Especialidade apresenta fortes assimetrias.
O lançamento do Martelo tem atualmente dificuldades de profundidade de resultados, mas também de resultados internacionais.
Não é um problema só português, principalmente ao nível do incentivo competitivo desta especialidade, já que a própria IAAF se viu obrigada a criar um circuito mundial próprio para a prova de lançamento do Martelo, o que demonstra bem a dificuldade de captar alguns valores. Em Portugal a história do lançamento do martelo vive com algumas dificuldades, até porque é pouco provável que os principais atletas encarem um novo ciclo olímpico ao mais alto nível até ao Rio de Janeiro, em 2016. O destaque, por enquanto, vai sendo mesmo Vânia Silva...
DEPOIS DE VITOR COSTA RESTOU DÁRIO MANSO
Vítor Costa é a principal referência portuguesa na história da modalidade, com presenças em Jogos Olímpicos e também o recordista nacional com 76.86 metros. Se em determinado período a luta entre Vítor Costa e Dário Manso provocou alguma esperança, com Dário Manso a chegar aos 74.98 metros em 2007, a verdade é que desde aí a tendência é descendente. Em 2008 era ainda Vítor Costa, radicado em França, que liderava o ranking com 71.45 metros, deixando Dário Manso no segundo lugar com 70.22 metros. Em 2009, 2010 e 2011 foi Dário Manso a assumir a liderança, mas progressivamente com marcas cada vez mais inferiores. O portuense, que não tem feito a aposta a 100% no atletismo, tem acabado por ser o representante português nas provas internacionais, mas parece cada vez mais longe de tentar olhar para um eventual mínimo olímpico. Com Vitor Costa a abdicar da modalidade, a profundidade da especialidade caiu a pique. André Vital e Silva, o mais velho dos irmãos Vital e Silva, passou de terceiro em 2008 para segundo em 2009, regressando ao terceiro lugar em 2010. Nessa ocasião acabaria ultrapassado pelo seu irmão mais novo, António, que depois dos promissores 67.43 metros de 2010, baixou para 64.68 metros em 2011. E o terceiro lugar de 2011 acabaria mesmo para o experiente Vitor Costa...
Sem ser António Vital e Silva, agora com 23 anos, não se vislumbra nenhum outro jovem talento com possibilidade de resultados internacionais em breve, apesar de Pedro Capela com 20 anos ter lançado 55.70 metros em 2011...A falta de esperança e a constante quebra da profundidade de resultados terão obrigatoriamente de levar a medidas mais fortes no combate do insucesso desta especialidade.
Foto : Filipe Oliveira / Atleta-Digital
VÂNIA SILVA FOI RECORDISTA EM 2011
Nesta que é uma especialidade em quebra, tem no sector feminino um “oásis” com nome de Vânia Silva, não fosse esta atleta a atual recordista nacional, com os 69.55 metros alcançados neste ano e que também lhe permitem mínimos “B” para os Jogos Olímpicos de Londres. A atleta, que já esteve em Pequim no ano de 2008, tem sido indiscutível líder nacional do ano, tendo alcançado o seu máximo neste ano, já com 31 anos de idade. Tem assim a sua derradeira presença nos Jogos Olímpicos em mente e terá de se ter em mente também que não há outra atleta portuguesa próxima, estando a mais de 10 metros de distância (!). Esta dificuldade de encontrar valores que possam suceder Vânia Silva prometem eternizá-la em lugar seleccionável para o Campeonato da Europa das Nações até que coloque um ponto final na carreira, apesar da subida de forma de outras atletas possa permitir uma inversão da tendência. Diana Sousa em 2008, na altura com 22 anos, prometia ser uma possível sucessora, até porque já tinha lançado em 2005 o bom registo de 59.38 metros. Este sucesso não ocorreu mais tarde, apesar de ainda ter ocupado o terceiro lugar do ranking de 2010. Irina Sustelo, terceira em 2008, passou a segunda em 2009 e tal como a anterior acabou por desaparecer dos rankings. Sónia Alves, segunda em 2010, também já não constou dos rankings de 2011, restando neste ano duas jovens a ocupar o top-3, Andreia Venade e Jorgina Costa.
No plano jovem poderão mesmo ser Andrei Venade e Jorgina Costa as sucessoras de Vânia Silva, que tem ainda a companheira de treino Mafuta Maketa, angolana, em subida de marcas. A verdade é que não faltam, em número, as eventuais sucessoras, mas além das referidas apenas Jéssica Galvão, também ela jovem, se encontra acima dos 50 metros para já. O futuro pode ditar alterações, mas é pouco provável que essas alterações se sintam no próximo ciclo olímpico, o que poderá levar a um longo período de estagnação desta especialidade.
Foto : Filipe Oliveira / Atleta-Digital
MÍNIMOS:
Masc. A – 78.00 (nenhum atleta) | Masc. B – 74.00 (nenhum atleta)
Fem. A – 71.50 (nenhuma atleta) | Fem. B – 69.00 (Vânia Silva)
RANKINGS
Masculinos:
2008 – 71.45 (Vitor Costa) | 70.22 (Dário Manso) | 65.13 (André Vital e Silva)
2009 – 72.17 (Dário Manso) | 66.13 (André Vital e Silva) | 64.82 (Carlos Vicente)
2010 – 71.79 (Dário Manso) | 67.43 (António Vital e Silva) | 63.79 (André Vital e Silva)
2011 – 71.25 (Dário Manso) | 64.68 (António Vital e Silva) | 62.40 (Vitor Costa)
Nº de presenças nos Jogos Olímpicos : 3 (1 em 1960, 1 em 2000 e 1 em 2004)
Melhor marca em Jogos Olímpicos : Vítor Costa (2004) – 72.47
Femininos:
2008 – 67.97 (Vânia Silva) | 56.92 (Diana Sousa) | 55.45 (Irina Sustelo)
2009 – 68.32 (Vânia Silva) | 57.07 (Irina Sustelo) | 54.36 (Ana Rita Henriques)
2010 – 67.79 (Vânia Silva) | 56.86 (Sónia Alves) | 54.06 (Diana Sousa)
2011 – 69.55 (Vânia Silva) | 54.33 (Andreia Venade) | 50.15 (Jorgina Costa)
Nº de presenças nos Jogos Olímpicos : 1 (1 em 2008)
Melhor marca em Jogos Olímpicos : Vânia Silva (2008) – 59.42
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Mas existem atletas muito jovens como Maria João Rodrigues e Daniela Paço que sendo ainda juvenis de 1º ano já passaram os 46 metros com o martelo de 4 kg.