As referências são as mesmas desde 2008.
O lançamento do peso vive internacionalmente à conta de Marco Fortes, numa disciplina que não tem conseguido trazer grandes valores na modalidade.
Historicamente não há tradição em Portugal na prova de lançamento do peso e disso dão conta as presenças únicas em cada um dos géneros nos Jogos Olímpicos e nenhuma delas com relevância internacional. Marco Fortes foi em 2008, em Pequim, o atleta mais falado por motivos amplamente conhecidos, após uma qualificação que esteve longe de correr bem e Teresa Machado, em 1996, participou nesta prova, embora o seu motivo para estar em Atlanta fosse o de participar ao mais alto nível no lançamento do disco. Não deixa de ser preocupante o estado actual desta disciplina, ainda sem sucessores tanto de Marco Fortes, como de Antónia Borges.
MARCO FORTES LANÇA CADA VEZ MAIS LONGE E PODE PENSAR NOS 21 METROS EM 2012
Fernando Alves foi até meados da primeira década do século XXI o melhor lançador de peso em Portugal, mantendo até aí o recorde nacional, ainda hoje segundo melhor atleta português de sempre, apenas batido pela supremacia de Marco Fortes neste ciclo olímpico. O atleta que transitou a meio do ciclo do Sporting para o Benfica começou o ciclo com 20.13 metros e sempre em subida chegou este ano aos 20.89 metros, uma marca alcançada em Copenhaga e que é uma esperança de transição para os 21 metros. Esta é uma possibilidade forte, já que o atleta lançou em 2011, em 15 eventos, acima dos 20 metros, cinco das quais acima dos 20.50 metros. Esta consistência faz acreditar numa nova subida de marca para 2012, o que o tornaria um valor praticamente seguro numa final olímpica de lançamento do peso, limpando a imagem que ficou de Pequim. Os 20.89 metros permitiram, neste ano, um 6º lugar no Mundial, o que diz bem da qualidade da marca. Apesar da modalidade melhorar, os segundo e terceiro atleta não têm melhorado tão significativamente, embora os dois que completam o pódio em 2011 terem ainda muitos anos pela frente. António Vital e Silva é crónico segundo melhor desde 2008, tendo o ponto alto do ciclo em 2010, quando conseguiu 18.48 metros. No terceiro lugar, Herédio e Costa, já veterano,decaiu em 2010 para 16.47 metros, conseguindo por centímetros esse posto, deixando Francisco Belo no quarto lugar do ranking anual. Apesar de Herédio melhorar para 16.64 metros em 2011, Francisco Belo seria mais forte e numa tremenda evolução chegou aos 18.06 metros, ameaçando a posição de António Vital e Silva para 2012.
A mais recente esperança portuguesa para o futuro da especialidade, conjuntamente com António Vital e Silva e ainda Francisco Belo, é o nome de Tsanko Amaudov, atleta recém naturalizado e que já este ano competiu por Portugal em provas internacionais de júniores. À excepção deste atleta, outros estão muito longe para serem pensados como futuros da especialidade, numa gama muito diminuta de atletas especialistas de lançamento do peso...
Foto : Filipe Oliveira / Atleta-Digital
O DESERTO ONDE A GOTA DE ESPERANÇA É ANTÓNIA BORGES
A especialidade no sector feminina está muito longe de qualquer tipo de nível internacional ou nacional. Ao longo de todo o ciclo a melhor foi sempre Antónia Borges, que depois de ser mãe continuou com capacidade de lançar acima dos 15 metros, para continuar a ser a melhor atleta portuguesa. Isto é fruto de um número diminuto de atletas a praticar a especialidade, que não constituem opções para equipas de selecção nacional. Antónia Borges foi subindo ao nível das marcas dos 15.49 metros até aos 16.25 metros conquistados em 2010 e que são o seu recorde pessoal e ao mesmo tempo tornando-se a segunda melhor atleta portuguesa de sempre. Apesar de ser a melhor atleta portuguesa da actualidade, Antónia Borges lançou apenas cinco centímetros acima da terceira melhor atleta de sempre, Adília Silvério, que em 1976 era a atleta mais cotada do Sporting e da Selecção Nacional. Já Teresa Machado, cuja especialidade máxima nem foi o lançamento do peso, ainda dista mais de um metro de Antónia Borges. A verdade é que desde 2008 que a disciplina não conhece outro nome no topo, muitas vezes perseguida de mais próximo por atletas que nem se dedicam à especialidade. São os casos da lançadora de dardo, Sílvia Cruz, segunda em 2008, 2010 e 2011 e terceira em 2009 e da lançadora de disco, Liliana Cá, que foi este ano terceira melhor portuguesa com 13.78 metros (!). A que se tem dedicado mais à especialidade é Vanda Rodrigues, terceira em 2008 e 2010 e segunda em 2009. Os 15.18 metros de Sílvia Cruz foi o melhor que uma segunda classificada conseguiu neste ciclo olímpico, o que não deixa de ser preocupante para a especialidade.
Não há demasiados sinais de renovação no sector mais jovem, já que com menos de 20 anos apenas Irina Rodrigues, que é especialista de lançamento do disco, Soraia Ruas e Diana Hernandéz, conseguiram lançar acima dos 12 metros. A verdade é que, ao contrário do sector masculino, o ano de 2011 foi o pior deste ciclo ao nível da profundidade de resultados e esse é o lado escuro que não parece ter resolução para os próximos anos...
Foto : Filipe Oliveira / Atleta-Digital
MÍNIMOS:
Masc. A – 20.50 (Marco Fortes) | Masc. B – 20.00 (nenhum atleta)
Fem. A – 18.35 (nenhuma atleta) | Fem. B – 17.30 (nenhuma atleta)
RANKINGS
Masculinos:
2008 – 20.13 (Marco Fortes) | 17.40 (António Vital e Silva) | 16.89 (Herédio Costa)
2009 – 20.52 (Marco Fortes) | 17.94 (António Vital e Silva) | 17.05 (Herédio Costa)
2010 – 20.69 (Marco Fortes) | 18.48 (António Vital e Silva) | 16.47 (Herédio Costa)
2011 – 20.89 (Marco Fortes) | 18.36 (António Vital e Silva) | 18.06 (Francisco Belo)
Nº de presenças nos Jogos Olímpicos : 1 (1 em 2008)
Melhor marca em Jogos Olímpicos : Marco Fortes (2008) – 18.05
Femininos:
2008 – 15.49 (Antónia Borges) | 15.18 (Sílvia Cruz) | 14.65 (Vanda Rodrigues)
2009 – 16.06 (Antónia Borges) | 15.15 (Vanda Rodrigues) | 14.58 (Sílvia Cruz)
2010 – 16.25 (Antónia Borges) | 14.47 (Sílvia Cruz) | 14.29 (Vanda Rodrigues)
2011 – 15.68 (Antónia Borges) | 14.12 (Sílvia Cruz) | 13.78 (Liliana Cá)
Nº de presenças nos Jogos Olímpicos : 1 (1 em 1996)
Melhor marca em Jogos Olímpicos : Teresa Machado (1996) – 15.91
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