Europeu de Ar Livre finalizou os cinco dias de competição.
Alemanha anulou uma Rússia desfalcada, num campeonato que seduziu a Finlândia, mas que teve dificuldade de se impor.
Os últimos dois dias de Campeonato acabariam por definir as restantes medalhas. Depois de ontem, quarto dia, as qualificações para hoje terem sido realizadas, além das finais, hoje foi praticamente dia de finais, onde nem sendo fim-de-semana o público aderiu com a forma como os finlandeses costumam aderir a este tipo de eventos. Entre o custo dos bilhetes, ano de Jogos Olímpicos ou ausência dos principais candidatos, as opiniões dividem-se. A verdade é que este acabaria por ser um Europeu marcado em datas concorrentes com o Europeu de Futebol, o mesmo motivo pelo qual o horário das provas foi feito em função dos principais jogos de futebol, um fator limitativo que tirou algum fulgor.
RENAUD LAVILLENIE INCREMENTOU LIDERANÇA MUNDIAL
A ausência de Chritophe Lemaitre (França) fez-se sentir, nos 200 metros, com a vitória do recém-holandês Churandy Martina, que correu em lentos 20,42 segundos. Mas nem este poupar de esforço de Lemaitre levou a que a França arrecadasse o Ouro nos 4x100 metros, ficando-se pelo Bronze, onde saiu vitoriosa a seleção da Holanda com 38,34 segundos, com Martina incluído. Os 110 metros barreiras trouxeram uma liderança europeia do russo Sergey Shubenkov, numa meia-final com vento contra e onde fez 13,09 segundos, marca que não melhoraria na final, mas onde o Ouro lhe caiu no peito, fugindo de Garfield (França), este último fazendo esquecer o azar de Ladji Doucoré na meia-final. Nos 4x400 metros, vitória com 3.01,09 minutos da seleção da Bélgica, que teve a presença dos gémeos Borlée.
Nos 1500 metros a final teve logo a falha de Manuel Olmedo (Espanha), que ontem não finalizou a prova e que hoje teria feito a diferença, deixando uma final lenta para o afortunado Henrik Ingebrigtsen (Noruega), num pódio muito próximo, onde entre o quarto lugar de Hélio Gomes e o Ouro separaram 25 centésimos. Já ontem, na final de 10000 metros, o Ouro cairia na mão do turco Polat Arikan, com 28.22,27 minutos.
Renaud Lavillenie (França) começou a final de salto com vara nervoso, com alguns erros técnicos, mas acabaria por voltar ao Ouro, conquistado com liderança mundial de 5.97 metros, uma fasquia que festejou, apesar de uma forte pressão competitiva por parte do alemão Bjorn Otto, que hoje chegou ao seu recorde pessoal com 5.92 metros, com 34 anos. Com liderança europeia e 35 anos de idade, Fabrizio Donato (Itália) chegaria aos 17.63 metros, uma vitória clara no triplo salto sobre a jovem promessa Sheryf el-Sheryf (Ucrânia), que ficou ontem com 17.28 metros. Ainda nos saltos, hoje a final do salto em comprimento trouxe o domínio alemão por parte de Sebastian Bayer, com 8.34 metros, ele que foi fundamental para que a Alemanha chegasse à vitória coletiva por medalhas. Robert Harting (Alemanha) voltaria a ser dominador no lançamento do disco, tendo lançado quase dois metros sobre o segundo classificado, após 68.30 metros de lançamento. O mesmo domínio acabaria por acontecer com o húngaro Krisztián Pars, depois de vencer o lançamento do martelo com 79.72 metros, mais de dois metros sobre a medalha de Prata.
O OURO DE DULCE FÉLIX COM MEIA RETA DE AVANÇO
Na velocidade, ontem decorreu a final dos 200 metros, onde as ucranianas Mariya Ryemyen (23,05) e Hrystina Stuy (23,17) foram as donas das duas medalhas mais preciosas, deixando com o Bronze a francesa Myriam Soumaré, uma das candidatas. Nevin Yanit (Turquia) era favorita e confirmou o favoritismo, nos 100 metros barreiras, com o registo de 12,81 segundos, seguida por duas atletas bielorrussas (Alina Talay e Ekaterina Poplavskaya). A Alemanha conseguiria um importante Ouro na prova dos 4x100 metros, chegando a 42,51 segundos, uma liderança europeia que originou também uma excelente prova das atletas holandesas, que obtiveram novo recorde nacional com 42,80 segundos. Nos 4x400 metros, face a uma Rússia desprovida das suas principais atletas, a vitória foi para a seleção ucraniana, que chegou à liderança europeia com 3.25,07 minutos.
Fortes, as atletas turcas conseguiriam duas medalhas nos 1500 metros, através de Asli Çakir-Alptekin (4.05,31) e Gamze Bulut (4.06,04), prova onde a espanhola Núria Fernandez acabaria por não ir além do quinto lugar. Os 10 mil metros acabariam por ter um desfeche interessante para as cores nacionais, com Dulce Félix a chegar ao Ouro, 18 anos depois de Fernanda Ribeiro o conseguir exatamente no mesmo local. Os 31.44,75 minutos ficarão, assim, para a história do atletismo nacional, que nesta prova alcançou o expoente máximo desta edição do Europeu. Nova vitória turca surgiu na prova dos 3000 metros obstáculos, por intermédio de Gulcan Mingir, que finalizou em 9.32,96 minutos, uma marca relativamente lenta para uma vitória neste evento.
Depois da polémica da qualificação para a final do salto com vara, Jirina Ptácniková (Rep. Checa) acabaria mesmo campeã, com 4.60 metros, ela que foi a origem da polémica que se estabeleceu na qualificação, com o restante pódio a ser saltado também a 4.60 metros. Quem segurou o favoritismo foi Sandra Perkovic (Croácia), atleta que tem tido uma época fantástica nos meetings e que chegou hoje ao Ouro com 67.62 metros, com mais dois metros de vantagem sobre Nadine Muller (Alemanha). A polaca Anita Wlodarczyc acabaria por beneficiar da ausência da atual campeã europeia, Betty Heidler, para vencer com 74.29 metros.
No heptatlo, que terminou no dia de ontem, o Ouro acabaria no peito da francesa Ida Djimou, com 6544 pontos, novo recorde pessoal desta atleta, que ficaria com mais de uma centena de pontos de vantagem sobre as duas restantes colegas de pódio.
ALEMANHA VITORIOSA NAS DUAS FORMAS DE CLASSIFICAÇÃO, PORTUGAL COM BOM EUROPEU
Apesar de ter sido um Europeu com algumas ausências, o valor das competições existiu, tal como a luta pelas medalhas. A Alemanha acabaria a vencedora nessa tabela de medalhas, com 6 Ouros, 6 Pratas e 4 Bronzes, contra os 5 Ouros, 4 Pratas e 6 Bronzes da Rússia, que foi segunda classificada. A Rússia quase perdia o segundo lugar, com a seleção da França a ter apenas menos um Bronze. A Ucrânia, que foi a seleção com mais medalhas (17 no total) e inesperadamente a Turquia, acabariam nos lugares seguintes. Nesta tabela a seleção portuguesa, com três medalhas (uma de cada tipo) seria 11ª seleção, em igualdade com Hungria e Itália.
Já olhando a tabela de pontuação, o pódio modifica-se apenas no terceiro lugar, com vitória da Alemanha (198 pontos) e segundo lugar da Rússia (155 pontos). A Ucrânia superaria, no terceiro lugar, a França, fazendo144 pontos, mais quatro que os franceses. Portugal terminaria no 14º lugar, numa luta renhida com a Noruega que realizou os mesmos 38 pontos. Participaram cerca de meia centena de países europeus, sendo 35 deles classificados nesta tabela.
CLASSIFICAÇÃO (tabela de pontuação – considerando os oito primeiros lugares)
1. Alemanha – 198
2. Rússia – 155
3. Ucrânia – 144
4. França – 140
5. Grã-Bretanha – 94
6. Turquia – 71
7. Rep. Checa – 68
8. Espanha – 61
9. Holanda – 60
10. Itália – 59
11. Polónia – 54
12. Bielorrússia – 46
13. Noruega – 38
14. Portugal – 38
15. Suécia - 36
Enviado Especial : Edgar Barreira
|