Hoje a cidade de Berlim foi reinada por Patrick Makau.
O recorde mundial da Maratona foi hoje melhorado em Berlim, a cidade talismã de Haile Gebrselassie, que hoje foi novamente desistente.
Se a prova da Maratona tivesse um rei e a sua poltrona tivesse de ter uma cidade, então hoje o rei Haile Gebrselassie foi destronado, mas Berlim mantém-se como lugar da poltrona. A Maratona de Berlim arrecadou o seu sétimo recorde mundial nas últimas treze edições e desta vez a sorte já não coube a Gebrselassie, mas sim ao queniano Patrick Makau.
Na manhã deste Domingo o atleta queniano Patrick Makau nem acordei demasiadamente bem disposto e partiu para a sua prova, limitando-se a seguir as lebres contratadas, mas ao longo da corrida foi-se sentindo bem. E o ponto do sucesso ocorreu ao 27º quilómetro, quando o “aprendiz” de 26 anos (Makau) se soltou do “rei” de 38 anos (Gebrselassie), como se o etíope ali tenha tido a pretensão de passar o testemunho. ‘Gebre’ acabaria por desistir aos 35 quilómetros, por problemas na respiração, conhecidos são os seus problemas de asma. O etíope nem apareceria na conferência de imprensa e o seu agente esclareceu mais tarde que “pode ser o fim de uma era, mas não será o fim da carreira”. No final do ano o etíope até já tem agendada a sua presença na São Silvestre de Luanda e os Jogos Olímpicos de Londres são mesmo o objectivo de final de carreira de Gebrselassie.
A verdade é que foi Makau a prosseguir completamente isolado até final e tanto acreditou que conseguiu mesmo o recorde do Mundo com uma boa vantagem em relação ao anterior. Há três anos ‘Gebre’ tinha feito em Berlim o tmepo de 2:03.59 minutos e hoje Makau completou em 2:03.38 minutos, ou seja, correu 21 segundos mais rápido. Mas até houve táctica nesta corrida, para desgastar o anterior recordista : “Eu tinha muita energia e quiz cansá-lo. Ele tentou impor um ritmo certo e eu só queria correr sozinho e então eu fiz um zig-zag para um lado e ele seguiu-me, fiz outro para o outro lado e na vez seguinte eu já não o conseguia ver”. Este terá sido um recorde muito festejado no Quénia, já que mais uma vez este país mostrou supremacia em relação à Etiópia, nação rival nas provas de fundo, aliás como já havia sucedido no Mundial de Ar Livre.
A prova masculina não teve profundidade de resultados, até porque os 16 graus de temperatura à chegada em nada ajudaram ao alcance de melhores resultados, nem a desistência de Gebrselassie era esperada. Agora ficam os objectivos olímpicos, que para Makau é o sonho de ser campeão e para “Gebre” é a participação na quinta olimpíada, mas para isso terá de fazer mínimos e é muito provável que vá tentá-lo ao Dubai, em Janeiro.
KIPLAGAT DERROTOU A RECORDISTA FURIOSA
Foi entre grandes valores da especialidade que se fez a luta na prova feminina. Se de um lado estavam duas europeias experientes, Paula Radcliffe (Grã-Bretanha) e Irina Mikitenko (Alemanha), do outro estava a expectativa da queniana Florence Kiplagat terminar a Maratona com bom registo, apesar da mesma ter negado ser favorita à chegada a Berlim.
Poucos dias antes desta Maratona de Berlim tinha-se ficado a saber a intenção da IAAF invalidar os recordes mundiais femininos com corrida mista, tal como ocorre na cidade alemã. Radcliffe e Mikitenko expressaram o desagrado, principalmente Radcliffe que se sentiu injustiçada pelo esforço desenvolvido no recorde do Mundo. Mas hoje quem se tornou mais forte foi mesmo Kiplagat com uma marca que a coloca como uma das dez mais rápidas maratonistas de sempre. O tempo de 2:19.44 horas foi destacado das restantes atletas, comas duas europeias favoritas a preencherem o resto do pódio. Mikitenko, a correr no seu país, mostrou-se bem e terminou no segundo lugar, com o tempo de 2:22.18 horas enquanto Radcliffe, após ser novamente mãe, terminou no terceiro lugar com 2:23.46 horas.
Com este grande desempenho Kiplagat não tem dúvidas do seu futuro no atletismo : “Eu tenho alguns problemas quando calço bicos e espero nunca mais competir em pista ou fazer corta-mato, agora sou uma maratonista!”. Mikitenko terminou feliz depois de meses a sofrer de lesões, mas à furia do dia anterior Radcliffe somou o descontentamento por não ter ganho a Maratona de Berlim, a sua grande motivação na sua viagem à Alemanha.
RESULTADOS :
Masculinos:
1. Patrick Makau (Quénia) - 2:03.38 RM
2. Stephen Kwelio Chemlany (Quénia) - 2:07.55
3. Emannuel Kimaiyo (Quénia) - 2:09.50
4. Felix Limo(Quénia) - 2:10.38
5. Scott Overall (Grã-Bretanha) - 2:10.55
6. Ricardo Serrano (Espanha) - 2:13.32
7. Pedro Nimo (Espanha) - 2:13.34
8. Simon Munyutu (Quénia) - 2:14.20
9. Driss El Himer (França) - 2:14.46
10. Hendrick Ramaala (África do Sul) - 2:16.00
Femininos:
1. Florence Kiplagat (Quénia) - 2:19.44
2. Irina Mikitenko (Alemanha) - 2:22.18
3. Paula Radcliffe (Grã-Bretanha) - 2:23.46
4. Atsede Habtamu (Etiópia) - 2:24.25
5. Tatyana Petrova (Rússia) - 2:25.01
6. Anna Incerti (Itália) - 2:25.32
7. Rosaria Console (Itália) - 2:26.10
8. Valeria Straneo (Itália) - 2:26.33
9. Eri Okubo (Japão) - 2:28.49
10. Miranda Boonstra (Holanda) - 2:29.23
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