Os sucessores de Obikwelu, enquanto Sónia persegue recorde.
Panorama dos 100 metros em Portugal em melhoria, mesmo depois do possível abandono de Francis Obikwelu após Londres 2012.
Iniciamos aqui uma análise dos rankings nacionais neste ciclo olímpico, que começou após o término dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, terminando quando se realizar a edição de 2012 dos Jogos Olímpicos de Verão, em Londres (Inglaterra). O objectivo é analisar os rankings para perspectivar os Jogos Olímpicos de 2012 e antever o próximo ciclo olímpico.
DEPOIS DE FRANCIS OBIKWELU, DOIS ATLETAS ABAIXO DOS 10,50 SEGUNDOS
Em 2008 a meia-final dos 100 metros foi o alcance de Francis Obikwelu, que colocou toda a comunidade em choque com o anúncio do abandono da carreira, por não ter alcançado a final dos 100 metros. Nessa época tinha corrido em 10,04 segundos, numa altura em que os 100 metros em Portugal não alcançavam ainda grande profundidade. Não tardou para Francis Obikwelu voltar às pistas, ajudando Portugal em provas de estafetas e, na troca de treinadores, acabou pela mão de João Ganço, o mesmo treinador de Nelson Évora, por alcançar o título europeu de pista coberta, nos 60 metros, em Paris.
A verdade é que a especialidade, que não teve melhorias no topo da lista, com Francis Obikwelu gradativamente a ficar mais longe dos 9,86 segundos que realizou em 2004, nos Jogos Olímpicos de Atenas, mas com atletas portugueses mais rápidos e que podem garantir o futuro da velocidade nacional. Arnaldo Abrantes chegou aos 10,19 segundos em 2009, baixando para a casa dos 10,30 nos anos seguintes, mas sendo sempre o segundo melhor português do ano. Depois de Dany Gonçalves ter ocupado em 2008 e 2009 o top-3, este atleta passou para irreconhecíveis 10,67 segundos (em 2010) e 10,63 segundos (em 2011). O seu lugar acabou ocupado por Yazaldes Nascimento, que aparece agora como uma das esperanças nacionais. De destacar ainda os jovens em ascensão, como Carlos Nascimento (10,58), André Biveti (10,62), Diogo Antunes (10,64), Bruno Fernandes (10,66) e David Lima (10,69), uma tendência jovem muito mais forte que em anos anteriores. Para estes Jogos apenas Francis Obikwelu já possui os mínimos ‘A’, colocados em 10,18 segundos, exactamente a marca que Obikwelu alcançou em 2010 e 2011. A consumar-se a presença, será a 15ª da história portuguesa, a terceira consecutiva, depois de Atenas 2004.
Foto : Filipe Oliveira / Atleta-Digital
SÓNIA TAVARES ASSUME-SE A CANDIDATA DE RECORDE DE PORTUGAL
Lucrécia Jardim, agora emigrante, está imóvel no topo da lista de melhores de sempre, com 11,30 segundos, desde 1997, curiosamente também em Atenas, como Francis Obikwelu. A nove centésimos aparece Sónia Tavares, que desde 2009 derrubou o protagonismo de Carla Tavares. Desde aí faltou-lhe alguma consistência no progresso da marca, correndo em 11,58 e 11,41 segundos, nos dois anos seguintes. Em Portugal esta portuguesa tem tido ainda algumas dificuldades de disputas emotivas, já que Carla Tavares, quatro anos mais velha, tem vindo a decair para tempos acima de 11,50 segundos, numa disciplina que em femininos ganha pouca consistência. Em 2008 a top-3 foi a super jovem Eva Vital (12,05 segundos), em 2009 outra jovem destacou-se (11,95 segundos), em 2010 esse lugar ficou na jovem Ungudi Quiawacana (11,93 segundos) e em 2011 a mais experiente Andreia Felisberto acabaria no top-3 (11,94 segundos).
Esta inconsistência, que no somatório dos tempos das atletas do top-3 de cada ano encontra-se sempre acima dos 35 segundos, excepto em 2009 (34,86 segundos), traz agarrado um enorme diferencial para o somatório das três melhores marcas de sempre (34,15 segundos), quando por exemplo no sector masculino esse diferencial tem sido sempre menor que um segundo neste ciclo olímpico. Das jovens atletas que ocuparam o top-3 nestes anos, Eva Vital migrou para as barreiras, Tânia Duarte tem estado limitada por problemas físicos, Ungudi Quiawacana dedicou-se ao salto em comprimento e Andreia Felisberto acaba dividida entre a velocidade e as barreiras. Ou seja, os talentos não têm apostado nas provas de velocidade, o que ameaça comprometer o futuro da especialidade e limitar ainda mais as provas de estafetas, que muitas vezes se têm socorrido da saltadora Naide Gomes (!). Nenhuma atleta está até agora apurada para Londres, depois de a Sónia Tavares também ter faltado alguma “sorte” nos eventos da época passada, mas melhorando um centésimo do recorde pessoal, alcançará Londres, como é seu objectivo...Conseguirá Portugal a terceira participação nesta prova, depois de em 1996 Lucrécia Jardim ter feito uma das melhores marcas portugueses de sempre?!
Foto : Filipe Oliveira / Atleta-Digital
MÍNIMOS:
Masc. A – 10,18 (Francis Obikwelu) | Masc. B – 10,24 (nenhum atleta)
Fem. A – 11,29 (nenhum atleta) | Fem. B – 11,38 (nenhum atleta)
RANKINGS
Masculinos:
2008 – 10,04 (Francis Obikwelu) | 10,46 (Arnaldo Abrantes) | 10,50 (Dany Gonçalves)
2009 – 10,10 (Francis Obikwelu) | 10,19 (Arnaldo Abrantes) | 10,39 (Dany Gonçalves)
2010 – 10,18 (Francis Obikwelu) | 10,30 (Arnaldo Abrantes) | 10,47 (Yazaldes Nascimento)
2011 – 10,18 (Francis Obikwelu) | 10,37 (Arnaldo Abrantes) | 10,39 (Yazaldes Nascimento)
Nº de presenças nos Jogos Olímpicos : 14 (1 em 1912, 1 em 1924, 1 em 1928, 1 em 1932, 1 em 1948, 2 em 1952, 1 em 1964, 1 em 1984, 2 em 1988, 1 em 1996, 1 em 2004 e 1 em 2008)
Melhor participação em Jogos Olímpicos : Francis Obikwelu (2004) – 9,86
Femininos:
2008 –11,65 (Carla Tavares) | 11,66 (Sónia Tavares) | 12,05 (Eva Vital)
2009 – 11,39 (Sónia Tavares) | 11,52 (Carla Tavares) | 11,95 (Tânia Duarte)
2010 – 11,58 (Sónia Tavares) | 11,72 (Carla Tavares) | 11,93 (Ungudi Quiawacana)
2011 –11,47 (Sónia Tavares) | 11,68 (Carla Tavares) | 11,94 (Andreia Felisberto)
Nº de presenças nos Jogos Olímpicos : 2 (1 em 1992 e 1 em 1996)
Melhor resultado em Jogos Olímpicos : Lucrécia Jardim (1996) – 11,32
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