Análise do ciclo olímpico (Maratona)

Sexta, 09 Dezembro 2011
Análise do ciclo olímpico (Maratona)

Em risco o recorde de Rosa Mota?!.

É quase certo que estarão pelo menos três atletas em acção em Londres, na distância mítica da Maratona que deixou de visitar os Estádios... 

A distância da Maratona em Portugal roda a duas velocidades distintas, se dependermos o olhar para o género masculino e se depois o olhar se dirigir ao género feminino. A tradição portuguesa na distância, onde os campeões olímpicos Carlos Lopes e Rosa Mota são quase como embaixadores da distância até tem tido seguidoras no plano feminino, mas está a anos-luz no plano masculino. Em masculinos apenas oito portugueses baixaram das 2:10 horas e desses apenas três pertencem a este milénio. Essa tendência não acompanha a feminina, onde no top-3 apenas resiste o recorde nacional de Rosa Mota...

NESTE CICLO SÓ FEITEIRA OUSOU BAIXAR DAS 2:12 HORAS

Mais demonstrador do espírito maratonista, Luís Feiteira tem dedicado esta fase da sua carreira a estas distâncias e daí o esforço resultar numa liderança de ranking em 2009 e 2011, ambos anos de Mundial, sendo que se deu melhor em Berlim (10º), que em Daegu, onde nem sequer participou. Da olimpíada de 2008, em Pequim, Paulo Gomes e Helder Ornelas quase desapareceram da distância e curiosamente da olimpíada de 2004, em Atenas, ainda persiste Alberto Chaíça, que tem lutado pelos mínimos de algumas competições internacionais e que em 2008 foi o melhor português e em 2011 é actualmente o terceiro melhor. José Moreira, que foi uma das sensações do Mundial de 2009, melhorou de 2009 para 2010, chegando às 2:13.37 minutos, mas desde a morte do seu treinador acabou por nunca mais se encontrar ao mesmo nível. Mais alheado das selecções, Hermano Ferreira tem-se demonstrado um atleta mais apostado nas provas comerciais e desse modo correu nos dois últimos anos com as melhores marcas ao mesmo nível, em 2:13.28 horas, o que em 2010 lhe deu a liderança e em 2011 o segundo lugar do ranking.

O Mundial de Ar Livre, em Berlim, no ano de 2009, acabou assim por ser o ponto alto deste ciclo para a Maratona masculina, na altura com José Moreira em 9º, Luís Feiteira em 10º e Fernando Silva em 13º, o que permitiu a Portugal o quarto lugar na Taça do Mundo, uma das melhores classificações de sempre. Passados dois anos, em Daegu, nenhum atleta português esteve presente e é essa a realidade dura existente, numa altura onde apenas Luís Feiteira e Hermano Ferreira possuem mínimos “B” para Londres, sabendo-se que as próximas e últimas oportunidades de mínimos encontram-se na Primavera de 2012 e poucos atletas parecem fazer aposta na distância, quando Portugal não falha uma edição desde 1972...Longe estão os tempos de Portugal ter equipa completa em olimpíadas...

Luís Feiteira
Foto : Filipe Oliveira / Atleta-Digital

PODERÁ SER A MELHOR OLIMPÍADA FEMININA, NA CONTINUAÇÃO DO TOTALISMO...

Se noutros sectores do fundo Portugal se pode queixar de não ter atletas à altura, na distância da Maratona estaremos perante o mais forte grupo de maratonistas existente. Actualmente são quatro as atletas com mínimos, três delas com mínimo “A” : Dulce Félix, Jéssica Augusto e Marisa Barros. Será pouco provável que perante este domínio hajam mais atletas a lutar pela Maratona, até porque as três há muito assumiram o objectivo da Maratona para Londres. Mas o ciclo olímpico foi inconstante, começando bem, quando Ana Dias (2:29.22), Inês Monteiro (2:30.36) e Marisa Barros (2:31.31) tiveram um bom ano, embora os Jogos Olímpicos acabassem por não ter o sucesso desejado. Como que por falta de motivação, em 2009 Marisa Barros foi a única a baixar das 2:30, com 2:26.03 horas, continuando solitária na luta pela distância em 2010, quando voltou a baixar para as 2:25.44 horas. Como prova da sua evolução, Marisa Barros tornou a melhorar em 2011 para 2:25.04 horas, mais aí com um novo paradigma para a distância. É que Jéssica Augusto estrou-se em grande na Maratona de Londres (2:24.33 horas) e Dulce Félix confirmou qualidade em Viena, depois de uma estreia desistente em Nova Iorque. As três estão agora em torno das 2:25 horas e o recorde de Rosa Mota é de 2:23.29 horas, o que assumindo a melhoria de marcas como possível torna este recorde mais vulnerável que nunca.

No top-3 de sempre, depois de Rosa Mota, aparecem Jéssica Augusto e Marisa Barros e só Manuela Machado interrompe o caminho a Dulce Félix, que é quinta melhor portuguesa de sempre, à frente de grandes nomes do atletismo português, como Albertina Dias, Helena Sampaio, Aurora Cunha e Fernanda Ribeiro. A consistência das marcas destas atletas da nova geração de maratonistas parecem indiciar uma boa probabilidade de, pelo menos, um bom resultados nos Jogos Olímpicos de Londres, embora seja conhecido o caminho de imprevisibilidade que um Maratonista tem até à preparação do evento e para percorrer os históricos 42.195 quilómetros...Uma coisa é praticamente certa, a Maratona é uma prova onde em femininos Portugal levou sempre atletas, já que as selecções femininas apenas iniciaram a sua caminhada em Jogos Olímpicos em 1984 e o ano de 2012 não parece que vá ser excepção...

Jéssica Augusto
Foto : Filipe Oliveira / Atleta-Digital

MÍNIMOS:

Masc. A – 2:13.00 (nenhum atleta) | Masc. B – 2.15.00(Luís Feiteira e Hermano Ferreira)
Fem. A – 2:32.30 (Dulce Félix, Jéssica Augusto e Marisa Barros) | Fem. B – 2:35.00 (Filomena Costa)

RANKINGS
Masculinos:

2008 – 2:14.49 (Alberto Chaíça) | 2:15.38 (Ricardo Ribas) | 2:17.05 (António Sousa)
2009 – 2:11.57 (Luís Feiteira) | 2:12.09 (Fernando Silva) | 2:14.05 (José Moreira)
2010 – 2:13.28 (Hermano Ferreira) | 2:13.37 (José Moreira) | 2:20.42 (Vasco Azevedo)
2011 – 2:13.12 (Luís Feiteira) | 2:13.28 (Hermano Ferreira) | 2:15.22 (Alberto Chaíça)

Nº de presenças nos Jogos Olímpicos : 24 (1 em 1912, 2 em 1936, 1 em 1964, 1 em 1972, 1 em 1976, 1 em 1980, 3 em 1984, 2 em 1988, 3 em 1992, 3 em 1996, 3 em 2000, 1 em 2004 e 2 em 2008)
Melhor marca em Jogos Olímpicos : Carlos Lopes (1984) – 2:09.21

Femininos:
2008 – 2:29.22 (Ana Dias) | 2:30.36 (Inês Monteiro) | 2:31.31 (Marisa Barros)
2009 – 2:26.03 (Marisa Barros) | 2:37.36 (Elisabete Lopes) | 2:42.16 (Madalena Carriço)
2010 – 2:25.44 (Marisa Barros) | 2:37.09 (Mónica Rosa) | 2:41.02 (Ana Dias)
2011 – 2:24.33 (Jéssica Augusto) | 2:25.04 (Marisa Barros) |2:25.40 (Dulce Félix)

Nº de presenças nos Jogos Olímpicos : 17 (3 em 1984, 3 em 1988, 2 em 1992, 3 em 1996, 1 em 2000, 2 em 2004 e 3 em 2008)
Melhor marca em Jogos Olímpicos : Rosa Mota (1988) – 2:25.39

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