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Manuel Damião e Dulce Félix campeões de estrada.
Os 15 Km de Benavente mudaram este ano para Janeiro para acolherem o Campeonato Nacional de Estrada e foram muitos os que se deslocaram a esta localidade ribatejana.
A manhã ameaçava chuva, acabando por chover perto do final do evento, as estradas de alcatrão estavam molhadas. Cerca de seis centenas de atletas deslocaram-se a Benavente para percorreram um circuito de cinco quilómetros entre o centro de Benavente e Barrosa. Num sistema de voltas, semelhante a Cesar, há um ano, a prova desenrolou-se sem precalços de maior, apesar do estreitamento de algumas vias que, só por sorte, não deram em problemas na quebra do ritmo dos primeiros classificados, principalmente na última viragem para a reta da meta, essa bem montada para o evento em questão. O “esmagamento” foi da equipa orientada por Rafael Marques, o Maratona Clube de Portugal, que levou a melhor sobre o SC Braga, em femininos e sobre a Conforlimpa, em masculinos.
GRUPO COESO DESFEZ-SE NA ÚLTIMA VOLTA, A FAVOR DE MANUEL DAMIÃO
Era mais favorável ao Maratona Clube de Portugal a disputa deste evento, apesar da Conforlimpa apresentar atletas como Hermano Ferreira ou Tiago Costa, que hoje não conseguiram marcar a diferença, perante um coletivo laranja muito constante. As duas primeiras voltas foram passadas em grupo, onde o Maratona sempre apresentou as suas unidades no grupo, enquanto que a Conforlimpa dependia bastante de Hermano Ferreira, Tiago Costa e Marco Morgado, já que Licínio Pimentel e José Ramos se apresentavam com menor capacidade de fazer a diferença.
As passagens intermédias no ponto de meta foram sendo progressivamente mais lentas e tudo se acabaria por decidir no último meio quilómetro, onde predominou a ponta final de Manuel Damião (Maratona) que afinal tinha a corrida a seu favor. A entrada na reta da meta foi feita na disputa interna, dentro da equipa, superando-se relativamente a José Rocha e Youssef el Kalai. Os 44.09 minutos atingidos por Damião foram três segundos mais rápidos que o tempo de Rocha e quatro segundos mais rápido que Youssef el Kalai. “As coisas acabaram por correr bem apesar de ter tido uma gripe depois da São Silvestre da Amadora”, disse-nos o vencedor Manuel Damião, que destacou o ritmo vivo da prova. Com 33 anos, a caminhar para os 34 anos, Damião considera que “um dos grandes objetivos da carreira foi obtido”, ao triunfar nesta prova, estando a preparar os Jogos Olímpicos de Londres, na distância de 5000 metros. Para o que resta da temporada e no que toca a provas coletivas, não tem dúvidas que o Maratona Clube de Portugal é favorito : “esta equipa é muito forte e será difícil que outra equipas nos faça frente”.
O Maratona Clube de Portugal não se ficaria por aqui, conseguindo ainda o 4º lugar por intermédio de Sérgio Silva (44.19 minutos) que acabaria à frente de Tiago Costa, o primeiro elemento da Conforlimpa, no 5º lugar. Paulo Gomes (Individual) e Rui Teixeira (Maratona) ainda iriam separar por maior diferença o segundo elemento da equipa das limpezas, Marco Morgado, que depois de ter sido sensação no ano passado, terminou hoje no 8º lugar. Hermano Ferreira (Conforlimpa), campeão há um ano, ainda andou na frente da corrida mas acabaria por quedar-se no 10º lugar, a mais de um minuto do vencedor.
Coletivamente o Maratona Clube de Portugal venceu com a pontuação mínima, 10 pontos, definidos pelos quatro primeiros classificados, bem à frente da Conforlimpa que viu a sua vantagem histórica reduzida em uma vitória, hoje com 34 pontos. O Maia AC foi a terceira melhor equipa em Benavente, com o seu melhor elemento a ser Pedro Ribeiro, no 12º lugar, equipa que fechou coesa até ao 16º lugar.
DULCE FEZ FESTA, EM DIA DE ANIVERSÁRIO PARA ANA DIAS
Foi, naturalmente, ainda mais esmagador o domínio do Maratona Clube de Portugal no setor feminino, apesar de não se refletir nos dez pontos igualmente alcançados pelas quatro primeiras classificadas. A prova, desde cedo, teve um domínio claro de Dulce Félix, que cedo veio para a frente sem querer ter nenhuma das adversárias a seu lado, fazendo valer o seu estatuto de uma das melhores fundistas europeias da atualidade. Depois do impulso que deu na primeira volta, deixando descolada a sua colega Ana Dias cerca de 50 metros na primeira passagem, mas já 39 segundos na segunda passagem, Dulce Félix foi retirando o pé do acelerador, limitando-se a gerir. Depois de dois anos em que venceu Jéssica Augusto, ausente hoje e Sara Moreira, que esteve hoje presente a assistir ao evento, Dulce juntou a vitória de hoje com a de há um ano atrás fazendo também ela a dobradinha. Sobre a sua vitória, Dulce considerou-a “fácil”, contente por “conseguirmos ganhar por equipas como era o objetivo”. Agora a atleta terá pela frente a Taça dos Clubes Campeões Europeus de corta-mato e ainda o Nacional de corta-mato, antes de pensar a 100% para os Jogos Olímpicos. Com sentimento agridoce estava Sameiro Araújo, treinadora de Dulce Félix, que gostaria mais de ter a sua atleta no seu clube, o SC Braga, numa prova onde também esteve Manuela Machado a assistir, uma das atletas de sucesso que foi orientada no passado por Sameiro Araújo.
Com 38 anos de idade, feitos hoje mesmo, Ana Dias parece valer-se da célebre comparação com o vinho do Porto, porque apesar dos 52 segundos de diferença para Dulce Félix, esteve também 21 segundos à frente de Leonor Carneiro, que foi no início desta época uma das sensações do atletismo nacional. Hoje declarou que deverá ser a sua última época ao mais alto nível, onde esperará fechar a sua carreira internacional em Londres : “há um altura em que temos de saber parar”, referenciou já olhando para a possibilidade de ser mãe mal termine a carreira. Fechou o pódio Leonor Carneiro, que foi seguida por mais três colegas de equipa : Anália Rosa, Mónica Silva e Inês Monteiro.
Não há dúvidas, assim, que o Maratona foi a equipa campeã, com o SC Braga a repetir o segundo lugar (43 pontos), onde o melhor elemento foi Filomena Costa. A ADERCUS foi a equipa terceira classificada, com 60 pontos, onde Carla Martinho (10º) foi a melhor classificada individualmente.
RAFAEL MARQUES RADIANTE, JOSÉ BARROS COM EXPETATIVA PARA A PISTA
No final Rafael Marques, diretor técnico da equipa do Maratona Clube de Portugal, estava naturalmente feliz pelo resultado coletivo alcançado, já que melhor era mesmo impossível. “Com a equipa que temos, tinhamos de ganhar sem problema”, considerou Rafael Marques que considerou equilibradas as prestações dos seus atletas e dentro do que era esperado : “todos fizeram o que pertencia”. Perspetivando já as duas competições por clubes que restam à equipa, Rafael Marques não tem dúvidas da potencialidade de ambas as equipas se sagrarem campeãs nacionais de corta-mato, tentando que o setor feminino traga o título europeu da especialidade para casa até porque “queremos estar no próximo ano na Taça dos Clubes Campeões Europeus com as duas equipas”.
O diretor técnico nacional, José Barros, estava também contente com o desenrolar da prova de hoje, não dando por perdidos os 600 quilómetros que fez para estar hoje de manhã em Benavente. Na análise aos resultados considerou-os esperados e viu com bons olhos o regresso de Inês Monteiro, a recuperar gradualmente a sua forma e que se classificou em 6º lugar, depois de já ter vencido por quatro vezes o Nacional de Estrada : “aguardamos que atletas como Inês Monteiro recuperem”. Gostando do que viu de muitos dos atletas e realçando a capacidade dos atletas alternarem o sucesso nos clubes com os objetivos de seleção, José Barros considera que foi um bom teste para a pista e onde espera uma participação mais massiva no Torneio Ibérico de 10000 metros.”Acredito que teremos mais do que três atletas com mínimos para os 10000 metros no Europeu de Ar Livre”.
FALTARAM CHIPS PARA BENAVENTE TER OBTIDO SUCESSO ORGANIZATIVO
O CUA Benaventense com toda a certeza fez o seu melhor, mas entregando a elaboração de resultados a uma equipa de juízes da Associação de Atletismo de Santarém condenou o seu próprio sucesso organizativo, porque sendo Campeonato Nacional de Estrada deveria prosseguir o nível organizativo de anos anteriores. Este lapso, por certo provocado por condições financeiras, levou a que não existissem tempos a partir do 90º lugar, ou seja, cinco das atletas do top-10 feminino terminaram sem tempo atribuído. O atraso dos pódios de atribuição de prémios acabariam por ser um problema decorrente desta falta de chips e, desta forma, uma manhã que terminou a chover ficou ainda mais gelada pela espera...
RESULTADOS:
Masculinos:
1. Manuel Damião (Maratona) - 44.09
2. José Rocha (Maratona) - 44.12
3. Youssef el Kalai (Maratona) - 44.13
4. Sérgio Silva (Maratona) - 44.19
5. Tiago Costa (Conforlimpa) - 44.21
6. Paulo Gomes (Individual) - 44.23
7. Rui Teixeira (Maratona) - 44.36
8. Marco Morgado (Conforlimpa) - 44.51
9. Fernando Silva (Maratona) - 45.00
10. Hermano Ferreira (Conforlimpa) - 45.13
Coletiva
1. Maratona CP – 10
2. GDR Conforlimpa – 34
3. Maia AC – 56
4. Cyclones – 106
5. SC Reboleira – 125
Femininos
1. Dulce Félix (Maratona) - 49.45
2. Ana Dias (Maratona) - 50.37
3. Leonor Carneiro (Maratona) - 50.56
4. Anália Rosa (Maratona) - 51.30
5. Mónica Silva (Maratona) - 52.32
6. Inês Monteiro (Maratona)
7. Filomena Costa (SC Braga)
8. Daniela Cunha (Maratona)
9. Fernanda Miranda (SC Braga)
10. Carla Martinho (ADERCUS)
Coletiva :
1. Maratona CP – 10
2. SC Braga – 43
3. ADERCUS - 60
Enviados Especiais : Edgar Barreira (texto) e Joana Oliveira (fotos)
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