Análise do ciclo olímpico (400 m)

Sábado, 26 Novembro 2011
Análise do ciclo olímpico (400 m)

A distância que não é mais do que um período sazonal...

A volta à pista está longe de conhecer bons dias, tanto que é quase certa a ausência desta distância nos próximos Jogos Olímpicos.  

Hoje esta foi uma das questões discutidas no Seminário de Atletismo da Federação Portuguesa de Atletismo, a pouca expressividade dos 400 metros em Portugal. De facto a distância não tem conhecido um bom momento, tal como também nunca conheceu com enorme expressividade, onde em Jogos Olímpicos a presença nunca se conheceu em femininos e só se deu por cinco vezes no sector masculino, através de Filipe Lomba (1988), José Carvalho (1976), Fernando Silva (1972), Fernando Casimiro (1952) e António Stromp (1912). Esta ausência está actualmente a tentar ser combatida pelo plano 4.Centos, iniciativa liderada pelo Prof. Carlos Silva, um dos mais bem sucedidos treinadores nesta distância, nos últimos anos.

PROFUNDIDADE MELHOROU EM 2011, COM LUTA PELAS BARREIRAS, EM MASCULINOS

Se analisarmos todo o ciclo olímpico, incluindo o ano dos últimos Jogos Olímpicos, João Ferreira é o mais dominador, um atleta sempre polivalente e que só nesta última temporada terá optado com mais certeza nos 400 metros barreiras. É, por isso, apenas mais um dos exemplos dos atletas portugueses que passam nos 400 metros planos como meio de atingir o fim noutra especialidade, fazendo desta uma especialidade extremamente sazonal, numa luta quase desigual com outros continentes, muito mais fortes que o continente europeu, no género masculino. A verdade é que as marcas de João Ferreira não tiveram melhorias significativas entre 2009 e 2011, onde em 2010 foi até ultrapassado por António Rodrigues, atleta que até aí ocupou o segundo lugar do top português e que se tem dedicado aos 800 metros.

Jorge Paula é o atleta que tem sempre espreitado esta especialidade, mas também aqui com intenções de aplicar para outro fim, tal como João Ferreira o fez nesta época, nos 400 metros barreiras. Os 47,60 (2008) e 47,57 (2009) segundos, foram abruptamente interrompidos por um pé partido, mas em 2011 o atleta regressou em excelentes 46,89 segundos, numa disputa interessante com João Ferreira. Aliás os dois protagonizaram bons despiques no Campeonato Nacional de Clubes de 2011 e esta luta deve ser esperada novamente em 2012, numa tentativa de definir um lugar na selecção que estará em Londres, para os Jogos Olímpicos, na especialidade com barreiras. Nos últimos dois anos o terceiro melhor tem acabado com tempos acima dos 48 segundos, o que contrasta com dois atletas abaixo de 47 segundos, neste ano de 2011. Os dois jovens que se encontravam em progressão na distância, casos de Paulo Pinto ou José Miranda, estagnaram em 2011, com marcas quase meio segundo pior que em 2010, em torno já dos 49 segundos (!).

João Ferreira
Foto : Filipe Oliveira / Atleta-Digital

PATRÍCIA LOPES TEM SIDO LÍDER DO CICLO, SEM GRANDE OPOSIÇÃO

Não é uma especialista nos 400 metros, até porque vinha marcando a sua carreira na distância com barreiras, mas a verdade é que Patrícia Lopes é a melhor portuguesa da actualidade nesta distância, usando-a também como meio para alcançar outros fins, uma tendência já verificada no sector masculino. Não fosse a lesão e talvez esta atleta tivesse chegado perto da marca de 2009, numa irregularidade de marcas que não tem tido grande resposta das suas mais directas adversárias : 54,47 (2008), 53,05 (2009), 54,31 (2010) e 54,00 (2011). Esta atleta começou a reinar com o fim de carreira de Carmo Tavares e continua a reinar com o aparecimento de outros valores como Vera Barbosa e Cátia Nunes, esta última parece estar mais focada na distância, tendo representado Portugal este ano no Campeonato da Europa de Equipas, na Superliga. De realçar que os 54,00 segundos de Patrícia Lopes foram obtidos em pista coberta...

Nos últimos quatro anos, Portugal teve sempre uma atleta diferente com a segunda melhor marca, o que na prática nunca resultou em grandes dificuldades para que Patrícia Lopes fosse a melhor portuguesa. Carla Ratão em 2008 correu em 54,73 segundos, Carmo Tavares conseguiu em 2009 a marca de 53,99 segundos, antes de ser mãe e abandonar a carreira, Joceline Monteiro acabaria em 2010 com 54,74 segundos, ainda assim pior que em 2011 e por fim, em 2011, a segunda melhor portuguesa foi Vera Barbosa, que correu em 54,30 segundos, num momento da época em que preparava o Europeu de Sub-23. É provável que esta dualidade entre 400 e 400 metros barreiras continue a ocorrer em 2012, principalmente entre Vera Barbosa e Patrícia Lopes, ambas atletas orientadas por Carlos Silva e que se têm ajudado mutuamente na distância. Joceline Monteiro, que parecia uma esperança, foi-se afundando nos últimos anos e Cátia Nunes, que tem tido uma carreira mais progressiva, a partir dos 55,74 segundos de 2009 para os 54,41 segundos de 2011, pode ser a luz ao fundo do túnel, na especialidade. Das mais jovens, Carolina Duarte e Dorothe Évora parecem mais dedicadas à distância, mas ainda terão alguns anos de trabalho pela frente, que como outras atletas, podem ser convertidos numa mudança de especialidade...Será, por isso, difícil de prever quando é que Portugal se estreia em Jogos Olímpicos nesta distância...

Patrícia Lopes
Foto : Filipe Oliveira / Atleta-Digital

MÍNIMOS:

Masc. A – 45,25 (nenhum atleta) | Masc. B – 45,70 (nenhum atleta)
Fem. A – 51,50 (nenhum atleta) | Fem. B – 52,30 (nenhum atleta)

RANKINGS
Masculinos:

2008 – 47,10 (João Ferreira) | 47,55 (António Rodrigues) | 47,60 (Jorge Paula)
2009 – 46,66 (João Ferreira) | 47,20 (António Rodrigues) | 47,57 (Jorge Paula)
2010 – 47,51 (António Rodrigues) | 47,60 (João Ferreira) | 48,33 (José Miranda)
2011 – 46,69 (João Ferreira) | 46,89 (Jorge Paula) | 48,35 (Carlos Pinheiro)

Nº de presenças nos Jogos Olímpicos : 5 (1 em 1912, 1 em 1952, 1 em 1972, 1 em 1976, 1 em 1988)
Melhor marca em Jogos Olímpicos : Filipe Lomba (1988) - 47,57

Femininos:
2008 – 54,47 (Patrícia Lopes) | 54,73 (Carla Ratão) | 54,80 (M. Carmo Tavares)
2009 – 53,05 (Patrícia Lopes) | 53,99 (M. Carmo Tavares) | 54,29 (Joceline Monteiro)
2010 – 54,31 (Patrícia Lopes) | 54,74 (Joceline Monteiro) | 54,93 (Vera Barbosa)
2011 - 54,00i (Patrícia Lopes) | 54,30 (Vera Barbosa) | 54,41 (Cátia Nunes)

Nº de presenças nos Jogos Olímpicos : 0
Melhor marca em Jogos Olímpicos : -


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