Sem mínimos, mas 2012 pode trazer surpresas...
Ciclo tem sido um crescendo de bons resultados, com mais do que uma opção por género, com resultados a tenderem para mínimos...
Se há especialidades em crise e em ruptura com o sucesso do passado, outras há em que a tendência para o ultrapassar de marcas passadas é cada vez mais forte, perigando os recordes nacionais e com marcas a tenderem para mínimos de grandes competições internacionais, entre elas os Jogos Olímpicos de 2012. Por outro lado estas são especialidades em que Portugal nunca foi muito forte e onde face às melhorias de condições de treino é expectável que os recordes nacionais apareçam ainda neste ciclo ou mesmo no próximo...
JOÃO ALMEIDA QUER DERRUBAR A MESTRIA DE LUÍS SÁ
Até há alguns anos atrás era Luís Sá quem dominava os 110 metros barreiras em Portugal, tendo sido o último a estar presente em Jogos Olímpicos na especialidade, em 2004, depois das participações de Palhares Costa (1928), Alberto Matos (1972) e João Lima (1988). Se antes estar nos Jogos Olímpicos poderia significar correr ligeiramente abaixo dos 15 segundos, hoje são precisos 13,60 segundos para estar em Londres no próximo ano. Curiosamente nem Luís Sá conseguiria hoje, com o seu recorde nacional de 13,62 segundos, chegar a Londres e é isso que as duas principais figuras da actualidade, João Almeida e Rasul Dabo têm de tentar. João Almeida, desde 2008, tem sido o maior dos destaques, passando de 14,00 segundos para 13,78 segundos este ano , o que dá para ser o terceiro português de sempre. Com uma progressão mais tímida, também derivado da sua dedicação ao atletismo, Rasul Dabo teve um ano de 2011 muito forte e foi nesta luta com João Almeida, ainda por cima de clubes diferentes, que apareceram duelos como há muitos anos não se assistiam em Portugal. Foi desta forma que há alguns anos Luís Sá e Rui Palma, os dois primeiros do ranking, foram subindo as melhores marcas nacionais. Entre esta luta entre João Almeida e Rasul Dabo, apareceu Marcos Chuva, que entretanto se dedicou em definitivo aos saltos e, pasme-se, Luís Sá, já com 30 anos de idade e que tem quase “apadrinhado” a evolução da disciplina neste ciclo olímpico.
Radicado em França, David Bernardo é uma referência jovem, mas que vem sendo “apanhado” por João Fontela, tendo corrido ambos 14,53 segundos em 2011. Mas esta também é uma especialidade que só começa a ser praticada oficialmente com barreiras a 1.06 metro a partir de sénior, o que faz de muitos Juvenis e Juniores potenciais sucessores nesta especialidade em crescimento...Faltará saber se João Almeida e Rasul Dabo, nas disputas que irão fazer a dois em 2012, conseguem chegar ao mínimo para Londres, que representaria o tão esperado novo recorde nacional dos 110 metros barreiras...
Foto : Marcelo Silva / Atleta-Digital
QUATRO ANOS, QUATRO LÍDERES...MÓNICA LOPES SUBIU A TERCEIRA DE SEMPRE E TREINA AO LADO DE RECORDISTA
Depois de Isabel Abrantes (recordista) e Sandra Turpin terem assumido uma luta interessante nos 100 metros barreiras no fim do século passado, a luta foi neste ciclo muito menos certa, antes sim surpreendente. Patrícia Vieira, a caminhar para um fim de carreira digno, foi a melhor em 2008, ainda correndo em 13,78 segundos, numa altura onde apareciam Mónica Lopes e a jovem Eva Vital, como próximas referências na distância. E assim foi em 2009, com Eva Vital a chegar aos 13,66 segundos, marca que melhorou em 2010, para 13,62 segundos, recorde nacional de juniores. Nos EUA era Patrícia Mamona quem acabava por se intrometer nos rankings nacionais, tendo feito 13,90 segundos em 2009, 13,53 segundos em 2010 e 13,60 segundos em 2011, apesar da sua especialidade de eleição ser o triplo salto. Irregular, foi Mónica Lopes quem chegou a 2011 com um resultado surpreendente, que colocou em sentido as suas adversárias e até a recordista nacional, adjunta no seu treino, com o João Abrantes a assumir o seu treino. Os 13,31 segundos colocaram Mónica Lopes como terceira melhor atleta de sempre, a 17 centésimos do recorde nacional, mais um centésimo do que precisará para estar em Londres no próximo ano. Com um problema físico Eva Vital acabaria por ceder o terceiro lugar do ranking de 2011 para Andreia Felisberto, atleta que alterna entre a velocidade e as barreiras, mas que pode muito bem evoluir na especialidade. O que é certo é que a especialidade não parou de melhorar em profundidade ao longo do ciclo olímpico e é muito provável que 2012 traga uma nova vida à especialidade, que nunca levou ninguém aos Jogos Olímpicos.
Com o sucesso que Eva Vital foi tendo nas camadas jovens, várias das suas adversárias foram abdicando da especialidade, para apostar noutras, o que em certa medida pode ajudar a explicar mais de um segundo de diferença entre Stenia Betuncal, uma das atletas que tem apostado nesta prova e a melhor portuguesa da actualidade, depois de em 2010 parecer querer acompanhar a diferença de marcas para as melhores. Em 2010 duas atletas correram abaixo dos 14 segundos e onze correram abaixo dos 15 segundos. Em 2011 três atletas correram abaixo dos 14 segundos e novamente onze correram abaixo dos 15 segundos, apesar de tudo uma tendência que se mantém aproximada ao longo do ciclo, excepção feita em 2009, onde apenas oito atletas concluíram abaixo dos 15 segundos.
Foto : Edgar Barreira / Atleta-Digital
MÍNIMOS:
Masc. A – 13,52 (nenhum atleta) | Masc. B – 13,60 (nenhum atleta)
Fem. A – 12,96 (nenhuma atleta) | Fem. B – 13,15 (nenhuma atleta)
RANKINGS
Masculinos:
2008 – 14,00 (João Almeida) | 14,46 (Marcos Chuva) | 14,47 (Rasul Dabo)
2009 – 13,94 (João Almeida) | 14,12 (Luís Sá) | 14,17 (Marcos Chuva)
2010 – 13,97 (João Ferreira) | 14,16 (João Almeida) | 14,26 (Rasul Dabo)
2011 – 13,78 (João Almeida) | 13,86 (Rasul Dabo) | 14,37 (Luís Sá)
Nº de presenças nos Jogos Olímpicos : 4 (1 em 1928, 1 em 1972, 1 em 1988 e 1 em 2004)
Melhor marca em Jogos Olímpicos : Luís Sá (2004) – 14,01
Femininos:
2008 – 13,78 (Patrícia Vieira) | 13,82 (Mónica Lopes) | 14,17 (Eva Vital)
2009 – 13,66 (Eva Vital) | 13,66 (Mónica Lopes) | 13,90 (Patrícia Mamona)
2010 – 13,53 (Patrícia Mamona) | 13,62 (Eva Vital) | 14,01 (Mónica Lopes)
2011 – 13,31 (Mónica Lopes) | 13,60 (Patrícia Mamona) |13,89 (Andreia Felisberto)
Nº de presenças nos Jogos Olímpicos : 0
Melhor marca em Jogos Olímpicos : não existe
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Parabéns pelo bom trabalho, Edgar Barreira!
E especialmente aos e às atletas e treinadores, parabéns também pelo bom trabalho desenvolvido e dedicação e vontade de ultrapassar obstáculos.
Os maiores sucessos para todos e todas!
E Feliz Natal para toda a FAMÍLIA DO ATLETISMO.