4x100 metros com Jamaica a superar Berlim...
Último dia de Mundiais deu vitória de medalhas aos EUA, com a Rússia a superar o Quénia...
Finalmente o Mundial teve um recorde do Mundo, uma realidade que estava a manchar a qualidade desta competição que decorreu de forma demasiado amena para um grande evento. E o feito coube de novo à Jamaica, que longe de ter um Mundial demolidor, não deixou de ter um papel importante nas provas de velocidade.
O dia começou com a prova de Maratona masculina, onde o Quénia jogava as suas cartas para tentar o segundo lugar colectivo deste Mundial. Para isso precisava de uma medalha no evento e a verdade é que o conseguiu através de Abel Kirui (2:07.38), que a partir dos 30 quilómetros trilhou o seu caminho, depois de um excelente trabalho colectivo da equipa queniana candidata ao Ouro na Taça do Mundo da Maratona. Mas o Quénia conseguiu ainda a Prata através de Vincent Kipruto (2:10.06) e acabou por consentir o Bronze para o etíope Feyisa Lilesa (2:10.32). Em geral os países africanos até tiveram algumas dificuldades em Daegu, com a Etiópia a ter três desistências, tal como a Eritreia, enquanto que Marrocos e Uganda tiveram duas desistências. A consequência foi a perda na luta pelos primeiros lugares na Taça do Mundo, já que o Quénia levou o Ouro colectivo, com o Japão (prata) e Marrocos (bronze) a seguirem-lhe, o que relegou a Espanha para o 4º lugar. A final do triplo salto teve uma vitória do jovem de 21 anos Christian Taylor (EUA), que fez a segunda melhor marca de sempre em Mundiais, com 17.96 metros, que surpreenderam o campeão Philips Idowu (17.77 metros). Com 20 anos o também norte-americano Will Claye alcançou a medalha de Bronze, sem grande passado na especialidade e superando-se com novo recorde pessoal a 17.50 metros. Nos 5000 metros o Quénia queimou a possibilidade de pressionar a Rússia para tentar o segundo lugar colectivo, depois de conceder uma vitória merecida de Mo Farah (Grã-Bretanha), que desta vez esperou pela recta final para fazer a diferença e terminar em 13.23,36 minutos. Esta foi uma marca bem disputa com Bernard Lagat (EUA), que concluiu estes 5000 metros com o tempo de 13.23,64 minutos e até a Etiópia tirou aqui medalhas ao Quénia, com o Bronze de Dejen Gebremeskel (13.23,92), deixando o 4º lugar para o queniano Isiah Koech (13.24,95). Foi dos raros momentos destes Mundiais que o Quénia falhou verdadeiramente, sendo fatal para as aspirações do segundo lugar colectivo. O momento mais alto do dia acabaria mesmo por ser a final dos 4x100 metros, com a Jamaica a confirmar o seu favoritismo, numa equipa onde estavam Nesta Carter, Michael Frater, Yohan Blake e Usain Bolt. Terminariam com o tempo de 37,04 segundos, um novo recorde do Mundo, por seis centésimos, dando a alegria que faltava a Daegu, que até agora só tinha dois recordes dos campeonatos. A marca poderia até ser melhor, com por exemplo a integração de Asafa Powel, que esteve lesionado, e também caso os EUA tivessem chegado ao fim. Contudo os EUA mais uma vez falharam, por queda de Darvis Patton no momento imediatamente antes da entrega a Walter Dix. Desde 1983, os EUA terminaram sete estafetas, das treze disputadas, número que devia assustar os responsáveis norte-americanos. A medalha de Prata acabaria por ir para a França, que depois do título europeu há um ano traz aqui mais uma alegria para a velocidade francesa e o Saint Kitts e Nevis acabaria com o Bronze, um bom prémio para Kim Collins que a correr no segundo percurso arrecadou a sua segunda medalha no evento. Quem também não acabou a final foi a Grã-Bretanha, tal como aconteceu com Suiça e Alemanha nas eliminatórias.
A Rússia tinha na final do lançamento do martelo feminino uma das oportunidades de ganhar o Ouro e distanciar-se do Quénia na classificação colectiva das medalhas. E foi assim que a surpresa ocorreu através de Tatyana Lysenko que andou adormecida ao longo da época para hoje ter alcançado o Ouro, depois de ter lançado expressivos 77.13 metros, sem que as suas adversárias o conseguissem ultrapassar. Neste particular uma das favoritas, a alemã Betty Heidler (76.06) foi quem mais se aproximou, já no penúltimo ensaio, ficando assim com o Prata e, enquanto a chinesa Wenxiu Zhang (75.03) conquistou justamente a medalha de Bronze. A campeã mundial, a polaca Anita Wlodarczyk (73.56) ficou longe do melhor, com o 5º lugar. Nos 800 metros era a Rússia quem tinha o favoritismo, mas foi a queniana Janeth Jepkosfei que atacou desde início, provavelmente em busca da luta colectiva pelas medalhas e tentando surpreender a Rússia. Depois de inicialmente o grupo ter ficado ligeiramente partido com o ritmo imposto, a corrida reequilibrou-se à entrada da última volta, onde a queniana acabou ultrapassada primeiramente pela sul-africana Caster Semenya, que neste Mundial recuperou o estatuto de mulher respeitada, mas onde a vitória acabou mesmo para a russa Mariya Savinova (1.55,87) uma marca de bom nível que é a melhor mundial do ano e que lhe deu o Ouro. No segundo lugar chegaria mesmo Semenya (1.56,95), a sorrir e a festejar com as suas adversárias e no terceiro lugar Jepkosgei (1.57,42) ainda ficaria com o seu esforço recompensado com a medalha de Bronze.Na estafeta de 4x100 metros a equipa dos Estados Unidos da América, composta por Bianca Knight, Allyson Felix, Marshevet Myers e Carmelita Jeter, conquistou o lugar mais alto do pódio, com o registo de 41,56 segundos, a melhor marca mundial do ano. Desta forma ficou à frente da equipa da Jamaica, que em Daegu estabeleceu um novo recorde nacional, com 41,70 segundos. Estas duas selecções não dariam hipótese às restantes, com a Ucrânia (42,51) a conseguir o Bronze, depois de há um ano ter sido campeã europeia da especialidade. Nas meias-finais desta estafeta a China marcou negativamente a participação com uma falsa partida, tendo sido batido o recorde da América do Sul, através da equipa brasileira (42,92) e ainda os recordes nacionais da Trinidade e Tobago (42,50) e da Holanda (43,44).
MEDALHAS PARA 41 PAÍSES, PORTUGAL AUSENTE DAS MEDALHAS
Foram 41 os países com acesso às medalhas, onde os EUA venceram (12 de Ouro, 8 de Prata e 5 de Bronze), seguidos da Rússia (9 de Ouro, 4 de Prata e 6 de Bronze) e pela Jamaica (4 de Ouro, 4 de Prata e 4 de Bronze). Portugal pela quinta vez na história dos Mundias terminou sem medalhas, depois do que já havia acontecido nas edições de 1983, 1991, 1997 e 2003. Na classificação por classificação, pegando nos oito primeiros classificados de cada disciplina, os EUA ganharam com 251 pontos, uma pontuação que já não era conseguida desde 1993, quando foram atingidos 256 pontos, sendo mesmo a terceira melhor pontuação de sempre em Mundiais. Portugal classificou-se em 24º, com 13 pontos, pontuação que fica abaixo das três prestações seguidas em que Portugal havia feito 19 pontos, em 2005, 2007 e 2009.
|