A impotência portuguesa de saltar alto...
O sector dos saltos tem sido onde mais evolução tem existido, excepção feita no salto em altura onde nunca foi marcada presença em Jogos Olímpicos (!).
O fado português no salto em altura é de uma triste ausência de grandes resultados internacionais e das poucas presenças internacionais normalmente realizam-se em competições menores. Apesar de algumas melhorias no novo milénio, a verdade é que hoje salta-se pouco mais que nos anos 80 e 90, com melhorias nas instalações técnicas de atletismo e mais colchões de salto pelo país fora. Talvez por isso agora se equacione a criação da Escola de Salto em Altura no Centro de Alto Rendimento, um programa semelhante à Escola de Salto com Vara que fez crescer esta modalidade ao longo da última década...Para já parece adiado o sonho de ter um saltador em altura em Jogos Olímpicos...
DE RECORDISTA A MÉDICO, RAFAEL GONÇALVES TRAZ SAUDADES
O salto em altura masculino tem alternado entre os melhores momento de Paulo Gonçalves e a naturalização de Roman Guliy, agora mais dedicado ao treino de jovens atletas. E no meio disto surge outro Gonçalves, cujo nome principal é Rafael, que passou de atleta a senhor doutor, já que tem integrado algumas equipas portuguesas, mas como médico. Os 2.23 metros que Rafael Gonçalves conseguiu em 2007 foram emocionantes, mas desde aí o único momento que fez sorrir foi o recorde em pista coberta de Paulo Gonçalves no início deste ciclo, quando atingiu 2.21 metros. Com a chegada aos 2.20 metros, Roman Guliy efectivou a sua dominância em 2010, depois de muitos anos a treinar e a competir em Portugal como ucraniano, entretanto naturalizado português. Esse foi o único ano em que a liderança de Paulo Gonçalves foi posta em causa, embora este seja também um atleta pouco estável nas marcas...Carlos Pires, segundo em 2008 e 2009 com 2.12 metros tem decrescido o seu rendimento e Ricardo Nunes que muito prometia, esteve completamente ausente em 2011. A verdade é que no top-3 de sempre estão duas marcas deste ciclo olímpico, mas Portugal continua muito longe dos palcos internacionais...
Muitos jovens atletas têm passado no salto em altura com marcas promissoras, acabando sempre por migrar para outras especialidades de saltos, como por exemplo Nelson Évora, que em 2007 ainda saltou 2.07 metros, depois de alguns anos afastado da especialidade, devido a limitações físicas. Rodolfo Brites parece agora o mais interessado em prosseguir a sua melhoria de marcas na especialidade, chegando aos 2.10 metros este ano e com ele traz Tiago Boucela, um atleta que acabou por passar ao lado da maioria das competições onde participou, neste ano, ainda assim chegando aos 2.07 metros em pista coberta.
Foto : Joana Oliveira / Atleta-Digital
PÉ ANTE PÉ, LILIANA VIANA PROMETE DUELO FORTE EM 2012 COM UMA “LEOA”
Liliana Viana foi surpresa neste ano, com poucos eventos disputados, mas não surpresa no sentido da sua progressão na especialidade. Durante dois anos, no FC Porto, foi minorada pela contratação pontual de Natalja Cakova, mas agora solta, sem clube em 2011, no Benfica em 2012, poderá fazer a sua época de maior nível na carreira. Afinal 1.82 metro colocaram-na como quarta melhor portuguesa de sempre, atrás das recordistas Sónia Carvalho e Naide Gomes e da líder durante maior parte do ciclo, Marisa Anselmo. De facto esta saltadora sportinguista foi dominando a especialidade, numa altura onde também a concorrência era pouca e muitas vezes feita por atletas das provas combinadas, como Joana Flores, Sofia Pires e Catarina Costa, terceiras nos anos de liderança de Marisa Anselmo. Não deixa de ser irónico que as atletas de provas combinadas tenham um forte peso na qualidade do salto em altura em Portugal, embora noutras partes do Mundo isto também ocorra, mas numa escala muito diferente da portuguesa...Para este ano a curiosidade que pode estar à vista é o duelo de Liliana Viana com uma de duas alternativas, no Nacional de Clubes : Marisa Anselmo ou Ana Monjane...
Ana Monjane tem sido o maior dos destaques jovens dos últimos anos. A atleta bracarense, até à época passada, saltou 1.56 metro em 2008, 1.67 metro em 2009, 1.72 metro em 2010 e 1.77 metro em 2011, uma evolução fantástica que parece apontar para uma marca acima do 1.80 metros, se apenas forem olhados os dados estatísticos. Anabela Neto (1.76 metro) é outra das atletas em destaque, enquanto mais jovem, embora com a devida escala, porque senão o que dizer do facto da lançadora Irina Rodrigues ainda ter saltado 1.70 metro nos últimos anos, sem se dedicar à especialidade?!
Foto : Joana Oliveira / Atleta-Digital
MÍNIMOS:
Masc. A – 2.31 (nenhum atleta) | Masc. B – 2.28 (nenhum atleta)
Fem. A – 1.95 (nenhuma atleta) | Fem. B – 1.92 (nenhuma atleta)
RANKINGS
Masculinos:
2008 – 2.21 (Paulo Gonçalves) | 2.12 (Carlos Pires) | 2.08 (João Almeida)
2009 – 2.15 (Paulo Gonçalves) | 2.12 (Carlos Pires) | 2.08 (Ricardo Nunes)
2010 – 2.20 (Roman Guliy) | 2.08 (Paulo Gonçalves) |2.08 (Ricardo Nunes)
2011 – 2.19 (Paulo Gonçalves) | 2.15 (Roman Guliy) | 2.10 (Rodolfo Brites)
Nº de presenças nos Jogos Olímpicos : 0
Melhor marca em Jogos Olímpicos : nenhuma
Femininos:
2008 – 1.79 (Marisa Anselmo) | 1.75 (Sofia Pires) | 1.73 (Joana Flores)
2009 – 1.80 (Marisa Anselmo) | 1.75 (Liliana Viana) | 1.74 (Sofia Pires)
2010 – 1.78 (Marisa Anselmo) |1.76 (Liliana Viana) | 1.76 (Catarina Costa)
2011 – 1.82 (Liliana Viana) | 1.77 (Marisa Anselmo) |1.77 (Ana Monjane)
Nº de presenças nos Jogos Olímpicos : 0
Melhor marca em Jogos Olímpicos : nenhuma
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