Mais certezas femininas, que profundidade masculina.
Os 5000 metros estão longe de ser uma especialidade com o poder de outros tempos, embora se possa considerar muito interessante a luta em femininos...
A Europa no geral, Portugal em particular têm tentado dar a “sapatada” na crise de valores para provas de fundo, mas parece que a estagnação europeia na especialidade a fez regressar a décadas de crescimento da especialidade. O poderio africano neste tipo de provas tem sido combatido ora com uma estratégia de desenvolvimento da especialidade, ora com a nacionalização de atletas africanos para países europeus, com Portugal a não escapar dessa tendência. Noutros casos o doping tem dado mostras de uma arma que começa a também ser conhecida por terras lusas e isso simplesmente tem retirado esperanças à especialidade, em Portugal, depois de casos em Espanha, por exemplo. Mas afinal de contas esta continua a ser uma das especialidades onde Portugal se pode orgulhar de ter atletas com mínimos nos dois géneros e isso começa já a ser uma raridade...
A VEZ DE RUI SILVA SE AFIRMAR EM DISTÂNCIAS ONDE OS MITOS SE CRIARAM
Os grandes fundistas portugueses de sempre passaram pelos 5000 metros e depois de muitos anos de dúvida, Rui Silva finalmente acabou por deixar os 1500 metros para pensar em mais voltas à pista. Não tem sido uma adaptação vencedora, mas tem sido uma adaptação que faz querer que Rui Silva, já sendo um mito do atletismo português, pode ser lembrado daqui a muitos anos. O atleta foi espreitando a distância e passou de 13.38,00 minutos, em 2008, para 13.25,94 minutos em 2011, curiosamente os únicos dois anos neste período em que foi o líder nacional do ano. Pelo meio Youssef el Kalai (13.31,68 minutos) e Eduardo Mbengani (13.35,29 minutos) lideraram, numa altura onde o treino em conjunto lhes valeu muitos frutos, bem como estágios em conjunto, mas infelizmente no caso de Mbengani um caso de doping já julgado e que o retira desde logo dos Jogos Olímpicos de Londres e, eventualmente, o fim da sua carreira, como chegou a ponderar...Desta forma é muito duvidoso o olhar que se pode ter na distância, já que a profundidade reduziu bastante em 2011, onde só se safou o melhor tempo destes quatro anos através de Rui Silva. Esta marca constitui mínimos “B” para os Jogos Olímpicos de 2012, com Portugal ausente da distância desde 2000.
A dúvida sobre os jovens valores é sempre mais que muita, pela sua não fixação a uma distância, que parece ter ficado mais sombria a partir do momento em que Rui Silva veio em definitivo para os 5000 metros, como se este fosse o único fundista português da actualidade. Atletas como Bruno Albuquerque, Rui Pinto, Tiago Costa e José Costa podem ser rostos do futuro, como também o podem não ser...A verdade é que, à excepção de Rui Silva, Portugal tem El Kalai como um atleta inconstante e nem sempre bem em representações internacionais, sendo estas as duas maiores certezas das selecções nacionais, para bons resultados.
Foto : Filipe Oliveira / Atleta-Digital
SARA MOREIRA NUMA DISTÂNCIA MAIS AO SEU JEITO, MAS SEM CERTEZA DO PASSAPORTE PARA LONDRES
A tendência tem melhorado no sector feminino, com uma pequena excepção durante o ano de 2011 e aqui o contraste nota-se favoravelmente, relativamente ao sector masculino. As três atletas com mínimos, Sara Moreira (Mínimo A) , Dulce Félix e Jéssica Augusto (Mínimo B) mostram bem a luta por esta especialidade, tal como nos 10000 metros, onde ainda se pode somar a atleta Inês Monteiro, parada há largos meses. Estas quatro atletas têm dominado o top-3 português nos últimos anos, onde apenas por duas vezes a veterana Fernanda Ribeiro conseguiu assustar as mais jovens, embora sustos pequenos. A passagem de testemunho entre Fernanda Ribeiro e as restantes atletas parece ter sido um bom pronúncio da evolução das especialidade de fundo. Sem ser ainda conhecida a decisão sobre o caso de doping de Sara Moreira, esta é a única com mínimo “A” e também é pouco provável que Dulce Félix ou Jéssica Augusto optem pela distância em Londres, até porque a principal aposta está colocada na distância da Maratona.
Catarina Ribeiro ou mesmo Carla Salomé Rocha são novas fornadas de talentos, que podem muito bem atacar a distância brevemente já que, como acontece noutros casos, esta parece ser uma distância de ninguém, sem uma referência mais certa, até porque a própria Sara Moreira tem-se dividido entre 3000 metros Obstáculos e 10000 metros planos. Será que assistiremos em Londres a uma especialidade onde Portugal, com três atletas que possuem mínimos, se arrisca a não levar qualquer uma delas?! Se alguma das atletas participar, será a terceira vez consecutiva que acontece. Mesmo que não valham propriamente as marcas, já era bom valer a classificação no final do evento, mas será?!...
Foto : Filipe Oliveira / Atleta-Digital
MÍNIMOS:
Masc. A – 13.20,00 (nenhum atleta) | Masc. B – 13.27,00 (Rui Silva)
Fem. A – 15.15,00 (Sara Moreira) | Fem. B – 15.25,90 (Dulce Félix e Jéssica Augusto)
RANKINGS
Masculinos:
2008 – 13.38,00 (Rui Silva) | 13.47,78 (José Rocha) | 13.48,33 (Rui Pedro Silva)
2009 – 13.31,68 (Youssef el Kalai) | 13.35,90 (Manuel Damião) | 13.43,12 (Eduardo Mbengani)
2010 – 13.35,29 (Eduardo Mbengani) | 13.39,45 (Youssef el Kalai) | 13.41,90 (Rui Silva)
2011 – 13.25,94 (Rui Silva) | 13.55,22 (Youssef el Kalai) | 14.01,68 (Bruno Albuquerque)
Nº de presenças nos Jogos Olímpicos :15 (1 em 1960, 1 em 1972, 1 em 1976, 3 em 1984, 3 em 1988, 3 em 1992, 2 em 1996 e 1 em 2000)
Melhor marca em Jogos Olímpicos : António Leitão (1984) – 13.09,20
Femininos:
2008 – 15.19,67 (Jéssica Augusto) | 15.28,48 (Inês Monteiro) | 15.54,38 (Fernanda Ribeiro)
2009 – 14.58,11 (Sara Moreira) | 15.01,06 (Inês Monteiro) | 15.08,02 (Ana Dulce Félix)
2010 – 14.37,07 (Jéssica Augusto) | 14.54,71 (Sara Moreira) | 15.33,58 (Fernanda Ribeiro)
2011 – 15.11,97 (Sara Moreira) | 15.19,60 (Jéssica Augusto) |15.22,16 (Ana Dulce Félix)
Nº de presenças nos Jogos Olímpicos : 5 (3 em 1996, 1 em 2004 e 1 em 2008)
Melhor marca em Jogos Olímpicos : Inês Monteiro (2004) – 16.03,75
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Quem deveria ter inveja são aqueles atletas que foram castigados e não tiveram padrinhos a defender.
Quanto a ser humanos todos o atletas porque é que está a diferenciar atletas com EPO e estimulantes? não há diferença nehuma entre eles, todos eles são atletas sem escrupulos que andam a enganar e a roubar toda a gente. Eu não defendo batoteiros.