Dulce Félix redimiu-se em Nova Iorque

Domingo, 06 Novembro 2011
Dulce Félix redimiu-se em Nova Iorque

Jéssica Augusto acabou por desistir do sonho americano.

A Maratona de Nova Iorque foi hoje fantástica nos resultados e fantástica para Dulce Félix, que estabeleceu novo recorde pessoal. 

Participar na Maratona de Nova Iorque é o sonho de qualquer maratonista e o facto de apenas um terço dos candidatos a uma inscrição acabarem por ocupar a linha de partida para o evento, tem vindo a torná-lo mítico, com um grande investimento da própria cidade. O crescimento do evento está até a motivar a Organização de tentar criar futuramente um evento com dois dias, o que seria inédito e tornaria Nova Iorque como o evento de atletismo com maior número de participantes porque o sonho de Mary Wittenber, Directora do evento, é mesmo chegar aos 100 mil atletas (!).

Pormenores à parte, a edição deste ano foi um enorme sucesso desportivo, com duas provas distintas entre géneros. Enquanto que a corrida feminina parecia decidida aos primeiros quilómetros, a masculina só se efectivou nos últimos quilómetros, como aliás viria a ser a prova feminina...

O SONHO CUMPRIDO DE DULCE FÉLIX E O RISCO DE KEITANY...

A portuguesa Dulce Félix passou de controlada nos primeiros quilómetros a explosiva nos últimos e a verdade é que esta estratégia resultou muito bem, com um quarto lugar no final, sendo a melhor europeia em competição.

A fase inicial foi mais de Jéssica Augusto, que foi pacientemente no segundo grupo de atletas, grupo que aos poucos se foi desfazendo, com o ritmo aumentado no principal grupo, que aos primeiros quilómetros já perseguia Mary Keitany, isolada. Até à meia-maratona de prova, localizada na Ponte Pulaski, Jéssica Augusto cumpria um excelente ritmo, com o tempo de 1:11.04 horas, no 7º lugar, enquanto Dulce Félix trazia cerca de 30 segundos de desvantagem para a sua compatriota. Passados cinco quilómetros tudo parecia correr bem a Jéssica Augusto, que passava para uma posição mais confortável, mas tudo se desmoronou quando pouco antes dos 30 quilómetros acabaria por desistir, depois de começar a quebrar e de ver Dulce Félix a recuperar tempo. O show de Dulce Félix começava a partir daí, a passar os 30 quilómetros no 7º lugar e como se a parede não fizesse este ano sentido, depois de no ano passado também ter desistido perto da quilometragem de Jéssica, nesta mesma prova, acabaria por recuperar várias posições. O ritmo final de Dulce Félix foi, comparativamente às adversárias, muito forte e transportou-se até à meta, com direito a despique com Kim Smith (Nova Zelândia) e Caroline Kilel (Quénia), num quarto lugar histórico e com novo recorde pessoal de 2:25.40 horas, marca espantosa tendo em conta a dificuldade desta Maratona. Com esta marca Dulce Félix passa a ser a quinta melhor maratonista portuguesa de sempre e acabou mesmo por ser a melhor europeia em prova, com a segunda melhor europeia, a sueca Isabellah Anderson, a terminar apenas no 8º lugar (2:28.29 horas).

Na frente Mary Keitany, que ousou fazer história com uma vitória isolada, logo a partir dos primeiros quilómetros, dado que esta é uma prova sem “lebres” e sem presença masculina em simultâneo, acabaria com o sonho desfeito perto do final, ao ver as etíopes Firehiwot Dado e Buzunesh Deba ultrapassarem a cerca de um quilómetro do final, depois de ainda ter reagido surpreendentemente com um ataque, quando já ia em grupo com estas três etíopes. A “pancada no estômago” acabaria por ser a felicidade das etíopes que não se deixaram vencer pela queniana, sendo Firehiwot Dado a grande vencedora (2:23.15 horas). Esta marca foi a quarta melhor na história da prova nova-iorquina, apenas batida pelos registos da queniana Margaret Okayo (2:22.31 horas em 2003) e da britânica Paula Radcliffe (2:23.10 e 2:23.09 horas, em 2004 e 2007 respectivamente). Buzunesh Deba (2:23.19) e Mary Keitany (2:23.38) acabariam por completar o pódio.

SEIS ABAIXO DAS 2:10 HORAS E O DIA DOS MUTAI’S

À partida da prova masculina, numa altura em que já decorriam trinta minutos de prova da prova feminina, tudo podia acontecer, perante um lote forte de atletas. Até aos 30 quilómetros de prova, a história estaria longe de acontecer, com ritmos aparentemente lentos, num grupo numeroso, que foi perdendo peças. Mas a verdade é que uma segunda meia-maratona mais rápida acabaria por dar os seus frutos, sempre com o vencedor de há um ano, o etíope Gebre Gebremariam à espreita...E aos 33 quilómetro o etíope tentava mesmo escrever mais uma página de história, com um ataque forte, rapidamente com uma resposta de Geoffrey Mutai (Quénia). E o queniano aproveitaria mesmo esta oportunidade para se isolar e nunca mais se deixar ver pelos seus adversários. A corrida para a meta foi muito veloz a partir daí e acabaria mesmo por bater o recorde da prova masculina, que já estava na mão de Tesfaye Jifar desde 2001 (2:07.43 horas). Mutai completou hoje a Maratona em 2:05.06 horas, uma marca que teria sido fantástica há alguns anos, quando Gebrselassie mudou a história da distância para sempre. Mas o bom resultado não foi isolado, já que outro atleta de apelido Mutai (Emmanuel) terminou com 2:06.28 horas, fechando o pódio o etíope Tsegaye Kebede (2:07.14 horas). Gebremariam teve, assim, de se contentar com o 4º lugar e teve de suar para não o deixar na mão do marroquino Jaouad Gharib...

O melhor europeu em prova acabaria por ser o suiço Victor Rothlin, no 11º lugar, com o registo de 2:12.26 horas, uma marca infelizmente habitual entre europeus, que nos últimos anos têm saboreado pouco a descida abaixo das 2:10 horas. Portugal teve um representante na prova de elite, de seu nome António Sousa, que conseguiu 2:24.48 horas, sendo o quarto melhor europeu em acção.

RESULTADOS:

Masculinos:

1. Geoffrey Mutai (Quénia) – 2:05.06
2. Emmanuel Mutai (Quénia) – 2:06.28
3. Tsegaye Kebede (Etiópia) – 2:07.14
4. Gebre Gebremariam (Etiópia) – 2:08.00
5. Jaouad Gharib (Marrocos) – 2:08.27
6. Meb Keflezighi (EUA) – 2:09.13
7. Abdellah Falil (Marrocos) – 2:10.35
8. Mathew Kisorio (Quénia) – 2:10.58
9. Ezkyas Sisay (Etiópia) – 2:11.04
10. Ed Moran (EUA) – 2:11.46
...
22. António Sousa (Portugal) – 2:24.48

Femininos:
1. Firehiwot Dabo (Etiópia) – 2:23.15
2. Buzunesh Deba (Etiópia) – 2:23.19
3. Mary Keitany (Quénia) – 2:23.38
4. Ana Dulce Félix (Portugal) – 2:25.40
5. Kim Smith (Nova Zelândia) – 2:25.46
6. Caroline Kilel (Quénia) – 2:25.57
7. Caroline Rotich (Quénia) – 2:27.06
8. Isabellah Anderson (Suécia) – 2:28.29
9. Jo Pavey (Grã-Bretanha) – 2:28.42
10. Galina Bogomolova (Rússia) – 2:29.03
Jéssica Augusto (Portugal) – desistência

Foto : HMS Sports

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Comentarios (1)add feed
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Tudo centrado na Jessica e ups... Dulce mais uma vez.
Grande resultado para Dulce ...parabéns.

Fartei-me de rir no fim da prova feminina, após o resultado da Dulce, é que durante a transmissão televisiva da prova na eurosport, ai por volta dos 15 kms da prova feminina, um dos comentadores anuncia um curto intervalo e quando já está a dar publicidade, ouve-se o outro comentador dizer, passo a citar "A Dulce já foi..." fim de citação. Mais uma vez é caso para dizer que perdeu uma oportunidade para estar calado.

Parabéns tb ao António Sousa.
Novembro 06, 2011
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