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Campeonato de Portugal com cinco máximos do ano.
A 1ª jornada do Campeonato de Portugal teve resultados interessantes, ainda que mais moderados que noutros anos.
Espinho acolheu hoje uma boa primeira jornada, embora a ausência de atletas importantes como Naide Gomes (comprimento), Antónia Borges (peso), Inês Henriques (3000 m marcha), Sara Moreira (1500 m), Francis Obikwelu (60 m), João Ferreira e Jorge Paula (400 m), Rui Silva (1500 m), entre outros, tenha tornado esta 1ª jornada mais pobre do que noutros anos.
SÓNIA TAVARES QUASE CONFIRMOU ISTAMBUL...VERA, MAGS E CABECINHA MELHORES DO ANO
As provas de velocidade tinham algum do capital de interesse nesta jornada, porque se por um lado Sónia Tavares era favorita nos 60 metros, Vera Barbosa e Patrícia Lopes disputariam entre si os 400 metros. Na prova mais rápida o cansaço de Sónia Tavares (Beira-Mar), que chegou de um meeting em França, terá sido o motivo de não ter conseguido confirmar os mínimos, apesar de na meia-final ter corrido em 7,39 segundos, piorando na final para 7,41 segundos, ainda assim vencendo. Desta forma iguala Paula Regalo no número de vitórias neste evento, apenas ultrapassada por Severina Cravid (que conseguiu 9). A final permitiu que metade das atletas chegassem ao recorde pessoal e ai o destaque vai para Andreia Felisberto (JOMA), segunda com 7,55 segundos, mais rápida que Carla Tavares (Sporting). A melhoria em relação ao ano passado terá deixado Sónia Tavares contente, embora descontente com a marca em si, que pode melhorar num meeting em França, dia 29 ou mesmo no meeting de Pombal. Certas são as suas aspirações para o Mundial de pista coberta : “Nos Mundiais além de ultrapassar uma ronda, o objetivo é tentar bater o recorde nacional”.
Também melhor que há um ano, a prova de 400 metros voltou a evidenciar o esforço nacional de ter uma estafeta competitiva de 4x400 metros no próximo Europeu de ar livre, com o pódio abaixo dos 56 segundos. A vencedora, Vera Barbosa (Sporting) conseguiu o máximo da época e também recorde pessoal, com 54,16 segundos, passando assim a terceira melhor portuguesa de sempre, na pista coberta. Patrícia Lopes (Sporting) acabaria segunda com 54,73 segundos e Carolina Duarte (Marítimo) foi sensação na tarde, com novo recorde pessoal de 55,98 segundos.
O outro destaque da tarde foi a vitória de Ana Cabecinha (Pechão), na prova de 3000 metros marcha, numa intensa luta com Vera Santos (Sporting) que se apresentava como favorita. Não foi só a vitória que deu valor ao resultado de Ana Cabecinha, mas sim a marca que constituiu uma melhoria de cerca de doze segundos no seu recorde pessoal, repetindo a vitória de 2006 e entrando no top-10 mundial do ano. Nos 1500 metros foi Sandra Teixeira (Sporting) a vencedora, com o registo de 4.26,80 minutos, numa prova que foi marcada pela negativa com a presença de somente cinco atletas (!).
Nos concursos foi Shaina Mags (Sporting) quem mais se destacou, no salto em comprimento, fazendo esquecer a ausência de Naide Gomes. A sportinguista conseguiu três ensaios acima dos 6.10 metros e o melhor deles foi o de 6.19 metros, contra os 6.00 de Marta Costa (Estreito) e somente 5.78 de Ungudi Quiawacana (Benfica). Apesar de tudo foi Marta Costa (portuguesa) a campeã nacional, que passou a igualar Ana Oliveira no terceiro lugar de sempre, com quatro vitórias. Já para Marisa Anselmo (Sporting), na prova de salto em altura, foi a sexta vitória, passando assim para a liderança das mais vencedoras de sempre em salto em altura. A verdade é que 1.73 metro foi muito inferior ao que já obteve na carreira, ficando com Ana Monjane (Sporting) a “morder-lhe” os calcanhares, com a mesma marca, para esta jovem um novo recorde pessoal depois de uma época de pista coberta algo apagada. Anabela Neto (Sporting), vencedora há um ano, ficou-se pelo terceiro lugar. Por último, Irina Rodrigues (Sporting) provou o seu favoritismo na prova de lançamento do peso, com 14.68 metros.
MARCOS CHUVA PISCOU OLHO A ISTAMBUL...YAZALDES 16 ANOS DEPOIS DE LUÍS CUNHA
Depois de há uma semana ter derrotado Francis Obikwelu, hoje ausente, Yazaldes Nascimento (Benfica) provou a sua supremacia na pista coberta e derrotou dois colegas de equipa com níveis de forma semelhantes, Arnaldo Abrantes e Ricardo Monteiro. Até à final todos geriram o esforço, apesar de na meia-final oito atletas terem corrido abaixo dos sete segundos. A final acabaria por ter um nível inferior ao desejado, apesar da luta intensa pela vitória, entre Yazaldes Nascimento (6,78), Arnaldo Abrantes (6,79) e Ricardo Monteiro (6,82). Há 16 anos que nenhum atleta benfiquista vencia os 60 metros, um feito hoje tornado possível por aquele que pode ser o destaque dos 200 metros na época de ar livre.“É a primeira vez que sou campeão de 60 metros. A corrida foi boa, estivemos os dois muito parecidos”, referenciou Yazaldes relativamente a Arnaldo Abrantes, esperançado que este equilíbrio permita uma boa equipa de estafeta de 4x100 metros para o Europeu de ar livre. A recuperar de um toque da semana passada, Yazaldes até considera que a prova poderia ter sido mais rápida e não tem dúvidas que a luta renhida lhe é benéfica : “Se estivesse cá o Francis não era fácil, mas com o Arnaldo também não é fácil. É bom para evoluir!”. A prova de 400 metros esteve mais apagada, sem as duas referências nacionais da distância, com a vitória a ir para Ricardo Lima (Sporting), com 48,87 segundos, numa prova onde o oitocentista António Rodrigues (Individual) foi segundo classificado, mas mais lento que em 2011.
Com a melhor marca nacional do ano esteve Hélio Gomes (Sporting) na prova de 1500 metros, apesar de não estar ao nível de 2011. A repetição da vitória de há um ano, agora com 3.45,05 minutos, permitiu-lhe ser quatro centésimos mais rápido que a obtida no apuramento para o nacional de clubes. Quem aqui se destacou foi novamente Miguel Moreira (Benfica) que vive um dos melhores momentos da jovem carreira, ao obter novo recorde pessoal, com 3.51,68 minutos, batido ainda por Bruno Albuquerque (3.49,83). Nos 5000 metros marcha a prova de João Vieira (Sporting) foi um “passeio”, obtendo o atleta o registo de 19.53,96 minutos. Esta foi a 14ª vitória do marchador na história deste campeonato, que desde 1996 tem vitória de um dos gémeos Vieira (em 1998, 1999 e 2010 venceu Sérgio Vieira, hoje ausente).
Marcos Chuva (Benfica) acabaria por ser o destaque do dia, ao chegar aos 8 metros na prova de salto em comprimento, uma marca emblemática que o transporta para terceiro melhor português de sempre em pista coberta, empatado com Gaspar Araújo e só ultrapassado pelas lendas vivas de Nelson Évora e Carlos Calado. O concurso até nem lhe corria bem, mas ao quarto ensaio chegaria aos 7.99 metros e no ensaio seguinte aos 8.00 metros. Este registo, a 15 centímetros dos mínimos para o Mundial de pista coberta, coloca assim a possibilidade do atleta vir a ser convocado, já que respeita os critérios nacionais e internacionais, que permitem que a sua marca ao ar livre de 2011 conte como mínimo para Istambul, pelo que agora a decisão final é do selecionador nacional : “O objetivo era fazer o melhor possível. Vim para esta prova com a ideia de que era a minha ultima hipótese de fazer o melhor possível. Estou muito feliz por sentir que fiz o máximo”. Sobre o Mundial o saltador considera que “caso que não vá ao Mundial fico muito feliz na mesma”, embora transpareça vontade na presença, até porque estes 8 metros foram obtidos com uma pubalgia ainda ativa e quase curada...e afinal a marca sempre é a décima melhor marca portuguesa de sempre (!). O atleta não considera fazer mais nenhuma prova em pista coberta, excepto Istambul, se for selecionado! Com menos sorte esteve Edi Maia (Sporting), que no salto com vara se ficou pelos 5.40 metros, numa prova os melhores estiveram “desinspirados”. Ainda assim o varista não perde esperança no atingir da marca para Istambul e ainda conta com duas competições antes da possível seleção...
No heptatlo seguem na frente os irmãos Santos, da Casa do Povo de Alcanena. Pedro Santos (2904), Carlos Santos (2838) e Tiago Marto (2826) seguem nos três primeiros lugares, onde face à superação dos atletas de Alcanena, relativamente há um ano, Marto encontra-se mais atrás do que seria suposto, em condições normais. As restantes provas do heptatlo disputam-se amanhã, numa jornada que começa de manhã.
CAMPEÕES NACIONAIS:
Femininos :
60 m – Sónia Tavares (Beira-Mar) – 7,41 (7,39 na meia-final)
400 m – Vera Barbosa (Sporting) – 54,16
1500 m – Sandra Teixeira (Sporting) – 4.26,80
Altura – Marisa Anselmo (Sporting) – 1.73
Comprimento – Marta Costa (GD Estreito) - 6.00 (Shaina Mags – 6.19)
Peso – Irina Rodrigues (Sporting) – 14.68
3000 m Marcha – Ana Cabecinha (CO Pechão) – 12.34,00
Masculinos :
60 m – Yazaldes Nascimento (Benfica) – 6,78
400 m – Ricardo Lima (Sporting) – 48,87
1500 m – Hélio Gomes (Sporting) – 3.45,05
Vara – Edi Maia (Sporting) – 5.40
Comprimento – Marcos Chuva (Benfica) – 8.00
5000 m Marcha – João Vieira (Sporting) – 19.53,96
Enviado Especial : Filipe Oliveira (fotos)
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