Oitocentistas com pouca internacionalização neste ciclo...
Pouca profundidade e falta de primeiros planos têm marcado esta especialidade em Portugal, onde os jovens valores se têm afastado...
Os 800 metros como consequência de uma passagem mal conseguida nos 400 metros, ou como passagem para os 1500 metros, é neste balanço que a especialidade tem vivido, com pouca fixação de valores, fazendo pedir que Portugal volte a ter atletas com marcas como recentemente alcançavam João Pires, Carmo Tavares ou a mítica Carla Sacramento. Os últimos anos têm sido desoladores na profundidade obtida na especialidade e os primeiros planos longe de outros tempos, bastando para isso ver o que tem acontecido nos poucos eventos internacionais disputados na distância...
RENATO SILVA NA LUTA, TEM PERDIDO COM JOVENS TALENTOS INCONSTANTES...
O ciclo olímpico que se percorre de Pequim a Londres não será o pior, mas torna esta uma das especialidades mais inferiorizadas ao nível das corridas, em Portugal, por comparação. Apesar de tudo, que mais tem permitido a estabilização da profundidade de resultados nos 800 metros acaba por ser o nortenho Renato Silva, que todos os anos “combate” contra jovens que acabam por não ter fixação à distância. Em 2008 o sportinguista Tiago Rodrigues parecia ser a esperança do atletismo nacional, fazendo em 2010 uma marca para lá do 1.50, em pista coberta e já não aparecendo no ranking de 2011. Fábio Gonçalves prometia em 2010 um sucesso, tal como Tiago Rodrigues, valendo-lhe até a chamada à equipa para o Campeonato da Europa de Equipas de 2009, mas acabou na última época muito longe do melhor, com poucas aparições em competição. Em 2011 foi António Rodrigues a garantir o melhor resultado do ano, o único em Portugal a aparecer com marcas abaixo do 1.50 minuto, melhorando relativamente a 2010, mas será este o futuro da especialidade em Portugal, ou assistiremos a mais mudanças?
O jovem atleta que parece estar mais próximo do sucesso nesta especialidade, embora também aposte nos 1500 e 3000 metros, é Emanuel Rolim, além de Jorge Batista, que tem surpreendido em algumas provas nacionais, mas não tendo tivo uma evolução muito proeminente de 2010 para 2011. É muito pouco provável que Portugal apresente algum atleta em Londres, nesta especialidade, isto depois de nove presenças em Jogos Olímpicos e de ter feito um bom percurso sem falhas de presenças, entre 1988 e 2004, onde se vincaram os atletas Álvaro Silva e João Pires. Desde aí Portugal nunca mais chegou a resultados próximos dos mínimos...Relativamente às últimas épocas são mais de três segundos de diferença (!)...
Foto : Filipe Oliveira / Atleta-Digital
DEPOIS DE CARMO TAVARES FICOU SANDRA TEIXEIRA...E AGORA?!
Portugal é o país que apresentou ao Mundo uma das melhores atletas da especialidade, Carla Sacramento, ainda hoje dona de um recorde nacional invejável, de 1.58,94 minuto, marca que ainda hoje se bateria com a das melhores atletas mundiais da actualidade. Depois do abandono desta atleta Maria do Carmo Tavares e Nédia Semedo tomaram bem as rédeas e em 2008 a atleta Carmo Tavares praticamente fechou a sua carreira ao mais alto nível, com a presença nos Jogos Olímpicos, abandonando em 2009, depois de ainda ter conseguido ser segunda melhor do ano. Nessa altura, também do Sporting, Sandra Teixeira subiu no top, onde desde aí é constantemente a melhor atleta nacional. Contudo a melhor marca tem sido piorada desde 2008, dos 2.01.,14 minutos de Carmo Tavares, para os 2.05,78 minutos de 2011 de Sandra Teixeira. Com 34 anos em 2012, a prova de 800 metros começa a ser um “osso” demasiado duro de “roer” para Sandra Teixeira, que tem potenciais substitutas, mas que muito terão a confirmar.
Em 2010 a bracarense Joana Costa (2.09,50) e a “estudante” Marta Pen (2.09,82) davam mostras de querer ser a referência nacional a breve termo e em 2011 apenas Marta Pen deu mostras dessa luta, com 2.07,77 minutos, numa participação no Europeu de Juniores. Também Daniela Cunha apareceu, mas é pouco provável que a atleta se dedique aos 800 metros, enquanto Joceline Monteiro parece ser a aposta do Sporting para substituir Sandra Teixeira nas competições por clubes, embora a contratação de Mariana Brás possa acelerar a luta pela distância, tanto no clube, como nas selecções nacionais. Contudo dos 2.10 minutos aos 2.00 minutos vão dez segundos e é este tempo que separa as atletas nacionais do nível médio internacional...Para Londres os 2.01,30 minutos parecem quase inatingíveis, tanto que a última vez que uma portuguesa ultrapassou esta marca foi Carmo Tavares, em 2008 (!). Desta forma dificilmente será desta que Portugal consegue três participações consecutivas em Jogos Olímpicos, nos 800 metros femininos...
Foto : Filipe Oliveira / Atleta-Digital
MÍNIMOS:
Masc. A – 1.45,60 (nenhum atleta) | Masc. B – 1.46,30 (nenhum atleta)
Fem. A – 1.59,90 (nenhum atleta) | Fem. B – 2.01,30 (nenhum atleta)
RANKINGS
Masculinos:
2008 – 1.49,35 (Tiago Rodrigues) | 1.49,73 (Renato Silva) | 1.49,74 (Hélio Gomes)
2009 –
2010 – 1.49,82 (Fábio Gonçalves) | 1.49,99 (Renato Silva) | 1.50,31 (António Rodrigues)
2011 – 1.49,52 (António Rodrigues) | 1.50,26 (Renato Silva) | 1.50,30 (Hélio Fumo)
Nº de presenças nos Jogos Olímpicos : 9 (1 em 1912,1 em 1972, 1 em 1976, 2 em 1988, 1 em 1992, 1 em 1996, 1 em 2000 e 1 em 2004 )
Melhor marca em Jogos Olímpicos : Álvaro Silva (1988) – 1.45,12
Femininos:
2008 – 2.01,14 (M. Carmo Tavares) | 2.02,86 (Sandra Teixeira) | 2.07,15 (Lilian Silva)
2009 – 2.02,00 (Sandra Teixeira) | 2.07,26 (M. Carmo Tavares) | 2.07,65 (Lilian Silva)
2010 – 2.04,30 (Sandra Teixeira) | 2.09,50 (Joana Costa) | 2.09,82 (Marta Pen)
2011 – 2.05,78 (Sandra Teixeira) | 2.07,77 (Marta Pen) | 2.09,39 (Daniela Cunha)
Nº de presenças nos Jogos Olímpicos : 5 (1 em 1984, 1 em 1992, 1 em 1996, 1 em 2004 e 1 em 2008)
Melhor marca em Jogos Olímpicos : Carla Sacramento (1992) – 2.00,57
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