O evento passa a envolver três municípios.
A Maratona de Lisboa trocará de Organização para atingir um novo nível de exposição, que está a ser desenhado pelo Maratona Clube de Portugal.
Após 27 edições consecutivas da Maratona “Cidade de Lisboa”, que se iniciou em 1986, com 152 participantes, o evento tinha este ano chegado aos 1681 participantes. Este crescimento, que se deveu ao aumento do número de atletas estrangeiros, já estava condenado a uma nova decisão do rumo do evento. E essa decisão, que já se especulava nos bastidores na modalidade, foi hoje apresentada oficialmente, com a presença de Carlos Móia (Maratona Clube de Portugal), Alexandre Mestre (Secretário de Estado da Juventude e do Desporto), António Costa (CM Lisboa), Isaltino Morais (CM Oeiras) e Carlos Carreiras (CM Cascais). De fora vieram representantes da Competitor Group e da IAAF, novos parceiros deste evento, que deixou de estar sobre a égide da Xistarca e, particularmente do seu diretor, António Campos.
O evento, que está previsto para outubro do próximo ano, terá começo na cidade de Cascais, passando por Oeiras e terminando no Parque das Nações, em Lisboa, fazendo uso da Marginal para completar a mítica distância. O percurso deixa, assim, de pertencer só à cidade de Lisboa, deixando as Avenidas Novas que têm caracterizado a prova nos últimos anos. Outras das novidades é a junção do evento com a habitual Meia-Maratona de Portugal, no mesmo dia, apenas com partidas diferentes, mas chegadas comuns. Assim a Meia-Maratona de Portugal parte do tabuleiro da Ponte Vasco da Gama e segue o rumo de Santa Apolónia, onde fará retorno para que se corra lado a lado com a Maratona.
” Muito me honra de estar à frente desta Maratona “, começou por dizer Carlos Móia, que aproveitou para pedir um aplauso a António Campos, o anterior diretor de prova, presente na plateia de uma conferência de imprensa que decorreu nos Paços do Concelho, em Lisboa. Confessando que várias vezes terá sido desafiado a criar uma Maratona de Lisboa, só agora com o impulso da Competitor Group terá sido possível, além de um forte envolvimento de três municípios que pretendem ser o rosto da promoção da Área Metropolitana de Lisboa, como defendeu Isaltino Morais: ” Cada vez mais temos de pensar a Área Metropolitana de Lisboa como um todo. Eventos como este são uma espécie de um murro no estômago”. Este envolvimento foi elogiado por Sean Wallace, responsável da IAAF para os processos de atribuição de categorias aos eventos, que espera que o evento dentro de um ano peça a categoria de Gold Label, à imagem do que já acontece com as duas meia-maratonas em Lisboa. ” Se a prova cumprir todos os pressupostos, potencialmente pode chegar a Gold Label”, fechou Sean Wallace na sua intervenção de hoje.
![António Costa, Isaltino Morais e Carlos Carreiras](/images/arquivo/2013/eventos/maratona_lisboa/presidentes.jpg)
Os três presidentes enalteceram a componente do turismo, embora esta componente seja aqui apresentada em separado do Turismo de Portugal. Ainda assim Carlos Carreiras não tem dúvidas que este será ”uma projeção de Portugal”, esperando que o público venha para as ruas nos três concelhos vizinhos. ” Lisboa tem a felicidade de estar rodeado de bons vizinhos”, confessou António Costa, que garante que o percurso ”é lindíssimo”. O representante da Competitor Group, um dos grandes promotores do evento e o responsável pela Rock’n’Roll Series, vai mais longe nas suas considerações sobre a extensa costa que será percorrida pelos maratonistas :”A prova será mais bonita que a Maratona de Londres”. Pouco focado ao tema, Alexandre Mestre acabaria por responder a uma provocação lançada por João Gabriel, o animador de serviço : “O Sr. Ministro das Finanças encara bem o espírito da Maratona”.
DUPLICAR OS PARTICIPANTES AO PRIMEIRO ANO...CHEGAR AOS 10 MIL DAQUI A 5 ANOS
As expectativas colocadas para este evento foram hoje assumidas, através de Carlos Móia, em números fortes. ” Para o ano esperamos trazer 3 a 4 mil pessoas”, considerou Carlos Móia que espera a ocupação do mesmo número de quartos. ”Daqui a cinco anos espero 10 mil estrangeiros”, numa expectativa elevada que colocaria Lisboa como uma das Maratonas mundiais mais participadas, ainda que atrás de várias das Maratonas mais reputadas.
O orçamento do evento, que pode atingir o milhão de euros, poderá gerar seis milhões de euros logo na primeira edição, ainda assim longe dos mais de 200 milhões de dólares que são gerados na cidade de Nova Iorque na sua Maratona anual. Nada que desanime Móia, que relativiza as diferenças entre as duas cidades, mas sem que abra mão da qualidade do evento. ” Vamos trazer os melhores atletas do Mundo à Maratona”, considera o diretor do evento, que continuará a apostar na qualidade também na prova de meia-maratona. Segundo Móia apenas a vinda de atletas de qualidade proporcionará uma transmissão televisiva, obrigatória para as provas Gold Label, potenciando a entrada de patrocinadores que continuem a apoiar este tipo de eventos.
![Carlos Moia](/images/arquivo/2013/eventos/maratona_lisboa/carlos_moia.jpg)
Restará a dúvida sobre a possibilidade de bons resultados desportivos na distância, já que Portugal ainda não regista marcas de grande valia internacional nas provas de Maratona que já organizou. As 2:09.51 horas alcançadas por Philemon Baaru em 2011 e as 2:30.40 horas obtidas por Priscah Jeptoo em 2009, ambas na Maratona do Porto, são as melhores marcas alcançadas em Portugal e que passará a ser um desafio a esta nova Maratona de Lisboa. Reconhecidamente ventosa, a marginal da margem a Norte do Tejo já antes viu tentados registos de valia internacional. Em 2004, quando se realizou a edição única da Maratona de Lisboa do mês de abril, o melhor que se conseguiu foi 2:13.34 horas e 2:36.07 horas, nos géneros masculino e feminino, respetivamente. Para já Carlos Móia afasta a possibilidade forte de contar com os principais maratonistas portugueses da atualidade, apesar de ter na sua equipa Dulce Félix, que deverá tentar uma nova ida a Nova Iorque em 2013. Outra das impossibilidades passa pelos Mundiais de Ar Livre, disputados em agosto, onde os principais maratonistas portugueses devem marcar presença.
OS CONFLITOS DA DATA DEIXAM-NA EM SUSPENSO POR DECISÃO POLÍTICA
Todo o processo negocial deste novo conceito da Maratona de Lisboa terá passado não só pelas dificuldades de António Campos ter deixado partir o seu “filho” prodigioso para outras paragens. O conflito com a data de realização da Maratona do Porto terão também complicado o processo na determinação da data de realização da Maratona de Lisboa. ”Tentámos desfasar as datas com a Maratona do Porto”, garante Carlos Móia, que não pretende organizar a prova em dezembro, como de costume. Em causa está a tentativa de juntar o evento à Meia-Maratona de Portugal, mas também ”para tentar ser turístico”, receando a maior probabilidade de chuva em dezembro. As negociações com Jorge Teixeira, diretor da Maratona do Porto, acabariam em vão, com o organizador do Norte a anunciar a data de 6 de novembro de 2013 mal a edição de 2012 terminou.
Assim sendo, a decisão foi tomar as duas primeiras semanas de outubro como a referência, havendo agora o conflito com a marcação das eleições autárquicas, que também estão previstas dentro das duas primeiras semanas de outubro. Ter-se-à, assim, evitado também colidir com a data da Corrida do Tejo, uma prova de referência no município de Oeiras, que tradicionalmente se realiza no mês de outubro, nos últimos anos na segunda metade do mês.
Enviado Especial : Edgar Barreira (texto e fotos)
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