Ciclo teve recordes em ambos os géneros.
Apesar da especialidade estar ainda distante dos grandes resultados internacionais, a melhoria neste ciclo olímpico permite trazer alguma esperança ao lançamento do dardo em Portugal.
A renovação é a nota fundamental na análise ao lançamento do dardo, prova onde Portugal só conseguiu por uma vez marcar presença nos Jogos Olímpicos, através de Sílvia Cruz que esteve em 2008 em Pequim. Em masculinos a renovação já ocorreu com as marcas de recorde de nacional de Tiago Aperta, ainda jovem, numa luta que podia até estar mais cerrada não fosse um caso de doping...A profundidade em femininos foi recuperada em 2011, mas em masculinos o alcance do topo de Tiago Aperta trouxe efeitos negativos na profundidade de resultados...
TANTOS RECORDES BATIDOS, FAZEM PROMETER O FUTURO DE TIAGO APERTA
A transmissão da liderança dos rankings foi feita dentro do mesmo grupo de treino e este ciclo acaba por ser proveitoso nesse sentido, no sector masculino. Elias Leal, que foi dominador durante alguns anos, tendo mesmo chegado ao recorde nacional, lançou a níveis semelhantes entre 2008 e 2010, obtendo como melhor os 72.73 metros, que constituíam o anterior recorde nacional. Com 34 anos, Elias Leal teve um ano de 2011 muito abaixo dos anos anteriores, tendo terminado em 64.36 metros. Inspirado pelo seu colega de treino, depois da sua mudança de Abrantes para Lisboa, Tiago Aperta confirmou o que vinha ameaçando em 2010, o ataque à liderança. Ainda como junior o atleta passou dos 70.43 metros em 2010 para os 73.94 metros em 2011, um recorde que foi sendo sucessivamente melhorado...A regressão nas marcas de lançadores como Carlos Tribuna (passou dos 67.80 metros de 2008 para os 62.11 metros de 2011) e Hélder Pestana (passou dos 67.49 metros de 2008 para os 63.70 metros de 2011), tem reduzido a profundidade dos resultados no sector masculino. Já Luís Almeida, que em 2009 e 2010 foi o segundo melhor português, invalidou a sua progressão pelo caso de doping que ocorreu em 2010 por drogas sociais, pelo que só deverá voltar às competições em 2013.
Com apenas 19 anos Tiago Aperta é assim a grande referência da especialidade que tem congelado a progressão de outros jovens. São cerca de 15 metros que distanciam Tiago Aperta de João Fernandes, que é um ano mais velho que o recordista nacional. Será difícil adivinhar a sucessão de um atleta que é ainda jovem, mas parece que os próximos ciclos olímpicos estão do lado de Aperta.
Foto : Filipe Oliveira / Atleta-Digital
SÍLVIA CRUZ NA FRENTE, À ESPERA DA SUCESSÃO...
Todo o ciclo tem sido de Sílvia Cruz, atleta que é a atual recordista nacional e que atingiu esse recorde no ano de 2008, ano em que esteve presente nos Jogos Olímpicos, em Pequim. Desde aí a atleta não conseguiu manter o nível das marcas em 2009 e 2010 e em 2011, excepção feita a uma competição realizada em Março, as marcas continuaram longe do seu recorde de 2008, o que motivou a sua ausência no Mundial de Ar Livre, apesar de ter mínimos. A marca de 59.52 metros teria sido suficiente para garantir os mínimos para os Jogos Olímpicos do próximo ano, pecou apenas por ter sido alcançada no momento errado da época, em Março, dado que os mínimos só contam a partir de 1 de Maio de 2011 para a maioria das disciplinas, esta incluída. Apesar de tudo, Sílvia Cruz historicamente abriu a participação olímpica portuguesa no lançamento do dardo, em 2008 e é, comparativamente ao sector masculino, mais capaz internacionalmente atualmente. Depois de um bom ano de 2008, 2009 e 2010 foram anos com menor profundidade de resultados. Marisela Silva, que em 2008 estava com 50.86 metros foi descendo no seu rendimento, tendo desaparecido do top-3 do ranking nacional desde 2010. Carla Ratão, que também pratica a prova de 400 metros planos, foi competindo em França de forma muito uniforme, tendo lançado 49.29, 45.46 , 48.78 e 49.35 metros, respectivamente em cada um dos anos. Ana Pires, a competir em Espanha, tem estado muito regular em torno dos 46 metros, o que lhe chegou a permitir o terceiro lugar do ranking em 2009. A açoriana Elisabete Silva tem subido no ranking e com 19 anos, a mesma idade de Tiago Aperta, é já a segunda melhor portuguesa de 2011, com 50.06 metros, marca que lhe permitiu estar no Europeu de Juniores. Ou seja, o desenvolvimento da especialidade promete ter o futuro fora de Portugal Continental, porque das melhores da atualidade só Sílvia Cruz treina regularmente em Portugal Continental.
Acima dos 40 metros, no sector jovem, Cátia Costa (42.95), Benvinda Costa (41.39) e Nanci Sousa (40.52) são as atletas jovens mais promissoras, ainda que longe de Elisabete Silva que poderá muito bem ser a sucessora de Sílvia Cruz quando esta atleta abandonar a carreira, o que poderá só vir a acontecer no fim do ciclo dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, altura em que Elisabete Silva poderá estar mais preparada para outros desafios internacionais.
Foto : Filipe Oliveira / Atleta-Digital
MÍNIMOS:
Masc. A – 82.00 (nenhum atleta) | Masc. B – 79.50 (nenhum atleta)
Fem. A – 61.50 (nenhuma atleta) | Fem. B – 59.00 (Sílvia Cruz)
RANKINGS
Masculinos:
2008 – 72.73 (Elias Leal) | 67.80 (Carlos Tribuna) | 67.49 (Helder Pestana)
2009 – 71.86 (Elias Leal) | 68.85 (Luís Almeida) | 66.96 (Helder Pestana)
2010 – 72.54 (Elias Leal) | 72.22 (Luís Almeida) | 70.43 (Tiago Aperta)
2011 – 73.94 (Tiago Aperta) | 64.36 (Elias Leal) | 63.70 (Helder Pestana)
Nº de presenças nos Jogos Olímpicos : 0
Melhor marca em Jogos Olímpicos : nenhuma
Femininos:
2008 – 59.76 (Sílvia Cruz) | 50.86 (Marisela Silva) | 49.29 (Carla Ratão)
2009 – 55.67 (Sílvia Cruz) | 48.20 (Marisela Silva) | 46.02 (Ana Pires)
2010 – 55.87 (Sílvia Cruz) | 48.78 (Carla Ratão) | 47.72 (Elisabete Silva)
2011 – 59.52 (Sílvia Cruz) | 50.06 (Elisabete Silva) | 49.35 (Carla Ratão)
Nº de presenças nos Jogos Olímpicos : 1 (1 em 2008)
Melhor marca em Jogos Olímpicos : Sílvia Cruz (2008) – 57.06
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