Alguns dos melhores atletas mundiais correrão dia 31.
O último dia do ano em Luanda fica marcado por uma prova muito estimada pelos angolanos, que promete colocar a correr mais de um milhar.
Angola é um país cujo atletismo se encontra em desenvolvimento, sendo a São Silvestre de Luanda a bandeira da mostra internacional do atletismo angolano. Não é por acaso que esta já será a 56ª edição e a forte aposta em atletas internacionais acaba por tornar esta corrida verdadeiramente internacional. Esta prova que começou com o nome de São Silvestre, passou em 1985 a chamar-se Demósthenes de Almeida, voltando ao nome original no ano de 2002. 1964 é o ano em que a prova passou a ter um carácter verdadeiramente internacional, até hoje...Só por duas ocasiões a prova não se realizou, em 1961, por causa de grupos armados nacionalistas e em 1978, por falta de condições da Federação Angolana de Atletismo.
Portugal tem tido quase sempre representações, mais não seja pela sua ligação à sua ex-colónia, tendo na história do evento ocorrido algumas vitórias. Foram os casos de Manuel Oliveira (1965 e 1966), Anacleto Pinto (1967), José Sena (1983), Manuel Matias (1986), no sector masculino, Rita Borralho (1984 e 1987), Conceição Ferreira (1985), Albertina Dias (1986, 1988, 1995 e 1996) e Felicidade Sena (1990) no sector feminino. Desde 1990 que nenhum atleta português chega à vitória, em provas que passaram a ser dominadas por etíopes e quenianos, países que voltam a ter participações massivas na São Silvestre de Luanda.
A Organização confirmou hoje a presença de 130 atletas estrangeiros e mais de um milhar de atletas angolanos, o que mostra de certa forma a força do evento. Etiópia, com 35 atletas e Quénia, com 25 atletas, são os países estrangeiros com maior número de atletas, de onde se destacam Silas Sang, Keptor Menjo, Haile Gebrselassie e Deriba Merga. No ano passado venceram Gebrselassie e Dire Tune. A atleta etíope, que estava este ano confirmada, deverá falhar presença devido a lesão. Mas a luta pela vitória do lado masculino parece que terá maior emoção neste ano, com a presença do eritreu Zersenay Tadese, que correrá pelo mesmo clube que Gebrselassie, o clube angolano do Kabuscorp, que inclui ainda Silas Sang, Kiprono Menjo e Bonsa Direba, só considerando os atletas masculinos.
Portugal e Eslovénia serão os dois únicos países europeus representados. Da Eslovénia competirá Daneja Grandovec, enquanto de Portugal as representantes, novamente da ADERCUS, serão Sara Carvalho e Joana Nunes. Sara Carvalho repete assim a sua presença, depois de no ano passado a prova não lhe ter corrido bem, por problemas gripais. Os atletas internacionais começarão a chegar ao Aeroporto de Luanda amanhã, incluídas as atletas portuguesas, embora a maioria dos atletas só chegue a Luanda na sexta-feira.
CONTROLOS ANTI-DOPING E CERTIFICAÇÃO DA AIMS SÃO NOVIDADES
Na edição deste ano, depois de em anos anteriores ter sido certificado o percurso, a novidade é a certificação internacional desta prova pela AIMS (Associação Internacional de Maratonas e Corridas). Este era um objectivo há muito tentado pela prova angolana. Além desta novidade, serão realizados controlos anti-doping aos cinco primeiros classificados, segundo o seu Director de prova, Adriano Nunes.
Pelo quarto ano consecutivo o Atleta-Digital marcará presença na cidade de Luanda para cronometragem eletrónica do evento. Tal como em anos anteriores, a cronometragem dos tempos será apoiada pelos juízes locais, tendo sido destacados 20 juízes para o próximo dia 31. A Organização estima cerca de 80 elementos de apoio ao evento, a que se junta uma estreita colaboração com as forças policiais.
Tudo está preparado em Luanda para acolher este evento que fechará o ano desportivo em Angola, que será logo iniciado dois dias depois com a realização de um meeting de pista, com a presença de muitos dos atletas que correrão a São Silvestre de Luanda no dia 31. É desta forma que a Organização tenta tornar este um dos maiores eventos de fim-de-ano em todo o Mundo, onde claramente a São Silvestre de São Paulo continua a ser o expoente máximo, não comemorasse este ano a sua 87ª edição...
Enviado Especial : Filipe Oliveira
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