Estabilidade é o segredo da especialidade em Portugal.
Naide Gomes tem reinado sem oposições complicadas e Marcos Chuva é a esperança pós-Carlos Calado.
O sector dos saltos em Portugal, no geral, é o que tem tido maior evolução nos últimos anos, num trabalho que foi construído a partir da colaboração de vários treinadores, mas fundamentalmente de Roberto Zotko, treinador russo que trabalhou com técnicos nacionais na melhoria dos saltadores nacionais. Se a ele se deveu parte do desenvolvido, o resto coube aos técnicos nacionais e seus atletas, que se têm dedicado aos saltos. No salto em comprimento ainda faltará alguma profundidade, principalmente no sector feminino, mas Portugal possui neste momento dois dos principais saltadores mundiais, no caso de Naide Gomes uma saltadora com talento mais que confirmado, no caso de Marcos Chuva com talento para provar durante longos anos.
MARCOS CHUVA PODE SER A REFERÊNCIA POR MUITOS ANOS
Depois da saída de Carlos Calado de cena, o actual recordista nacional com 8.36 metros, Portugal viveu nesta especialidade entre um Gaspar Araújo esforçado, mas que teve o seu auge em 2004, 8.10 metros e um Nelson Évora desenrascado, chegando também aos 8.10 metros, em 2007. Ambos partilham características de Carlos Calado, tendo capacidade para o triplo salto e para o salto em comprimento. Nelson Évora liderou os rankings nacionais em 2008 e em 2009, desaparecendo em 2010 por motivos de lesão e regressando em 2011 com o terceiro lugar do ranking nacional. Neste ciclo olímpico Gaspar Araújo foi sempre o segundo melhor português, com o seu melhor nestes quatro anos a ser de 7.96 metros (em 2008), mas muito estável na qualidade das marcas. Já Marcos Chuva, um jovem que prometeu muito nos escalões de juvenis e juniores, passou do terceiro do ranking em 2008 e 2009, saltando perto dos 7.80 metros, para aparecer como líder nacional em 2010 (com 7.96 metros) e em 2011 (com 8.34 metros). O resultado de 2011 acabou por ser alcançado muito tarde e foi num meeting na Estónia que os mínimos para o Mundial de Ar Livre e também para os Jogos Olímpicps apareceram, a dois centímetros do recorde nacional. Neste ano de 2011 a medalha de prata no Europeu de Sub-23 colocaram-no em destaque, até porque foi o sétimo atleta mundial do ano. O futuro parece ser de Marcos Chuva e 2012 será, de facto, um ano de possível confirmação internacional...
Apesar dos melhores atletas nacionais terem idades para evoluir nos próximos anos, acima dos 7 metros apenas dois atletas em 2011 tinham acima de 30 anos, preocupa a falta do rejuvenescimento da especialidade nos escalões mais baixos. O maior destaque é mesmo Bruno Costa, que em 2011 melhorou para 7.22 metros, mas seriam precisos muitos centímetros abaixo para encontrar o júnior seguinte, com nacionalidade portuguesa...
Foto : Filipe Oliveira / Atleta-Digital
NAIDE GOMES VIVE NA ESPECIALIDADE COMO RAÍNHA, SEM SUCESSORA À VISTA
Torna-se repetitiva a sequência de liderança nacional do ano obtida por Naide Gomes, que terá sempre um lugar na história do atletismo, tantas já foram as medalhas alcançadas e com um recorde nacional de difícil alcance num futuro próximo. Os 7.12 metros que a saltadora alcançou em 2008 está no top-30 de sempre em todo o Mundo, o que mostra bem a qualidade da marca. Não se pode dizer que Naide Gomes tenha tido o ciclo mais feliz, apesar das três medalhas de prata alcançadas em três eventos diferentes : Mundial de pista coberta, Europeu de ar livre e Europeu de pista coberta. A estas medalhas junta-se a medalha de Ouro do Mundial de pista coberta, em 2008. Com 31 anos a portuguesa continua com a angústia de nunca ter chegado à medalha olímpica e, por isso, 2012 será o limite para que esta medalha possa ser obtida. Muito longe das lideranças de Naide Gomes, Marta Godinho e Patrícia Mamona têm ocupado quase permanentemente o top-3. Um ano mais nova que Naide Gomes, Marta Godinho decresceu dos 6.25 metros em 2008 para os 6.06 metros em 2010, recuperando três centímetros em 2011, depois de ter sido mãe. Sem que o comprimento seja a especialidade principal de Patrícia Mamona, embora seja candidata à sucessão de Naide Gomes no Sporting e eventualmente na Selecção Nacional, a atleta teve o auge em 2009, quando obteve 6.21 metros. Depois de em 2009 e 2010 ter sido Patrícia Mamona a arrecadar o segundo lugar do ranking, apareceu em 2011, recém-naturalizada, Ungudi Quiawacana que estabeleceu o seu recorde pessoal em 6.12 metros, respondendo a uma eventual estagnação na especialidade. Não sendo até final da época passada portuguesa, Shaina Mags poderia bater-se com as portuguesas, dado que saltou 6.09 metros válidos e 6.21 metros ventosos, em 2011.
Longe está a realidade das restantes atletas nacionais dos mínimos para os Jogos Olímpicos e essa deverá ser a maior preocupação nos próximos anos. Naide Gomes e Marta Godinho dentro de poucos anos abandonarão a modalidade e a sucessão é muito duvidosa, porque Patrícia Mamona parece mais focada no triplo salto e Ungudi Quiawacana ainda não definiu a sua maior prioridade. Resta pouco daí para baixo, já que apenas três portuguesas superaram os seis metros em 2011 e daí para baixo restam as jovens Eva Vital, que se dedica às barreiras e Ana Oliveira, que se tem dedicado às provas combinadas...
Foto : Filipe Oliveira / Atleta-Digital
MÍNIMOS:
Masc. A – 8.20 (Marcos Chuva) | Masc. B – 8.10 (nenhum atleta)
Fem. A – 6.75 (Naide Gomes) | Fem. B – 6.65 (nenhuma atleta)
RANKINGS
Masculinos:
2008 – 8.02 (Nelson Évora) | 7.96 (Gaspar Araújo) | 7.80 (Marcos Chuva)
2009 – 7.94 (Nelson Évora) | 7.76 (Gaspar Araújo) | 7.76 (Marcos Chuva)
2010 – 7.96 (Marcos Chuva) | 7.92 (Gaspar Araújo) | 7.81 (Marcos Caldeira)
2011 – 8.34 (Marcos Chuva) | 7.72 (Gaspar Araújo) | 7.67 (Nelson Évora)
Nº de presenças nos Jogos Olímpicos : 5 (1 em 1948, 1 em 1960, 1 em 1996, 1 em 2000 e 1 em 2004)
Melhor marca em Jogos Olímpicos : Carlos Calado (2000) – 8.04
Femininos:
2008 – 7.12 (Naide Gomes) | 6.25 (Marta Godinho) | 6.06 (Patrícia Mamona)
2009 – 6.99 (Naide Gomes) | 6.21 (Patrícia Mamona) | 6.18 (Marta Godinho)
2010 – 6.92 (Naide Gomes) | 6.08 (Patrícia Mamona) | 6.06 (Marta Godinho)
2011 – 6.79 (Naide Gomes) | 6.12 (Ungudi Quiawacana) | 6.09 (Marta Godinho)
Nº de presenças nos Jogos Olímpicos : 2 (1 em 1996 e 1 em 2008)
Melhor marca em Jogos Olímpicos : Naide Gomes (2008) – 6.29
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