Dulce Félix voltou a ser a melhor atleta portuguesa.
A Meia-Maratona de Portugal voltou na manhã de hoje às estradas, onde o atletismo voltou a ser dignificado por milhares de pessoas.
Entre a ponte Vasco da Gama e o Parque das Nações, a cidade de Lisboa viveu hoje mais um evento da Meia-Maratona de Portugal, prova que voltou a subir o número de inscritos (também de chegados), superando as dificuldades de um país que hoje correu em festa. A ausência de governantes acabaria por ser uma das notas principais, aumentando-se o protagonismo da município de Lisboa que teve na figura do vereador Manuel Brito o responsável : “Este é um modelo de prova muito interessante. Estamos a preparar algo muito importante para a cidade de Lisboa e para Portugal”. Estas palavras acabariam corroboradas pelo organizador, Carlos Móia, que à hora da conferência de imprensa final fez um balanço intermédio : ”Parece que correu bem”.
SÓ O CALOR TERÁ IMPEDIDO REGISTOS DE NÍVEL INTERNACIONAL
A prova de Elite não se pode dizer que tenha sido afetada pela ausência de bons valores internacionais, com muitos dos atletas que estão na ribalta da atualidade e que parecerão valores para o futuro. Do lado masculino um grupo compacto de seis unidades seguiu junta até perto dos 15 quilómetros, enquanto que na metade da prova do setor feminino já ia descolada a ex-campeã olímpica Mizuki Noguchi (Japão), seguindo apenas juntas as quenianas Priscah Jeptoo e Margaret Muriuki. Entre os portugueses, a luta parecia ser entre Rui Pedro Silva e Hermano Ferreira, em masculinos, enquanto Dulce Félix seguia solitária a seu belo prazer na disputa para melhor portuguesa.
A segunda metade da prova acabaria por adormecer a prova, com o forte calor a fazer-se sentir e foi nesse contexto que entre quenianos se disputaria a vitória, entre Titus Masai, Albert Matebor e Martin Lel. E foi mesmo Lel a repetir a vitória de 2005, em 1:01.28 hora, uma marca cinco segundos mais rápida do que em 2005. Dez segundos depois chegaria Matebor e com mais 21 segundos chegava Titus Masai. ” O Martin Lel estava em grande forma e gostaria que tivesse baixado dos 59 minutos, mas o calor atrapalhou muito”, disse no final Carlos Móia, uma teoria sustentada pelo próprio Lel, que usou a prova de Lisboa como teste para a Maratona de Nova Iorque, a realizar-se no próximo mês de novembro. ”O tempo esteve muito quente”, concluiu Lel. Para trás ficaram o vencedor do ano passado, Silas Sang (7º) e um dos cabeças de cartaz, o etíope Tariku Bekele (6º), este a estrear-se na distância da meia-maratona em 1:02.59 hora.
Na disputa entre os dois melhores portugueses, Rui Pedro Silva e Hermano Ferreira, levou a melhor Hermano Ferreira, que conseguiu o estatuto de melhor atleta nacional pelo terceiro ano consecutivo. Desta vez correu em 1:04.52 hora, um ritmo mais lento do que é habitual, mas ainda assim suficiente para superar Rui Pedro Silva por três segundos. ” A prova correu um bocadinho melhor do que estava à espera. Estava a sentir-me bem”, disse Hermano Ferreira no final, assumindo que pretende estar numa Maratona comercial no próximo ano, mas certezas de que essa possa ser a sua possibilidade de marcar presença no Mundial : Para os Jogos Olímpicos também tinha mínimos e isso não serviu para eu estar presente...”.
Como estatuto de vice-campeã olímpica estava Priscah Jeptoo (Quénia), atleta que hoje passeou o estatuto e correu em 1:10.32 hora, uma marca também ela abaixo do que seria de esperar, embora uma marca de descompressão, após a Maratona olímpica, em agosto. ” Não esperava ganhar”, disse Jeptoo que não teve em Muriuki (1:11.28) ou Noguchi (1:12.20) adversárias à altura. Quem aproveitou este facto foi a portuguesa Dulce Félix (1:12.09), que voltou ao pódio desta competição, com o terceiro lugar, depois de em 2009 ter sido segunda classificada. ” É muito bom ser de novo a melhor portuguesa”, disse Dulce Félix que alegou algumas dificuldades por causa do forte calor sentido. Se para Priscah o próximo grande objetivo está longe, a Maratona de Londres, para Dulce Félix o próximo objetivo será já a Maratona de Nova Iorque, sendo apresentada oficialmente amanhã.
O BRAÇO PARTIDO DE ALBERTO BATISTA E A CORRIDA DE FÉRIAS DE ANA CABECINHA
Outros dois pormenores trazem à retina a história desta edição da Meia-Maratona de Portugal, a primeira a desenrolar-se no novo figurino imposto pela Rock ‘n’ Roll Series. Se durante o percurso da meia-maratona estava Susana Feitor, a tentar impor a sua marcha como forma de ainda preparar um evento este ano, na mini-maratona estava outra marchadora, Ana Cabecinha. A melhor das classificadas nos Jogos Olímpicos correu para ser a primeira mulher a cruzar a meta, mas correu acima de tudo para se divertir porque afinal ainda tem duas semanas de férias pela frente. ” No ano passsado fiz a Meia, há dois anos fiz a Mini”, disse-nos Cabecinha, que começa já a ser cliente habitual no evento. Com a garantia da continuidade no CO Pechão, a marchadora espera que o seu clube este ano consiga integrar a 2ª divisão do nacional de clubes, antevendo algumas transferências provenientes da Casa do Benfica de Faro.
Por outro lado decorreu a corrida em cadeira de rodas, lenta tal como a prova de corrida, desta vez com o espanhol Roger Puigbo a arrecadar a vitória, em 47.02 minutos, numa disputa apertada com o seu compatriota Jordi Madera, finalizando ambos com o mesmo tempo. O terceiro lugar acabaria por pertencer a Alberto Batista (55.27), ele que foi o azarado do dia ao partir o braço após cruzar a meta, ele que teve também uma luta muito interessante, ao segundo, com o outro português, Alexandrino Silva. Batista já não compareceu no pódio, um pódio que prestigia a sua carreira. Se foi isto na categoria T53, na categoria de T52 venceu outro espanhol, Santiago Sanz (57.50 minutos), mas sem conseguir o seu principal objetivo, a chegada ao recorde mundial da sua categoria.
A manhã foi animada pelas bandas, ao longo do percurso e o evento acabaria por terminar com um concerto dado sob a pala do Pavilhão de Portugal, local que volta a ter vida depois de nas primeiras edições desta Meia-Maratona de Portugal o espaço ser utilizado para uma festa promovida pela Área Metropolitana de Lisboa, um acontecimento que deixou de acontecer de há alguns anos a esta parte.
RESULTADOS
Masculinos:
1. Martin Lel (Quénia) – 1:01.28
2. Albert Matebor (Quénia) – 1:01.38
3. Titus Masai (Quénia) – 1:01.49
4. Cybrian Kotut (Quénia) – 1:02.25
5. Cuthbert Nyasango (Zimbabwe) – 1:02.26
6. Tariku Bekele (Etiópia) – 1:02.59
7. Silas Sang (Quénia) – 1:04.21
8. Jakob Kintra (Etiópia) – 1:04.30
9. Hermano Ferreira (Portugal) – 1:04.52
10. Rui Pedro Silva (Portugal) – 1:04.55
11. Tiago Costa (Portugal) – 1:05.09
Femininos :
1. Priscah Jeptoo (Quénia) – 1:10.32
2. Margaret Muriuki (Quénia) – 1:11.28
3. Dulce Félix (Portugal) – 1:12.12
4. Mizuki Noguchi (Japão) – 1:12.20
5. Leonor Carneiro (Portugal) – 1:13.49
6. Sara Moreira (Portugal) – 1:15.43
7. Sandra Teixeira (Portugal) – 1:19.18
8. Anália Rosa (Portugal) – 1:19.25
9. Vera Nunes (Portugal) – 1:19.33
10. Elisabete Lopes (Portugal) – 1:20.24
Cadeira de Rodas :
1. Roger Puigbo (Espanha) – 47.02
2. Jordi Madera (Espanha) – 47.02
3. Alberto Batista (Portugal) – 55.27
4. Alexandrino Silva (Portugal) – 55.28
5. Eduardo Bacalhau (Portugal) – 57.46
Enviados Especiais : Edgar Barreira (texto), Joana Oliveira (fotos) e Marcelo Silva (fotos)
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