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10000 metros com forte domínio queniano.
A segunda final destes Mundiais, os 10000 metros femininos, tiveram presenças portuguesas de Dulce Félix (8º) e Jéssica Augusto (10º).
A prova dos 10000 metros tinha desde logo uma grande curiosidade na batalha Etiópia contra Quénia e essa curiosidade foi-se desfazendo para lá da metade da prova. Até aí um grupo relativamente extenso disputou a prova, com as norte-americanas Shalane Flanagan e Jennifer Rhines a liderarem o grupo. Nessa altura tanto Jéssica Augusto como Dulce Félix acompanhavam o grupo, embora sempre na cauda. Dulce Félix seria a primeira a descolar e não muito depois descolava Jéssica Augusto, que ao ataque das quenianas na frente ainda seguia a alguns metros do grupo principal.
Num momento da corrida seguia um grupo de seis atletas, composto pelas quatro quenianas (Vivian Cheruiyot, Sally Kipyego, Linet Masai e Priscah Cherono), pela etíope Meselech Melkamu, pela atleta do Bahrain (Shitaye Eshete) e ainda Shalane Flanagan (EUA). Mas o ritmo forte das africanas apenas limitou o grupo da frente às quenianas e etíopes, com as quenianas a fazerem total controlo da corrida, impondo o ritmo e perseguindo com duas atletas a etíope. Esse grupo iria desfazer-se na última volta, com um forte ataque de Vivian Cheruiyot (30.48,98 minutos), seguida por Sally Kipyego (30.50,04 minutos), que perante a ponta final de Cheruiyot não conseguiu chegar ao Ouro. O terceiro lugar acabaria por ficar para a anterior campeã da distância, a também queniana Linet Masai (30.53,59 minutos), impedindo que Melkamu estragasse novamente a festa queniana. Nesta altura todas as medalhas possíveis são quenianas e Melkamu acabaria por não ir além do 5º lugar, com 30.56,55 minutos, não fazendo a diferença após a desistência de Meseret Defar.
Perante esta luta na frente, a luta nos lugares seguintes fez-se sem grande percepção, tantas foram as dobragens ao longo da prova. A portuguesa Jéssica Augusto acabaria por ser a última atleta dobrada, no exacto momento em que Cheruiyot cruzava a meta, o que terá até confundido o técnico do photo-finish. Jéssica Augusto que fez uma parte inicial da prova mais dominadora que Dulce Félix caiu muito no ritmo e acabaria por finalizar no 10º lugar, com o tempo de 32.06,68 minutos, um tempo e classificação aceitáveis se forem consideradas as condições psicológicas e físicas da atleta após paragem forçada por falecimento do seu pai. Melhor esteve mesmo Dulce Félix, que recuperou após uma fase inicial de quebra na prova e acabaria mesmo por ser a melhor atleta europeia, com o registo de 31.37,03 minutos, uma marca muito próxima do seu recorde pessoal e que premeia o trabalho da atleta portuguesa. Dulce Félix foi a melhor europeia em competição, numa prova onde as europeias que se atrevem a enfrentar as quenianas foram apenas de quatro atletas, duas delas portuguesas (!).Ambas as portuguesas fizeram a melhor classificação em Mundiais e esta acaba por ser a melhor referência deixada pelas mesmas.
Esta prova ficou marcada pelo atraso de quase meia-hora na publicação dos resultados, um facto cujas motivações não são conhecidas, mas que dificultou a interpretação dos resultados. Aliás, estes Mundiais estão a ser marcados por várias falhas tecnológicas, que começaram na eleição dos Orgãos Sociais da IAAF. E estamos no país da tecnologia...
RESULTADOS (10000 m – Final):
1. Vivian Cheruiyot (Quénia) – 30.48,98 RP
2. Sally Kipyego (Quénia) – 30.50,04
3. Linet Masai (Quénia) – 30.53,59
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8. Ana Dulce Félix (Portugal) – 31.37,03
10.Jéssica Augusto (Portugal) – 32.06,68
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