício da profissão e infelizmente, não há seguros para este tipo de “acidentes no trabalho”. Além das perdas,
o secretário-geral das Nações Unidas lembrou que existem centenas de jornalistas detidos em condições desumanas, vítimas de julgamentos falsos ou falsas acusações.
O papel do jornalismo na sociedade, questionado desde sempre, já se mostrou essencial para mudar o curso da história da humanidade em vários momentos. Timor-Leste foi um desses. Se não fosse a divulgação de imagens que transmitem a brutalidade dos massacres indonésios, o mundo não teria aberto os olhos para esta realidade e o país poderia até hoje não ter conseguido a independência. E se nos dedicássemos a uma análise mais profunda, de certo surgiriam muitos mais.
Também no desporto, a Imprensa tem cumprido um papel de expor a verdade, independentemente das suas consequências. Denúncias de uso de dopping, má arbitragem ou penalizações fazem manchetes nas quais o mundo se vai lembrando de que há mais atletas fora os onze do relvado.
Por cá, espera-se que esta exposição e este dever de informar nunca perca de vista o desporto e em especial o atletismo, seja para desvendar mistérios como o do Armstrong ou para comentar os tempos de Usain Bolt.
Viva a liberdade de imprensa. Até porque sem ela este texto não existia.
Fabiana Oliveira
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