A formação de treinadores em Portugal

Sábado, 12 Novembro 2011
A formação de treinadores em Portugal

Formação de treinadores em mudança

O Prof. João Abrantes esteve à conversa com o Atleta-Digital sobre a formação de treinadores em Portugal, sector sobre o qual é responsável na Federação Portuguesa de Atletismo 

Veio do Pentatlo Moderno para ser um dos principais responsáveis pela formação de treinadores de atletismo em Portugal. João Abrantes, que depois de ter sido praticante de atletismo e pentatlo moderno, enveredou primeiro pela carreira de treinador de pentatlo : “resolvi ser treinador porque não tínhamos treinadores em Portugal. Como já estava no ISEF e fui fazer um curso a Itália durante dois meses, fui aos Jogos Olímpicos de Los Angeles como treinador da selecção portuguesa de Pentatlo”. A vinda para o atletismo ocorreu pelo desejo de uma carreira de treinador, tendo passado pelo Belenenses, JOMA e Benfica, clube onde actualmente colabora.

Em 1999 assumiu pela primeira vez o sector de formação e passados dois anos foi convidado para Director Técnico Regional da Associação de Atletismo de Lisboa, onde trabalhou durante quatro anos, saindo, cansado pelo ritmo deste cargo, com objectivo de voltar a dar aulas. Aí Fernando Mota, presidente da Federação Portuguesa de Atletismo, voltou a convidá-lo para o cargo de responsável do sector de formação, até hoje...

Atleta-Digital : Quais foram as primeiras medidas que implementou no sector de formação?

João Abrantes: A mais importante de todas relacionou-se com o facto de nunca ter havido em Portugal um curso de treinadores de grau 2 (hoje grau 3), foi um dos meus primeiros desafios. Aproveitámos a presença de Robert Zotko em Portugal para fazer esse curso no sector dos saltos. A realização do ENAJ (Encontro Nacional de Atletismo Juvenil), que começámos a alternar com o Seminário de Atletismo Juvenil, foi muito importante. Outra importante criação foi o Seminário Internacional de Treinadores, que terá em Novembro a terceira edição. Alternou-se com o este seminário o Congresso da Corrida, no Porto, que infelizmente terminou.

De há alguns anos a esta parte a Federação Portuguesa de Atletismo tem ainda impulsionado a participação de treinadores nacionais em acções de formação no estrangeiro, que passam depois a ter a missão de comunicar ao grupo de treinadores do sector os ensinamentos trazidos, além de um artigo na revista técnica.

João Abrantes: A reorganização de todos os cursos de treinador foi outro passo importante. Agora todos têm o mesmo programa e a mesma carga horária. Temos formadores para todos os graus e cursos de todos os graus.

Quanto à nova organização dos cursos de treinadores, por decreto-lei uniforme a todas as federações, os cursos passarão por uma reestruturação profunda, principalmente no número de horas de formação para os graus 2 e 3. Enquanto que o grau 1 mantém aproximadamente a carga horária (80 horas), os graus 2 (120 horas) e 3 (180 horas) terão aumentos significativos de carga horária, que preocupa o responsável pela formação. Mas nem tudo são coisas más...

João Abrantes: Tem uma coisa boa, obriga-nos a refazer os manuais. Já o fizemos para o grau 1. Tivemos que fazer o modelo da organização da carreira desportiva no atletismo, com cinco etapas diferentes. O facto de termos estruturada a carreira do atleta, permite-nos adequar as matérias dadas em cada grau, às várias etapas. No grau 1 é para trabalhar com os jovens, no grau 2 com atletas juvenis e juniores e no grau 3 é para quem treina com rendimento. Temos como problema o aumento da carga horária que faz com que os gastos nos cursos aumente com o grau, o que implica que façamos menos cursos por ano. Além disso o treinador de atletismo português é normalmente voluntário e o investimento nos treinadores agora é outro completamente diferente do passado.

Em Portugal ainda muito há a fazer, pelo olhar de João Abrantes, principalmente ao nível do acompanhamento dos treinadores após a formação. “Vivemos numa modalidade que é ao contrário de todas as modalidades em Portugal e é ao contrário de todos os países no atletismo. O treinador começa a treinar o infantil porque fez o grau 1 acha-se no direito de o levar até ao final da carreira, sem que se preocupe em se formar mais”, diz João Abrantes numa crítica directa à mentalidade ainda muito generalizada na comunidade de treinadores. No seu ver era preferível seguir outras modalidades onde, por exemplo, existem treinadores por escalão, ao invés de haver treinadores para toda uma carreira. Por isso, na sua concepção, o problema não é tanto a falta de jovens talentos, mas mais de fracas estruturas ao nível dos clubes e da própria mentalidade dos treinadores portugueses.

OS PRÓXIMOS PASSOS DE UMA ESTRUTURA A PART-TIME

Um dos problemas estruturais do sector de formação é fundamentalmente o trabalho a part-time, um sector onde o próprio João Abrantes não está a 100%, dado que além de colaborador do Benfica, é treinador de alguns atletas de Alto Rendimento portugueses, como Yazaldes Nascimento ou Mónica Lopes. Um dos braços direitos de João Abrantes acaba por ser Pedro Pinto, mas este é também responsável pela Escola de Salto com Vara. Depois disto a responsabilidade acaba por ser transferida para os técnicos nacionais de sector, todos esses técnicos também com actividades paralelas dentro do atletismo.

Ainda assim, o sector de formação está, no início desta época, bastante activo concentrando no Centro de Alto Rendimento a maioria da sua actividade, onde já realizou uma edição das jornadas técnicas para o treino jovem, que terá repetição no mês de Dezembro. No próximo dia 26 de Novembro este mesmo espaço acolherá o Seminário de Treino, onde serão abordadas as preparações dos melhores atletas portugueses nos recentes Mundiais de Ar Livre.

João Abrantes: Este ano foi o ano zero. Estamos a preparar o novo modelo de formação para responder ao novo decreto-lei. Temos o novo manual de grau 1 preparado e a partir de 2012 temos abertura para cinco associações se candidatarem a organizar um curso de grau 1. Já tive proposta de três, temos ainda vagas para mais duas. Durante o ano de 2012, até Julho, vamos ter preparado o manual de grau 2 e os formadores de grau 2 para ver se no fim do ano fazermos o primeiro curso de grau 2 e deixamos o grau 3 para o 2013.

Enviado Especial : Edgar Barreira (texto)

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Comentarios (3)add feed
formação : hugo miranda
Boa tarde
Com ex atleta do Mem Martins SPort Club e como colaborador com equipas de futebols,futsal e como muito gosto pelo atletismo pretendo fazer formação grau 1.agradeço a informação acerca das associações que vao efectuar esta formação.
Parabens a federação pela restruturação da formação de atletismo em Portugal.
Bem haja,felicidades e ate breve
Hugo Miranda
Fevereiro 02, 2012
curso de treinador grau 1 : Teresa Monteiro
boa tarde,
Também eu sou ex-atleta da ACRM e com muito gosto por esta modalidade, como tal gostaria de receber informaçao sobre estas formaçoes...
Obrigada
Teresa Monteiro
Março 09, 2012
... : Gabriela Marques
É com bastante agrado que tomo conhecimento das alterações na formação de treinadores, gosto bastante da modalidade, ainda que a pratique e acompanhe apenas de forma informal.
Estou interessada em fazer a formação de treinadores grau 1, pelo que agradeço informação sobre datas de realização da mesma (Lisboa e arredores).

Grata pela atenção
Gabriela Marques
Julho 31, 2012
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