Dois campeões e uma super Ennis.
Primeiro dia teve apenas duas finais, sendo marcadas pelas qualificações e pela britânica Jessica Ennis, que foi quem mais aplausos arrancou dentro do Estádio Olímpico.
Foi globalmente positiva a participação do atletismo em Londres, numa altura em que a Natação tem imperado no que diz respeito ao mediatismo, muito por culpa do norte-americano Michael Phelps, que ameaça abafar qualquer sucesso no atletismo, antes mesmo de ele ter hipótese de ter uma palavra a dizer. Será motivo de preocupação para Usain Bolt, ou motivo de preocupação para Lamine Diack, presidente da IAAF?
TOMASZ MAJEWSKI E TIRUNESH DIBABA CHEGARAM AOS PRIMEIROS OUROS
Foi titânica a luta entre o polaco Tomasz Majewski e o alemão David Storl, na prova de lançamento do peso, que fez quase esquecer o típico poderio norte-americano na disciplina. Depois de qualificações matinais tranquilas para ambos, a luta foi centimétrica na final, onde até se poderia ficar com a dúvida se o erro foi de Storl, ou se foi do medidor dos lançamentos de Majewski. A verdade é que o título olímpico foi merecido para o polaco, ele que fez cinco ensaios válidos acima dos 21 metros, quatro deles acima dos 21.70 metros, numa vitória que apesar de consumada à entrada do último ensaio, ainda foi melhorada para os 21,89 metros. A três centímetros ficaria o jovem Storl, numa final onde só quatro atletas estiveram acima dos 21 metros. O pódio acabaria completo pelo norte-americano Reese Hoffa (21.23), onde o seu compatriota Ryan Whiting não chegou sequer aos três últimos ensaios destinados aos oito melhores.
A final dos 10000 metros femininos fecharia o dia, com uma prova que começou com a estratégia kamikaze das atletas japonesas que funcionaram de lebres para as restantes. Aqui as atletas africanas limitaram-se a controlar ritmos e a lançar os ataques “esticados” nos momentos certos, ataques esses que foram quebrando um grupo que cedo se alongou na perseguição às atletas japonesas. No final restava um grupo de quatro atletas, duas etíopes (Tirunesh Dibaba e Werkenesh Kidane) e duas quenianas (Sally Kipyego e Vivian Cheruiyot). Destas foi Tirunesh Dibaba a lançar um ataque fatal na última volta, que não teve resposta das atletas quenianas, entregando-se o Ouro a Dibaba, que completou a distância em 30.20,75 minutos, seguida por Sally Kipyego (30.26,37) e Vivian Cheruiyot (30.30,44). Tal foi o ritmo de prova, que caíram dez recordes pessoais, entre eles o da portuguesa Sara Moreira (31.16,44), a quarta melhor marca portuguesa de sempre.
JESSICA ENNIS TEM ESTADO SENSACIONAL E PROMETE RECORDE BRITÂNICO
O Estádio Olímpico esteve durante todo o dia cheio, mesmo na jornada da manhã, o que é um facto notável para a modalidade do atletismo, em contraste com outras que em Londres têm tido assistências aquém do previsto pela Organização. Com o público a ser maioritariamente inglês, Jéssica Ennis e todos os restantes britânicos têm sido dos mais aplaudidos. Ennis particularmente tem sentido esse apoio e afinal é merecido, depois de hoje ter chegado a dois recordes pessoais, nas provas de 200 metros (22,83 segundos) e de 100 metros barreiras (12,54 segundos). Também não correu mal o lançamento do peso, com 14.28 metros, correndo menos bem o salto em altura, com “apenas” 1.86 metro. É, desta forma, líder destacada com 4158 pontos, seguida nesta altura pela lituana Austra Skujyte (3974) e a canadiana Jessica Zelinka (3903).
Van Zyl (África do Sul) acabaria por ser uma das desilusões do dia, nos 400 metros barreiras, ao sair eliminado logo à primeira fase, com modestos 50,31 segundos, onde o mais rápido foi o peruano Javier Culson (48,33). Três séries de 1500 metros levaram à pista mais de quarenta atletas e a primeira acabaria definitivamente mais rápida, com quase todos os repescados e ainda o melhor tempo, através de Taoufik Makhloufi (Argélia), vitorioso em 3.35,15 minutos. Dentro do que se podem considerar surpresas, a prova dos 3000 metros obstáculos teve espanhóis azarados ou pouco inspirados, até pela queda do português Alberto Paulo, onde quem não perdeu a oportunidade de qualificação foi o francês Mahiedie Mekhissi-Benabbad (8.16,23), um dos candidatos. No salto em comprimento houve pouca inspiração e só dois atletas acabariam por passar diretamente à final, ambos com 8.11 metros : Mauro Vinicius (Brasil) e Marquise Goodwin (EUA). Poucas qualificações diretas ocorreram também na prova de lançamento do martelo, onde o húngaro Kristián Pars foi melhor, com 79.37 metros, no grupo B, onde só dois atletas passaram à final, passando todos os restantes no grupo A.
Depois das pre-eliminatórias, com a presença dos países com convite e dos atletas mais fracos, a primeira ronda dos 100 metros decorreu rápida, com ventos perto do limite, e quase sem surpresas exceção feita à francesa Véronique Mang que se ficou com 11,41 segundos. De resto foram seis as atletas a baixarem dos 11 segundos e entre elas esteve a mais rápida de hoje, a norte-americana Carmelita Jeter, com 10,83 segundos. Quem não vacilou nos 400 metros femininos foi Amantle Montsho (Botswana), ela que é candidata ao título e que foi a mais rápida com 50,40 segundos. No triplo salto Olga Rypakova (Cazaquistão) sofreu até ao último ensaio para ser a líder da qualificação, com 14.79 metros. Ao contrário de outros concursos, o lançamento do disco até teve várias atletas qualificadas diretamente, oito no total, com apenas quatro atletas a ficarem na zona de repescagem. Foi melhor a cubana Yarelys Barrios, com 65.94 metros, enquanto a alemã Nadine Muller foi a melhor no outro grupo de qualificação, com 65.89 metros.
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