Superação da portuguesa que não virou cara à luta.
A prestação de Dulce Félix pautou-se pela superação e pelo acreditar da atleta portuguesa, que repetiu a medalha de prata do ano passado.
A prova feminina, não sendo cópia do ano passado, desenhou-se para um final muito parecido. Uma boa parte da corrida decorreu com as atletas em grupo, sem que os ritmos fossem exagerados, antevendo as dificuldades de um percurso que ficou mais em gelo, mais escorregadio. Até duas voltas do fim o pelotão era ainda extenso, altura em que a campeã em título, a irlandesa Fionnuala Britton, tentou impor um ritmo ao seu estilo. Nessa altura todas as portuguesas pareciam fora da discussão da medalha, inclusivamente Dulce Félix que nessa altura corria no 7º lugar, logo seguida por Sara Moreira.
Tudo acabaria por mudar durante essa volta, principalmente para Dulce Félix, com a portuguesa a recuperar posições e a passar ao toque da sineta já no terceiro lugar. Os dois segundos que a separavam, à altura, de Britton e da belga Almensh Belete eram, no piso gelado, uma difícil tarefa para a portuguesa, que acabaria durante essa volta por ultrapassar definitivamente a belga. Mas logo aparece uma nova “carraça”, a holandesa Adrienne Herzog, que disputou até ao cruzar da meta pelas duas medalhas que Britton já tinha deixado para trás. Britton conquistava, assim, a sua segunda medalha de Ouro consecutiva e a portuguesa Dulce Félix fazia o mesmo com a medalha de prata, neste que é o terceiro ano consecutivo onde arrecada a medalha individual (em Albufeira foi medalha de bronze). ”Uma medalha é sempre uma medalha”, disse Dulce Félix ao Atleta-Digital, segundos depois de ter saído do pódio, onde recebeu a medalha do oficial português Jorge Salcedo. A atleta confessou-se com algum receio pelo percurso, depois de já ter experienciado no passado a corrida com gelo e neve : ”Tinha medo de correr na neve”. A atleta portuguesa agradeceu ao forte apoio dos portugueses presentes, que sempre a aconselharam a arriscar, face ao cansaço das suas adversárias, onde uma das mais atentas era Sameiro Araújo, responsável por esta selecção, mas também treinadora de Dulce Félix. O lamento de Dulce Félix vai para a falta da medalha colectiva, um hábito que se ia conquistando ao longo dos anos, mas que desta vez não se tornou possível. ”Tenho a certeza que as minhas colegas deram o seu melhor”, rematou no final.
A verdade é que a corrida não foi tão feliz para as restantes atletas, onde a segunda melhor portuguesa foi Sara Moreira, no 12º lugar a cerca de 40 segundos da frente da corrida. A portuguesa acabou por ir escorregando na classificação e terminou de forma sofrida. ”Tornou-se a prova de corta-mato mais dura da minha carreira”, disse Sara Moreira que ontem terá optado por não vir ver o percurso, depois da selecção portuguesa ter chegado em cima da hora do almoço a Budapeste. ”Estou naturalmente triste, porque sabia que conseguia melhor e queria mais”. Ercília Machado foi a terceira melhor portuguesa, no 31º lugar e também terminou muito desgastada :”Esta prova custou-me imenso”.Sara Carvalho acabou por fazer uma prova interessante, ela que se estreia enquanto sénior nestes palcos, para terminar em 30.21 minutos, no 46º lugar. Anália Rosa esteve longe dos momentos do passado e foi hoje 50ª classificada, já não contribuindo para a classificação colectiva.
Esta classificação colectiva fica, assim, muito aquém se comparada com outras edições. Desde 2005 que Portugal conseguia sempre um pódio colectivo e é preciso recuar a 1998 para encontrar um 6º lugar de Portugal, como hoje ocorreu. Os 91 pontos ficaram longe dos 60 pontos da Grã-Bretanha, terceira classificada. Irlanda (52 pontos) chegou assim à vitória, em empate pontual com a França, que foi segunda classificada.
RESULTADOS (Seniores Femininos)
1. Fionnuala Britton (Irlanda) – 27.45
2. Dulce Félix (Portugal) – 27.47
3. Adrienne Herzog (Holanda) – 27.48
4. Almensh Belete (Bélgica) – 27.54
5. Laurane Picoche (França) – 27.55
(…)
12. Sara Moreira (Portugal) – 28.26
31. Ercília Machado (Portugal) – 29.10
46. Sara Carvalho (Portugal) – 30.21
50. Anália Rosa (Portugal) – 31.12
Enviado Especial : Edgar Barreira (texto e fotos)
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