22 convocados para Jogos Olímpicos.
A Federação Portuguesa de Atletismo divulgou esta tarde os atletas convocados para os Jogos Olímpicos deste ano, numa seleção onde se efetiva a ausência de Rui Silva e Francis Obikwelu.Conheça aqui a lista de convocados para Londres...
Serão 22 os atletas convocados para os Jogos Olímpicos deste ano, uma seleção sem as primeiras figuras, como os medalhados olímpicos Nelson Évora, Francis Obikwelu e Rui Silva e ainda Naide Gomes, todos por lesão. A Federação Portuguesa de Atletismo e o Comité Olímpico de Portugal já lamentaram este facto. Esta é a segunda seleção mais curta desde que em 1984 a seleção nacional chegou às medalhas olímpicas e onde o atletismo deu um salto significativo na quantidade e qualidade dos resultados internacionais.
A participação de Rui Silva foi tentava até ao fim, mas com o atleta a ressentir-se de lesões, sem que houvesse nova comunicação médica sobre a sua condição, levando à decisão da não inclusão do fundista português na convocatória final. Outros atletas há em que a convocatória não determina para já a sua presença, aguardando melhores prestações nas próximas duas semanas. São os casos de Arnaldo Abrantes (200 metros) e Vânia Silva (martelo). ”Até este momento os atletas não nos demonstraram resultados competitivos”, esclarece o selecionador nacional, José Barros, que irá estar atento aos momentos de observação que brevemente estarão determinados. No caso destes atletas não se confirmarem como próximos de mínimos, a seleção será reduzida a 20 atletas, no que se tornaria na mais curta seleção de atletismo desde Los Angeles (1984).
Com mínimos, outros dois atletas ficam a aguardar por uma eventual participação, com o estatuto oficial de suplentes, um ficando em Portugal, outro ficando em Londres, conforme indicação do Comité Olímpico de Portugal. No caso de Susana Feitor, que tem mínimos nos 20 quilómetros marcha, a atleta estará a treinar para uma eventual substituição, à imagem do que ocorreu com Inês Henriques há quatro anos, em Pequim. José Barros justificou a ausência, em competição, de Susana Feitor, no mais recente Campeonato de Portugal, mesmo sendo este um momento fundamental para seleção para Londres : ”A presença dela não era aconselhável e iria obrigar a um novo processo de treino”. Já Pedro Isidro, que tem mínimos ‘B’ nos 50 quilómetros marcha, estará em preparação em Portugal, podendo viajar para Londres no caso de algum problema com João Vieira, que estará em dois eventos (20 e 50 quilómetros marcha). ”Temos a confirmação por escrito de que João Vieira está a orientar toda a preparação para os 50 quilómetros marcha”, justificou José Barros quanto à opção de escolher João Vieira em vez de Pedro Isidro.
Também Luís Feiteira estará de “prevenção”, ele que se prepara para uma Maratona, seja ela olímpica ou comercial. Segundo José Barros o atleta tem dado indicações sobre o seu processo de treino e só num caso extremo deverá substituir Rui Pedro Silva, que participa com o estatuto de mínimo ‘A’ nestes Jogos Olímpicos. A mesma decisão não tinha sido acautelada anteriormente para o caso de Susana Costa, tendo o mínimo sido estabelecido apenas ontem, no Campeonato de Portugal.
“UM ALTO RENDIMENTO QUE NÃO SE RENOVA, SUICIDA-SE…”
Presidente da Federação Portuguesa de Atletismo, Fernando Mota estará pela oitava vez em Jogos Olímpicos, uma situação que o faz pensar de forma global sobre a evolução do atletismo neste período. Esta experiência levou-o a lamentar a pouca atenção dada ao atletismo fora dos momentos olímpicos, um lamento que alarga a outras modalidades amadoras : ”Sinto-me muito à-vontade para dizer que o país tem de perceber que há mais atletismo para lá dos Jogos Olímpicos. Depois só se vai voltar a falar de Alto Rendimento em Agosto de 2016. Um Alto Rendimento que não se renova, suicida-se”. Para Fernando Mota o facto do diploma de Alto Rendimento ter sido alterado em 2009, terminando-se com o percurso de Alta Competição, tem sido nefasto, até para os atletas que pretendem a entrada nas Universidades.
Fernando Mota atreveu-se ainda a comparar as edições de 1976 e de 2012, considerando a renovação do atletismo português como fundamental para um pulo de qualidade no atletismo nacional: ”Sentimos que em Londres vamos ganhar lastro no nosso atletismo, é um momento de ganhar balanço para novas proezas”.
MAIS VELOCIDADE IGUALARIA ATENAS EM NÚMERO
Nos números há logo um dado que salta à vista, a maior presença de atletas femininas (13) do que atletas masculinos (9). É uma transição acentuada do que já havia sido mostrado em Pequim, na altura com presença de 15 atletas femininas e 13 atletas masculinos. É, assim, a segunda vez na história do olimpismo que Portugal apresenta mais atletas femininas do que masculinos, uma tendência circunscrita ao atletismo, mas que já se tem manifestado noutras competições internacionais. Desta forma ficou a contribuição do atletismo para o maior contingente feminino de sempre em missões olímpicas nacionais (as atletas femininas representam 43% dos convocados em todas as modalidades).
Esta tendência poderia até ter ficado anulada (igual presença entre géneros) com a presença da estafeta de 4x100 metros masculina, um objetivo que foi considerado, quer pela FPA como pelos atletas, como bastante forte, até pela evolução da velocidade nacional. A ausência de Francis Obikwelu, por lesão, em Helsínquia acabaria por fazer a diferença, além de uma final sem Arnaldo Abrantes. ”Nunca tivemos tanta qualidade na velocidade em termos quantitativos e qualitativos”, felicita Fernando Mota, que sente que esta poderá ser uma das melhorias significativas nos próximos anos, aludindo aos casos recentes de renovação proporcionados por Carlos Nascimento e David Lima, que venceram respetivamente os 100 e 200 metros no recente Campeonato de Portugal.
Entre os atletas, dois partilham a possibilidade de chegarem à terceira participação em Jogos Olímpicos : Vânia Silva e João Vieira. Ambos estiveram nas edições de 2004 e 2008 e acabam por ser os atletas mais experientes da comitiva, se for exceptuada a situação de Susana Feitor, que no caso de entrar em ação fará a sua sexta participação em Jogos Olímpicos, isolando-se no topo das mais participantes. Nesta equipa serão nove os atletas estreantes : João Almeida, Edi Maia, Marcos Chuva, Jorge Paula, Patrícia Mamona, Irina Rodrigues, Leonor Tavares, Vera Barbosa e Dulce Félix.
CONVOCATÓRIA PARA JOGOS OLÍMPICOS DE LONDRES (ATLETISMO):
MASCULINOS (9):
Arnaldo Abrantes : 200 m
João Almeida : 110 m barreiras
Jorge Paula : 400 m barreiras
Alberto Paulo : 3000 m Obstáculos
João Vieira : 20 Km marcha, 50 Km marcha
Rui Pedro Silva : 10000 m
Edi Maia : Salto com Vara
Marcos Chuva : Salto em Comprimento
Marco Fortes : Lançamento do Peso
FEMININOS (13):
Sara Moreira : 5000 m e 10000 m
Ana Dulce Félix : 10000 m e Maratona
Vera Barbosa : 400 m barreiras
Clarisse Cruz : 3000 m Obstáculos
Ana Cabecinha : 20 Km Marcha
Vera Santos : 20 Km Marcha
Inês Henriques : 20 Km Marcha
Jéssica Augusto : Maratona
Marisa Barros : Maratona
Leonor Tavares : Salto com Vara
Patrícia Mamona : Triplo Salto
Irina Rodrigues : Lançamento do Disco
Vânia Silva : Lançamento do Martelo
Enviado Especial : Edgar Barreira (texto e foto)
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