Rússia consegue ultrapassar Quénia nas medalhas.
O penúltimo dia de Mundiais tinham a final dos 200 metros como momento alto e desta vez Usain Bolt não desiludiu os seus adeptos.
Um dia praticamente só de finais, quando se aproxima o último dia de eventos, que fechará um Mundial que ainda não convenceu totalmente. Será o último dia a dar o que os restantes não deram?
Os 50 Km marcha abriram este oitavo dia de competições, que ficou marcado por doze desclassificações, um número elevado e que, entre outros, deixou de fora da disputa o francês Yohan Diniz, que seguia na frente aos 15 quilómetros e se preparava para ser um sério candidato à vitória final. Com o abandono do eslovaco Matej Toth, ficou mais fácil a vida do russo Sergey Bakulin (3.41,24), que renovou o título de Berlim, num pódio onde entrou outro russo, Denis Nizhegorodov (3.42,45). Fechou este pódio o australiano Jared Tallent (3.43,36), logo à frente do chinês Tianfeng Si (3.44,40) que era um dos grandes candidatos à vitória final. A final do lançamento do dardo estava em aberto, sem algumas referências presentes e com Andreas Thorkildsen (Noruega) a apresentar-se de uma forma frágil, quase invalidando os últimos três ensaios. Acabaria por chegar à medalha de Prata, com 84.78 metros, nada que chegasse junto ao alemão Matthias de Zordo, que foi o grande vencedor com 86.27, mostrando o poder dos lançamentos germânicos e que é ainda um jovem valor para o futuro da modalidade com somente 23 anos. Novamente Cuba apresentou-se bem e aqui conseguiu a medalha de Bronze através de Guillermo Martínez (84.30). Na final dos 1500 metros o Quénia voltou a fazer das suas e aproveitou a ausência de Maryam Jamal para arrecadar Ouro e Prata, através de Asbel Kiprop (3.35,69) e Silas Kiplagat (3.35,92), respectivamente. Desta forma continua o Quénia a tentar lutar pelo segundo lugar colectivo, que ainda pode ser tentado durante a jornada de amanhã. O norte-americano Matthew Centrowitz (3.36,08) saiu de Daegu com uma pouco expectável medalha, à frente do espanhol Manuel Olmedo (3.36,33). Usain Bolt (Jamaica) voltou às medalhas nos 200 metros e era expectável que assim fosse, a não ser que algo insólito lhe acontecesse de novo...O jamaicano, em forma inferior à verificada em Berlim, teve de forçar para não ser surpreendido pelo norte-americano Walter Dix e conseguiu com o tempo de 19,40 segundos, com Dix a contentar-se com a Prata ao terminar em 19,70 segundos. Os europeus até se mostraram bem nesta final de 200 metros, com o melhor a ser o francês Christophe Lemaitre (19,80), com novo recorde francês e medalha de Bronze muito festejada pelo habitualmente contido francês. O norueguês Jaysuma Saidy Ndure bem tentou aproximar-se do Bronze, mas ficou com o registo de 19,95 segundos, numa prova onde o panamiano Alonso Edward não terminou por lesão na curva...
O salto em altura foi a primeira prova feminina e teve na russa Anna Chicherova a participante mais merecedora do Ouro, porque até aos 2.03 metros não derrubou qualquer fasquia, só falhando os 2.05 por três vezes, o que não aconteceu com a croata Blanka Vlasic que apesar de ter terminado com os mesmos 2.03 metros, acabou derrotada e ficou com a medalha de Prata, perdendo o título de há dois anos. Fechou o pódio a italiana Antonietta di Martino, que com 33 anos pode dar –se por feliz por ainda chegar aos 2.00 metros, um feito realmente impressionante. A grande surpresa nos 100 metros barreiras foi a eliminação da jamaicana Brigitte Foster-Hylton, que na terceira meia-final, mesmo fazendo o seu melhor de época (12,87) não conseguiu melhor que o quarto lugar, ficando de fora das contas para a final. Na final provavelmente também não teria grandes hipóteses, já que a australiana Sally Pearson decidiu dinamitar o recorde do continente australiano, com o Ouro e com recorde dos campeonatos, que ficou agora colocado em 12,28 segundos. As duas norte-americanas que chegaram ao final, já que Kellie Wells caiu durante a final, foram Danielle Carruthers e Dawn Harper, ambas com 12,47 segundos, ambas com recorde pessoal, com Carruthers a ficar com prata e Harper com o bronze, mas muito longe do poder de Wells. A final da estafeta de 4x400 metros foi de elevado nível, com a Rússia a perder o seu habitual favoritismo e a contentar-se com o terceiro lugar, registado em 3.19,36 minutos. Uma das equipas culpadas é a Jamaica, que a meio da corrida trouxe as suas atletas para a frente, em perseguição da equipa norte-americana e no final um apertado sprint entre Anastasiya Kapachinskaya (Rússia) e Shericka Williams (Jamaica) deu em Prata para as jamaicanas, com um novo recorde nacional (3.18,71). Os EUA sempre foram a equipa que esteve na frente e a melhor marca mundial do ano, de 3.18,09 minutos, numa equipa composta por Sanya Richards-Ross, Allyson Felix, Jessica Beard e Francena McCoroy, que desta forma alcançou justamente o Ouro. Curiosamente Allyson Felix não apareceu no pódio dos 200 metros, onde fora terceira, por motivos ainda não explicados.
LUTA NAS MEDALHAS ENTRE QUÉNIA E RÚSSIA AO RUBRO
Está ao rubro a luta entre o pódio das medalhas, numa vitória já mais que garantida e esperada pelos EUA, que já contam com 10 medalhas de Ouro, 7 medalhas de Prata e 4 medalhas de Bronze, num total de 21 medalhas. Apesar da Rússia ter 17 medalhas e o Quénia 14 medalhas, a verdade é que o Quénia está a apenas uma medalha de Ouro de diferença e possui mais uma medalha de Prata, o que em termos classificativos bastaria que a Rússia não ganhasse qualquer medalha e o Quénia conseguisse uma medalha de Ouro para o Quénia terminar no segundos lugar. A Jamaica, quarta classificada, está muito longe desta luta, com três medalhas de Ouro, três medalhas de Prata e uma medalha de Bronze. Na tabela classificativa até ao oitavo lugar de provas individuais, os EUA lideram com 214 pontos, com a Rússia a seguir-lhe com 177 pontos e o Quénia com 136 pontos, numa hegemonia onde a partir do 16º lugar todas as equipas têm menos de 20 pontos (!). Portugal encontra-se nesta tabela no 29º lugar, onde apenas Nelson Évora poderá amanhã evitar mais descida de lugares.
Na disputa entre Quénia e Rússia o dia de amanhã irá decidir tudo. Enquanto que na Maratona masculina e nos 5000 metros o Quénia parece um sério candidato a medalhas de Ouro, a Rússia tem no lançamento do martelo e nos 800 metros hipóteses de Ouro também. É incerto o desfecho desta luta que promete animar o último dia de Mundiais.
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