Três portugueses com mínimos, mas todos ‘B’.
A volta à pista com barreiras também passa por um bom momento, com Portugal a garantir presença em Londres nos dois géneros.
Há especialidades mais fáceis que outras e a dos 400 metros barreiras é das disciplinas técnicas mais exigentes no atletismo, talvez por isso também uma das que tem menos profundidade, um fenómeno que está longe de ser só português...Ainda assim este ciclo teve melhorias acentuadas, que teve direito em 2011 a recorde absoluto no sector feminino e que trouxe duelos emocionantes no sector masculino, ao ponto de aí dois atletas estarem na luta para tentarem os mínimos “A”...
EDIVALDO MONTEIRO TEM VISTO SUCESSÃO BEM DISPUTADA
Se houve atleta que marcou os 400 metros barreiras, na história mais recente, foi Edivaldo Monteiro, o terceiro melhor de sempre, que nunca chegou ao feito de baixar dos 49 segundos, como Carlos Silva e Pedro Rodrigues, este último recordista nacional, ambos nos anos 90. Edivaldo Monteiro na altura sucedeu, bem, os anteriores e ainda liderou os anos de 2008 (49,89) e 2009 (51,09). Nessa altura aparecia já Jorge Paula, que acabaria em 2009 por partir o pé e interromper a boa progressão que vinha fazendo na volta à pista, com e sem barreiras. O ano de 2010 trouxe, assim, outro atleta para a disputa da especialidade. João Ferreira, que era até aí “multi-funções” do Sporting e da Selecção Nacional, passou a concentrar-se na distância e essa aposta deu-lhe a liderança dos rankings em 2010 (50,21) e 2011 (49,63). A aproximação em 2010 de Bruno Gualberto, subitamente atacado por problemas físicos, tal como aconteceu com o jovem Emanuel Neves, terceiro em 2009. Desta forma, não é estranho que em 2011 seja Edivaldo Monteiro a fechar o top-3, já com 35 anos de idade. O ano de 2011 foi marcado pelos duelos entre João Ferreira e Jorge Paula e as idas, em diferentes momentos, às grandes competições internacionais, com Jorge Paula a ter o privilégio de ida às Universíadas e Mundial, enquanto João Ferreira esteve nas Universíadas, melhor que Jorge Paula. Ambos conquistaram o mínimo ‘B’ para os Jogos Olímpicos, por isso ambos têm de disputar esse lugar em 2012, ou tentar subir a mínimo ‘A’, Certo é que Portugal manterá presença na especialidade, já que desde 1992 que não falha os Jogos Olímpicos nos 400 metros barreiras...
Dos mais jovens, depois da ausência repentina de Emanuel Neves, é Diogo Santos, seu ex-colega de equipa, quem persegue os melhores nesta distância, tal como Hugo Silva, mas ambos acima dos 53 segundos, o que pode significar algumas épocas ainda para chegar a um nível de competições internacionais séniores. A luta para já é mesmo entre João Ferreira e Jorge Paula...Ricardo Lima, que em 2007 correu na casa dos 50 segundos, não tem conseguido impor-se...
Foto : Joana Oliveira / Atleta-Digital
VERA BARBOSA PASSOU A RECORDISTA, MAS PATRÍCIA LOPES NÃO É CARTA FORA DO BARALHO
O progresso de Vera Barbosa é digno de notar-se, numa atleta que ainda sub-23 é das melhores atletas europeias da sua idade. Em 2008 corria em 61,24 segundos, melhorando no ano seguinte para 60,37 segundos, passando em 2010 para 58,89 segundos, reforçando o estatuto de segunda melhor do ano, algo que superou este ano, quando no Europeu de Sub-23 correu em 55,81 segundos, ficando em 4º. O anterior recorde nacional, de Carmo Tavares (56,25) foi assim destruído, depois da luta pelo mesmo parecer somente destinado a Patrícia Lopes neste ciclo. A atleta sportinguista foi líder nacional do ano de 2008 a 2010, também em evolução, excepto em 2011 onde problemas físicos a limitaram para esta especialidade. Mas ultrapassadas estas dificuldades, será possível ter duas atletas a lutar por mínimos para Londres?! O problema da profundidade coloca-se também em femininos, com a terceira de cada um dos anos sempre acima dos 61 segundos, cargos que foram pertencendo a Vera Barbosa, Leslie Delgado, Tânia Freitas e Susana Estriga. Sem ser estas atletas, mais nenhuma se intrometeu no top-3, neste ciclo, que tem a primeira e terceira atletas de sempre, numa melhoria que faz acreditar em duas atletas para Londres, tanto mais que os mínimos internacionais ficaram facilitados...
É difícil adivinhar quais as atletas jovens que podem aparecer nos próximos anos, numa especialidade onde a qualidade do treino se torna peça-chave e nem sempre tolerada pelos atletas, muito menos numa altura em que Portugal tem duas das melhores atletas de sempre, Vera Barbosa e Patrícia Lopes...
Foto : Filipe Oliveira / Atleta-Digital
MÍNIMOS:
Masc. A – 49,50 (nenhum atleta) | Masc. B – 49,80 (João Ferreira e Jorge Paula)
Fem. A – 55,40 (nenhuma atleta) | Fem. B – 56,55 (Vera Barbosa)
RANKINGS
Masculinos:
2008 – 49,89 (Edivaldo Monteiro) | 50,49 (Jorge Paula) | 51,53 (Ricardo Lima)
2009 – 51,09 (Edivaldo Monteiro) | 52,80 (Jorge Paula) | 52,84 (Emanuel Neves)
2010 – 50,21 (João Ferreira) | 51,95 (Bruno Gualberto) | 52,23 (Ricardo Lima)
2011 – 49,63 (João Ferreira) | 49,72 (Jorge Paula) | 52,38 (Edivaldo Monteiro)
Nº de presenças nos Jogos Olímpicos : 8 (1 em 1952, 1 em 1972, 1 em 1976, 1 em 1992, 1 em 1996, 1 em 2000, 1 em 2004 e 1 em 2008)
Melhor marca em Jogos Olímpicos : Carlos Silva (1996) – 49,09
Femininos:
2008 – 57,99 (Patrícia Lopes) | 60,52 (Tânia Freitas) | 61,24 (Vera Barbosa)
2009 – 56,94 (Patrícia Lopes) | 60,37 (Vera Barbosa) | 62,03 (Leslie Delgado)
2010 – 56,78 (Patrícia Lopes) | 58,89 (Vera Barbosa) | 61,51 (Tânia Freitas)
2011 – 55,81 (Vera Barbosa) | 59,83 (Leslie Delgado) | 62,43 (Susana Estriga)
Nº de presenças nos Jogos Olímpicos : 2 (1 em 1992 e 1 em 1996)
Melhor marca em Jogos Olímpicos : Marta Moreira (1992) – 58,24
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