«Batota» do Oriente ainda por decidir

Quinta, 04 Outubro 2012
«Batota» do Oriente ainda por decidir

Comissão de Atletas Olímpicos depende de decisão de tribunal.

O caso estoirou durante os Jogos Olímpicos deste ano e ficou por decidir, depois de dois atletas terem praticado alegadas técnicas irregulares de propaganda. 

Durante todos os Jogos Olímpicos manda a tradição que se defina uma nova comissão de atletas olímpicos, com os votos a serem recolhidos durante as competições, pelos atletas de todas as modalidades, presentes em competição. Essa comissão é, segundo protocolo olímpico, apresentada no decorrer da Cerimónia de Encerramento dos Jogos Olímpicos, com um abraço trocado com os representantes dos voluntários a celarem um laço afetivo que é criado ao longo do evento.

Em 2012 a história não foi tão cor-de-rosa como costuma ser, pese embora a imagem destes Jogos até fosse baseada nesses tons de cor. A campanha eleitoral, da qual fez parte a portuguesa Susana Feitor, decorreu de uma forma aparentemente regular, mas com denúncias de irregularidades por parte de dois candidatos : Koji Murofushi (Japão) e Mu-yen Chu (China Taipei). ”Eles fizeram campanha na entrada do restaurante”, explicou-nos recentemente Susana Feitor que sem pôr em causa as regras, considerou o sistema mal explicado : ”Esta foi a primeira que nos impuseram estas regras. O sistema foi assim, talvez por problemas no passado. Não percebo porque nos explicaram o porquê destas novas regras”. O sistema foi baseado em ecrãs que tinham informação de cada candidato, dentro da Aldeia olímpica, não podendo cada candidato fazer promoção com cartazes, contas em redes sociais ou outros meios. O objetivo de tentar regular a igualdade entre todos os candidatos poderá ter feito as primeiras vítimas, ou vitimizou o próprio sistema, uma dúvida que persistirá e que só poderá ter confirmação dentro de quatro anos, no Rio de Janeiro.

Para Susana Feitor as injustiças não deixaram de existir, sugerindo modos menos leais de promoção por parte de Tony Estanguet, um canoísta francês que acabou eleito, ainda que provisoriamente. A lista de eleitos é ainda provisório, mas foi para já confirmada com os nomes de Tony Estaunguet (França), Kirsty Coventry (Zimbabwe), James Tomkins (Australia) e Danka Bartekova (Eslováquia). ” É muito estranho não ter sido eleito nenhum representante do atletismo”, considerou Susana Feitor que estava em luta direta com outros representantes do atletismo, como Jefferson Perez (México) e um dos atletas banidos da votação, Koji Murofushi. ”Tinha um forte rival ao nível da marcha que era o Jefferson Perez”, continuou Susana Feitor, que ainda assim considera que talvez tenha recolhido um bom feedback dos atletas da marcha ao nível mundial.

Sobre a sua não eleição Susana Feitor considera que o facto de não ter estado desde o início dos Jogos e ter chegado tarde ao nível do contacto pessoal com algumas comitivas condicionou a presença num dos quatro lugares eleitos. ” Quando visitei a comitiva de Angola toda a equipa de andebol já tinha votado”, lamenta Susana Feitor que tentou fazer uma campanha cautelosa para não ser apanhada em qualquer irregularidade. Pelo meio aproveitou para ver quem ainda não tinha uma estrela colada na acreditação, era sinal de que esse atleta ainda não tinha votado...

Se por um lado o facto de estar em Londres como suplente dos 20 quilómetros marcha terá facilitado a possibilidade nos contactos, por outro o facto de estar fora da Aldeia Olímpica terá dificultado a possibilidade de estar mais permanentemente em campanha. ” Acabei por sentir que não consegui inverter a situação”, completou a marchadora portuguesa, que ao longo da campanha treinou para cobrir uma eventual falha de última hora entre as três marchadoras portuguesas que estavam destacadas para os 20 quilómetros.

ENTRE A REPETIÇÃO DA VOTAÇÃO E A DIPLOMACIA JAPONESA A PENSAR EM 2020

As duas irregularidades detetadas tiveram o apelo dos dois atletas envolvidos para o Tribunal Arbitral do Desporto. Para já não há decisão à vista, logo não há uma comissão definitiva, o que não motiva em Susana Feitor esperança em ser eleita por outra forma de votação : ” À partida não tenho grandes esperanças que a votação seja repetida”. Provavelmente a decisão só aparecerá no final deste ano, segundo rumores entretanto levantados.

Também os votos ainda não foram divulgados até ao dia de hoje, exceção feita aos quatro eleitos : Danka Bartekova (2295 votos), James Tomkins (1802 votos), Kirsty Coventry (1797 votos) e Tony Estanguet (1779 votos). Fica a dúvida sobre o que decidirá o Tribunal Arbitral do Desporto, num tipo de decisão que tipicamente ficava dentro do seio olímpico, tal como aconteceu ao nível dos representantes paralímpicos, algumas semanas mais tarde.

Ao nível dos grupos de pressão estarão agora em causa dois, apoiados sobre o mesmo atleta, Koji Murofushi. Por um lado está a ausência do atletismo entre a comissão de atletas, uma ausência de representação que não é habitual, naquele que é considerado um dos principais desportos dos Jogos Olímpicos. Por outro lado Koji Murofushi é um dos rostos da candidatura do Japão à organização dos Jogos Olímpicos de 2020, uma mancha que poderá servir de desempate desfavorável para a organização japonesa que tem até setembro de 2013 para convencer os decisores sobre a escolha de Tóquio como cidade organizadora. ”A matéria é de extrema importância para Murofushi, um atleta que orgulha-se de ter aderido aos valores olímpicos através da sua carreira”, considerou recentemente um elemento relacionado com o Comité Olímpico do Japão.

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