Análise do ciclo olímpico (5000 m)

Segunda, 05 Dezembro 2011
Análise do ciclo olímpico (5000 m)

Mais certezas femininas, que profundidade masculina.

Os 5000 metros estão longe de ser uma especialidade com o poder de outros tempos, embora se possa considerar muito interessante a luta em femininos... 

A Europa no geral, Portugal em particular têm tentado dar a “sapatada” na crise de valores para provas de fundo, mas parece que a estagnação europeia na especialidade a fez regressar a décadas de crescimento da especialidade. O poderio africano neste tipo de provas tem sido combatido ora com uma estratégia de desenvolvimento da especialidade, ora com a nacionalização de atletas africanos para países europeus, com Portugal a não escapar dessa tendência. Noutros casos o doping tem dado mostras de uma arma que começa a também ser conhecida por terras lusas e isso simplesmente tem retirado esperanças à especialidade, em Portugal, depois de casos em Espanha, por exemplo. Mas afinal de contas esta continua a ser uma das especialidades onde Portugal se pode orgulhar de ter atletas com mínimos nos dois géneros e isso começa já a ser uma raridade...

A VEZ DE RUI SILVA SE AFIRMAR EM DISTÂNCIAS ONDE OS MITOS SE CRIARAM

Os grandes fundistas portugueses de sempre passaram pelos 5000 metros e depois de muitos anos de dúvida, Rui Silva finalmente acabou por deixar os 1500 metros para pensar em mais voltas à pista. Não tem sido uma adaptação vencedora, mas tem sido uma adaptação que faz querer que Rui Silva, já sendo um mito do atletismo português, pode ser lembrado daqui a muitos anos. O atleta foi espreitando a distância e passou de 13.38,00 minutos, em 2008, para 13.25,94 minutos em 2011, curiosamente os únicos dois anos neste período em que foi o líder nacional do ano. Pelo meio Youssef el Kalai (13.31,68 minutos) e Eduardo Mbengani (13.35,29 minutos) lideraram, numa altura onde o treino em conjunto lhes valeu muitos frutos, bem como estágios em conjunto, mas infelizmente no caso de Mbengani um caso de doping já julgado e que o retira desde logo dos Jogos Olímpicos de Londres e, eventualmente, o fim da sua carreira, como chegou a ponderar...Desta forma é muito duvidoso o olhar que se pode ter na distância, já que a profundidade reduziu bastante em 2011, onde só se safou o melhor tempo destes quatro anos através de Rui Silva. Esta marca constitui mínimos “B” para os Jogos Olímpicos de 2012, com Portugal ausente da distância desde 2000.

A dúvida sobre os jovens valores é sempre mais que muita, pela sua não fixação a uma distância, que parece ter ficado mais sombria a partir do momento em que Rui Silva veio em definitivo para os 5000 metros, como se este fosse o único fundista português da actualidade. Atletas como Bruno Albuquerque, Rui Pinto, Tiago Costa e José Costa podem ser rostos do futuro, como também o podem não ser...A verdade é que, à excepção de Rui Silva, Portugal tem El Kalai como um atleta inconstante e nem sempre bem em representações internacionais, sendo estas as duas maiores certezas das selecções nacionais, para bons resultados.

Rui Silva
Foto : Filipe Oliveira / Atleta-Digital

SARA MOREIRA NUMA DISTÂNCIA MAIS AO SEU JEITO, MAS SEM CERTEZA DO PASSAPORTE PARA LONDRES

A tendência tem melhorado no sector feminino, com uma pequena excepção durante o ano de 2011 e aqui o contraste nota-se favoravelmente, relativamente ao sector masculino. As três atletas com mínimos, Sara Moreira (Mínimo A) , Dulce Félix e Jéssica Augusto (Mínimo B) mostram bem a luta por esta especialidade, tal como nos 10000 metros, onde ainda se pode somar a atleta Inês Monteiro, parada há largos meses. Estas quatro atletas têm dominado o top-3 português nos últimos anos, onde apenas por duas vezes a veterana Fernanda Ribeiro conseguiu assustar as mais jovens, embora sustos pequenos. A passagem de testemunho entre Fernanda Ribeiro e as restantes atletas parece ter sido um bom pronúncio da evolução das especialidade de fundo. Sem ser ainda conhecida a decisão sobre o caso de doping de Sara Moreira, esta é a única com mínimo “A” e também é pouco provável que Dulce Félix ou Jéssica Augusto optem pela distância em Londres, até porque a principal aposta está colocada na distância da Maratona.

Catarina Ribeiro ou mesmo Carla Salomé Rocha são novas fornadas de talentos, que podem muito bem atacar a distância brevemente já que, como acontece noutros casos, esta parece ser uma distância de ninguém, sem uma referência mais certa, até porque a própria Sara Moreira tem-se dividido entre 3000 metros Obstáculos e 10000 metros planos. Será que assistiremos em Londres a uma especialidade onde Portugal, com três atletas que possuem mínimos, se arrisca a não levar qualquer uma delas?! Se alguma das atletas participar, será a terceira vez consecutiva que acontece. Mesmo que não valham propriamente as marcas, já era bom valer a classificação no final do evento, mas será?!...

Sara Moreira
Foto : Filipe Oliveira / Atleta-Digital

MÍNIMOS:

Masc. A – 13.20,00 (nenhum atleta) | Masc. B – 13.27,00 (Rui Silva)
Fem. A – 15.15,00 (Sara Moreira) | Fem. B – 15.25,90 (Dulce Félix e Jéssica Augusto)

RANKINGS

Masculinos:

2008 – 13.38,00 (Rui Silva) | 13.47,78 (José Rocha) | 13.48,33 (Rui Pedro Silva)
2009 – 13.31,68 (Youssef el Kalai) | 13.35,90 (Manuel Damião) | 13.43,12 (Eduardo Mbengani)
2010 – 13.35,29 (Eduardo Mbengani) | 13.39,45 (Youssef el Kalai) | 13.41,90 (Rui Silva)
2011 – 13.25,94 (Rui Silva) | 13.55,22 (Youssef el Kalai) | 14.01,68 (Bruno Albuquerque)

Nº de presenças nos Jogos Olímpicos :15 (1 em 1960, 1 em 1972, 1 em 1976, 3 em 1984, 3 em 1988, 3 em 1992, 2 em 1996 e 1 em 2000)
Melhor marca em Jogos Olímpicos : António Leitão (1984) – 13.09,20

Femininos:
2008 – 15.19,67 (Jéssica Augusto) | 15.28,48 (Inês Monteiro) | 15.54,38 (Fernanda Ribeiro)
2009 – 14.58,11 (Sara Moreira) | 15.01,06 (Inês Monteiro) | 15.08,02 (Ana Dulce Félix)
2010 – 14.37,07 (Jéssica Augusto) | 14.54,71 (Sara Moreira) | 15.33,58 (Fernanda Ribeiro)
2011 – 15.11,97 (Sara Moreira) | 15.19,60 (Jéssica Augusto) |15.22,16 (Ana Dulce Félix)

Nº de presenças nos Jogos Olímpicos : 5 (3 em 1996, 1 em 2004 e 1 em 2008)
Melhor marca em Jogos Olímpicos : Inês Monteiro (2004) – 16.03,75

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Comentarios (9)add feed
Sara sempre a aparecer! : zézinho
Podiam deixar de usar sempre fotos da mesma atleta e que está implicada num caso de doping? Qualquer notícia do ciclo olímpico, lá vem a "contaminada"!! Possa
Dezembro 06, 2011
... : zézinho
Numa mesma notícia, duas fotos da mesma!
Dezembro 06, 2011
exato : maratonape
essa Atleta não é exemplo para ninguém. não tem mais fotos?
Dezembro 06, 2011
invejosos : LM
A inveja é realmente muito feia. Será que não tem espelhos em casa? Matem-se... A atleta em questão, é e continuará a ser a maior referência do momento em Portugal, e vocês nunca deixarão de ser uns frustados cheios de inveja.
Dezembro 06, 2011
... : jtito
Pelo menos no doping tem sido a referencia dos ultimos tempos. Com ajuda extra ela não seria a unica a ter bons resultados. será que ela tem cinco metros de altura para ser a maior, nao vejo outra razão para o ser. vou só lembrar a que marion jones tambem era a maior referencia..... e contaminação e só quando não traz no rotulo a substancia em causa o que não é o caso...
Quem deveria ter inveja são aqueles atletas que foram castigados e não tiveram padrinhos a defender.
Dezembro 07, 2011
Uma questão de justiça : LM
Será que para ti, EPO é igual a um estimulante?? Então estás apresentado... Uma atleta dopada, está provado não corre o ano todo como a Sara fazia e continuará a fazer! Além disso, se ter padrinhos é saber-se do caso, então que dirão os outros de quem nunca se soube de nada... Para quem estiver no desporto e for humano, não julgará o caso dessa forma. Mas nós somos todos diferentes. Não tenho qualquer duvida de que o seu valor, virá novamente ao de cima. E já agora, os únicos invejosos aqui só podem ser vocês, pq esses de que falam, nunca vieram a público, dizer o que quer que fosse.
Dezembro 07, 2011
Autodefesa : jtito
Doping é doping seja estimulante esteroide ou EPO. Se forem verificar há muitos atletas que levaram 2 anos com estimulantes, regras são regras, os ateltas são reponsaveis por aquilo que tomam mas se a culpa é da marca dos produtos ou do nutricionista em portugal existem tribunais para tratar disso, os advogados precisam de trabalho. O azar da atleta foi ter sido apanhada no campeonato do mundo senão teria sido escondido como outros casos. Estamos os dois apresentados......
Dezembro 07, 2011
... : LM
Concordo contigo que as regras são para cumprir, mas também não se pode analisar tudo da mesma forma, por isso é que existe um conselho de disciplina para decidir. Precisamente pelos atletas serem responsáveis por tudo o que tomam, é que a Sara será penalizada certamente. Quanto á questão de haverem atletas que apanharam 2 anos por estimulantes, realmente é verdade, mas uma coisa são estimulantes no meio-fundo e outra na velocidade da mesma forma que EPO no meio fundo tem um efeito e na velocidade outro, todos estes aspectos são analisados e ponderados. É a minha simples opinião e respeito a tua, embora ache que ninguém tenha o direito de julgar desta forma os atletas que são acima de tudo humanos.
Dezembro 07, 2011
... : jtito
Estimulantes no meio fundo e na velocidade não deixam de ser estimulantes. além de ajudar no treino, retardam o cansaço nas provas mais longas, são substancias que tem efeitos dopantes tanto na velocidade como no meio fundo como em outra disciplina qualquer. temos em portugal um atleta do fundo que apanhou 10 anos por uso de um estimulante, se o estimulante não tem efeitos em atletas de fundo e meio fundo porque terá sido ele castigado???
Quanto a ser humanos todos o atletas porque é que está a diferenciar atletas com EPO e estimulantes? não há diferença nehuma entre eles, todos eles são atletas sem escrupulos que andam a enganar e a roubar toda a gente. Eu não defendo batoteiros.
Dezembro 08, 2011
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