Nenhum atleta possui mínimos olímpicos.
O lançamento do disco está longe de ser a melhor especialidade portuguesa, apesar da luta interessante no sector feminino, relativamente perto da marca olímpica.
Portugal não é historicamente um país com uma grande capacidade de lançar longe o disco, que tem um peso e dimensões diferentes entre homens e mulheres (1 kg para mulheres, 2 kg para homens). Se forem olhados os rankings nacionais de sempre reparamos que apenas 15 atletas masculinos ultrapassaram os 50 metros e apenas dois acima dos 60 metros, enquanto que apenas 8 atletas femininas ultrapassaram os 50 metros e somente uma esteve acima dos 60 metros. Olhados os mínimos olímpicos “B”, já excluindo a possibilidade dos mínimos “A”, existe a referência dos 63 metros para o sector masculino e os 59.50 metros para o sector feminino. Só neste último caso Portugal teve alguém a ultrapassar esta marca na história da especialidade em Portugal, essa exceção foi Teresa Machado.
JORGE GRAVE A CENTÍMETROS DE DERRUBAR RECORDE DE PAULO BERNARDO
Depois de em 2005 ter alcançado o recorde nacional, fixado em 60.61 metros, Paulo Bernardo ainda competiu em 2008 e 2009, onde até foi o segundo melhor português, para depois abandonar e se dedicar à causa dos atletas, onde ainda é presidente da Associação de Atletas de Alta Competição de Atletismo. Neste ciclo olímpico a liderança nacional nunca conheceu outro atleta senão Jorge Grave, atleta que este ano regressou às origens, trocando o Sporting pelo Pinhalnovense. Se por um lado o atleta tem mantido a estabilidade em torno dos 60 metros, por outro desde 2008 melhorou 81 centímetros, em 2010, tendo decaído em 2011. Os 60.56 metros, a cinco centímetros do recorde nacional, acabam por ser a maior esperança para este atleta, que para chegar a Londres teria de crescer quase dois metros e meio na distância percorrida pelo disco, o que não sendo impossível, será improvável. Depois da saída de cena de Paulo Bernardo, Filipe Vital e Silva tomou o segundo lugar em 2010, seguido pelo seu irmão António. Já em 2011 o lançador Marco Fortes não precisou de lançar acima do recorde pessoal para conseguiu o segundo lugar, com 56.37 metros, no Campeonato de Portugal onde acabaria à frente de Jorge Grave, o seu colega de treino. Sem ser especialista no lançamento do disco, dado que se dedica mais ao lançamento do peso, Marco Fortes foi terceiro do ano em 2008 e 2009, além do segundo lugar de 2011 no ranking nacional.
No passado, enquanto jovem, António Vital e Silva era uma das maiores esperanças, entretanto com alguma quebra na progressão da sua marca, tendo lançado em 2011 menos dois metros que em anos anteriores. Em ascensão, tal como no lançamento do peso, está Francisco Belo, que este ano já subiu acima dos 50 metros. Tsanko Amaudov poderá em 2012 chegar aos 50 metros e quem sabe rivalizar com Belo.
Foto : Joana Oliveira / Atleta-Digital
LILIANA CÁ OU IRINA RODRIGUES...OU NENHUMA DAS DUAS?!
O lançamento do disco, em femininos, conhece actualmente uma rivalidade interessante entre Irina Rodrigues e Liliana Cá, que lutam constantemente pelas selecções quer no clube (Sporting), quer na selecção nacional, quer nos rankings nacionais. Desde 2008 que as atletas alternam o lugar de melhor do ano e se a história se repetisse, 2012 seria o ano de Liliana Cá. Analisando o desempenho de ambas, se é verdade que Liliana Cá é a melhor das duas ao nível da marca, tendo obtido 59.33 metros em 2010, Irina Rodrigues é a atleta que apresenta uma progressão mais estável, melhorando todos os anos. Em ano olímpico, Irina Rodrigues já terá optado por deixar a faculdade por segundo plano e apostar tudo numa ida a Londres, onde o mínimo “B” até está acessível às duas (59.50 metros). Restará saber qual delas o alcançará ou se a disputa pelo mínimo “B” será desempatada por alguma competição definida pelo seleccionador nacional, dado que se torna muito provável que ambas alcancem esta marca. Esta disputa tem sido benéfica para a especialidade, que depois do “astro” que foi Teresa Machado, que colocou o recorde nacional em 65.40 metros, tem Liliana Cá (59.33) e Irina Rodrigues (58.35) como resto do pódio das melhores portuguesas de sempre. Abaixo delas está um dos nomes incontornáveis da especialidade, Elisa Costa, que em 1990 lançou o disco a 55.50 metros, sendo hoje treinadora dejovens lançadores. Os terceiros lugares têm variado de ano para ano, mas desde a saída de Teresa Machado (terceira em 2008) todas as atletas têm apresentado neste posto marcas abaixo dos 50 metros. Em 2009 foi Catarina Vidal (48.79 metros), em 2010 foi Sónia Borges (46.96 metros) e em 2011 foi Diana Hernandez (47.56 metros). A profundidade em 2011 foi mesmo a pior deste ciclo, o que não traz a melhor imagem de uma especialidade que do lado feminino tem mais Jogos Olímpicos que o lado masculino (3 contra 1).
Se é verdade que Irina Rodrigues, com 20 anos, é uma jovem promessa da especialidade, a diferença para a segunda jovem Diana Hernandez é abismal. São mais de dez metros que as separam e que ainda estão longe de garantir que Portugal tem três lançadoras com nível equiparado, ou seja não se perspectiva tão rapidamente a profundidade de valores..Soraia Ruas, tal como no lançamento do peso, pode também ser uma alternativa para o futuro, mas também Juliana Pereira, que com 16 anos já alcançou 44.54 metros, ainda que longe do recorde nacional da categoria que é de ...Irina Rodrigues.
Foto : Joana Oliveira / Atleta-Digital
MÍNIMOS:
Masc. A – 65.00 (nenhum atleta) | Masc. B – 63.00 (nenhum atleta)
Fem. A – 62.00 (nenhuma atleta) | Fem. B – 59.50 (nenhuma atleta)
RANKINGS
Masculinos:
2008 – 59.75 (Jorge Grave) | 57.05 (Paulo Bernardo) | 54.40 (Marco Fortes)
2009 – 59.77 (Jorge Grave) | 58.52 (Paulo Bernardo) | 58.32 (Marco Fortes)
2010 – 60.56 (Jorge Grave) | 56.56 (Filipe Vital e Silva) | 55.86 (António Vital e Silva)
2011 – 59.37 (Jorge Grave) | 56.37 (Marco Fortes) | 55.18 (Filipe Vital e Silva)
Nº de presenças nos Jogos Olímpicos : 1 (1 em 1924)
Melhor marca em Jogos Olímpicos : António Martins (1924) – 32.40
Femininos:
2008 – 56.17 (Liliana Cá) | 53.94 (Irina Rodrigues) | 53.30 (Teresa Machado)
2009 – 56.98 (Irina Rodrigues) | 56.63 (Liliana Cá) | 48.79 (Catarina Vidal)
2010 – 59.33 (Liliana Cá) | 58.21 (Irina Rodrigues) | 46.96 (Sónia Borges)
2011 – 58.35 (Irina Rodrigues) | 55.56 (Liliana Cá) | 47.56 (Diana Hernandez)
Nº de presenças nos Jogos Olímpicos : 3 (1 em 1992, 1 em 1996 e 1 em 2004)
Melhor marca em Jogos Olímpicos : Teresa Machado (1996) – 62.02
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