|
Beatriz Pascual e Matej Toth venceram.
A 21ª edição do Grande Prémio de Rio Maior em Marcha Atlética teve fortes disputas, com vista à Taça do Mundo e aos Jogos Olímpicos.
Esta foi mais uma etapa pertencente ao Challenge Mundial, prova que contou com a presença de alguns dos bons valores internacionais da marcha. A tarde não esteve com condições climatéricas favoráveis à prática desta disciplina e aos marchadores presentes acabaria por restar a vontade de finalizar a prova, dentro dos melhores registos possíveis. Do lado feminino acabaria por haver mais interesse, não estivessem três vagas em disputa para os Jogos Olímpicos de Londres. A prova teve a presença de atletas de 20 países, que tiveram as suas bandeiras hasteadas junto da zona de meta.
ANA CABECINHA E INÊS HENRIQUES TERÃO QUASE GARANTIDO PRESENÇA EM LONDRES
Foram quatro portuguesas em busca de três lugares para Londres, neste que foi o segundo embate dentro dos critérios estabelecidos pelos selecionador. Ana Cabecinha, que já tinha sido campeã nacional de estrada, além de deter a melhor marca em 2012, buscava em Rio Maior a garantia de um lugar para os Jogos Olímpicos. A prova acabaria por ter um início relativamente lento, com um grupo compacto de atletas e ao longo da prova duas portuguesas (Ana Cabecinha e Inês Henriques) seguiram sempre dentro do grupo, com Susana Feitor e Vera Santos a descolarem cedo. Apesar da descolagem destas atletas, as diferenças mantiveram-se estáveis num momento inicial, mas a diferença aumentou com o aumento do ritmo de competição a partir da metade da prova.
Se aos 10 quilómetros o grupo principal tinha oito atletas, daí para a frente todo o grupo se foi desfazendo, até que a duas voltas do fim já só Ana Cabecinha e a espanhola Beatriz Pascual seguiam na frente, com Inês Henriques à vista. A última reta, que teve sempre vento de frente, acabaria por não ser favorável à portuguesa, com Pascual a cortar a linha de meta com o registo de 1:31.02 hora, com Cabecinha a cinco segundos. A espanhola melhorou, assim, o segundo lugar de há um ano atrás. Henriques acabaria terceira classificada, com o tempo de 1:31.31 hora. Mais para trás estava a luta entre Susana Feitor e Vera Santos, esta última que durante uma boa parte da prova esteve em algum sofrimento.

“As condições não eram as melhores, até porque não gosto muito de provas aos esticões”, considerou Ana Cabecinha que agora só pensa na Taça do Mundo, com a quase certeza da sua seleção, depois de boas prestações nesta época. “Na Taça do Mundo vou pensar coletivamente. Se fizer um bom resultado individual seria outro sobre azul”. Depois de vencer em Chihuahua, Inês Henriques acabaria por fazer uma parte final melhor que a inicial : “Nos primeiros cinco quilómetros não estava confortável”. A atleta acabaria por confiar na serenidade e acabaria por ir melhorando, até que nas últimas voltas acabaria por se desgastar abruptamente, mas sempre com o terceiro lugar bem seguro, apesar de uma excelente prova da veterana Cláudia Steff (Roménia). A atleta Erica Sena (Brasil) acabaria, no quinto lugar, por obter o recorde brasileiro, com 1:31.53 hora. Quem também acabaria por se queixar do dia foi a vencedora Beatriz Pascual, que tal como Henriques se queixou de problemas de estômago. “Foi um dia um pouco difícil”, confessa. Com a preparação atrasada, Susana Feitor considerou que “era importante não me lesionar e chegar ao fim”, confessando que a sua gestão foi estratégica, no que toca à luta para as três vagas de Londres. A desiludida do dia foi mesmo Vera Santos, que estava desapontada com a sua prestação, provavelmente por uma má adaptação ao nível do mar, três dias depois de vir de um estágio de altitude. “Não consegui mostrar tudo o que tinha para mostrar”, considerou Vera Santos que terá a sua última oportunidade na Taça do Mundo de Marcha, para convencer o selecionador nacional que esteve atento ao desenrolar da prova.
JOÃO VIEIRA SOFREU COM REGRESSO DA ALTITUDE E APONTA DEDO AO CALENDÁRIO
A prova masculina teve muito menos impacto que a prova feminina, não pelos resultados globais, mas por pouca competitividade entre os atletas portugueses, com Sérgio Vieira a aquecer, mas a não participar e João Vieira a desistir. A prova não lhe corria de feição e a sete voltas do fim o papel de João Vieira era mais de “lebre” a Vera Santos, que estagiou com o seu treinador e regressou da altitude quase diretamente para este evento. No final o atleta não compreendia muito bem o ocorrido, apesar de ter apontado o estágio como possível causa da má prestação, tanto de Vera Santos, como de si próprio : “Deve ter sido um problema da descida de altitude”. O atleta acabaria por apontar a mudança na estratégia da ida para a altitude devido ao calendário nacional deste ano. Entre a opção dos 20 e 50 quilómetros, essa será uma opção para depois da Taça do Mundo de Marcha.

Com isto, a luta entre portugueses estava limitado aos atletas a preparar os 50 quilómetros para a Taça do Mundo, com o português Pedro Isidro a levar a melhor, com o registo de 1:26.52 hora, concluindo no 17º lugar. Augusto Cardoso, que hoje jogava uma importante cartada para a sua presença na Taça do Mundo, concluiu na 19ª posição, enquanto o jovem Luís Lopes terminou em 22º lugar. “Senti-me bem, a prova correu bem, mas não foi a marca que eu previa”, disse Pedro Isidro no final.
A luta pelo pódio foi, assim, totalmente estrangeira. A prova foi bastante contida e o pelotão seguiu junto até perto do final, onde se destacou o eslovaco Matej Toth (1:20.25), naquela que foi a sua terceira participação em Rio Maior. "A prova foi muito tática. Talvez tenha tido mais energia que os outros", disse Toth no final. Os mexicanos Eder Sanchez (1:20.48) e Isaac Palma (1:21.13) completaram o pódio da prova masculina.
QUATRO JUNIORES GARANTIRAM PRESENÇA EM SARANSK
As provas juniores tinham também objetivos da chegada à Taça do Mundo de marcha, que se realiza a 12 e 13 de Maio em Saransk (Rússia). Na prova feminina Filipa Ferreira, este ano a treinar no grupo de treino de Ana Cabecinha, acabaria por vencer a prova, terminando à frente na disputa direta com Mara Ribeiro. Filipa Ferreira (51.32) e Mara Ribeiro (51.34) acabariam com mínimos para a Taça do Mundo, superando o registo de 52 minutos solicitado como marca de referência. Quanto ao resultado hoje conseguido, Filipa Ferreira, contente mas atenta à prova de Ana Cabecinha, considerava que a marca teria sido possível antes, não querendo deixar para o dia de hoje : “Gostava de ter feito a marca no campeonato nacional”.
Na prova masculina outros dois atletas estiveram abaixo da marca de referência para a Taça do Mundo : Miguel Carvalho (44.45 minutos) e Bruno Pedro (45.22 minutos). Os dois marcharam abaixo dos 45.30 minutos, mas apenas o primeiro conseguiu um lugar no pódio, que falou em espanhol nos dois primeiros lugares. O mexicano Mario Sanchez (42.13) e o espanhol Juan Raya (43.39) acabariam à frente dos portugueses. “A prova em si foi boa, mas com estas condições era difícil fazer uma marca melhor”, disse Miguel Carvalho no final.

RESULTADOS:
Juniores Fem. (10 Km):
1. Filipa Ferreira (Portugal/CO Pechão) – 51.32
2. Mara Ribeiro (Portugal/CN Rio Maior) – 51.34
3. Marisol Perez (Espanha) – 54.04
Juniores Masc. (10 Km):
1. Mario Sanchez (México) – 42.13
2. Juan Raya (Espanha) – 43.39
3. Miguel Carvalho (Portugal/CN Rio Maior) – 44.45
Seniores Fem. (20 Km):
1. Beatriz Pascual (Espanha) – 1:31.03
2. Ana Cabecinha (Portugal/CO Pechão) – 1:31.08
3. Inês Henriques (Portugal/CN Rio Maior) – 1:31.31
4. Claudia Steff (Roménia) – 1:31.45
5. Erica de Sena (Brasil) – 1:31.53
(…)
7. Susana Feitor (Portugal/Individual) – 1:32.36
8. Vera Santos (Portugal/Sporting CP) – 1:33.34
Seniores Masc. (20 Km):
1. Matej Toth (Eslováquia) – 1:20.25
2. Eder Sanchez (México) – 1:20.48
3. Isaac Palma (México) – 1:21.13
4. Robert Heffernan (Irlanda) – 1:21.28
5. Horacio Nava (México) – 1:22.04
(…)
17. Pedro Isidro (Portugal/SL Benfica) – 1:20.25
20. Augusto Cardoso (Portugal/) – 1:29.19
21. Luís Lopes (Portugal/Gira Sol) – 1:29.35
22. Dionísio Ventura (Portugal/) - 1:29.53
Enviados Especiais : Edgar Barreira (texto) e Joana Oliveira (fotos)
|