Manuel Ferraz e Anabela Tavares campeões.
Apenas doze atletas participaram no Campeonato de Portugal de 10000 metros, ontem realizado no Estádio 1º de Maio, em Lisboa.
Portugal teve ontem mais uma página negra do seu campenato para a distância de 10000 metros, dada a ausência dos melhores nacionais e acima de tudo a fraca participação, permitindo que atletas mais modestos levassem para casa a medalha mais importante, com marcas que em masculinos retrocedem aos anos 70.
Em femininos apenas duas atletas se fizeram à pista, das três inscritas, perante uma bancada despida de espectadores, sem locução sequer para os pódios e com muito pouca dignidade. Numa corrida a dois, Margarida Dionísio (Linda-a-Pastora) e Anabela Tavares (CRD Arrudense) correram as 25 voltas em ritmos lentos e a vitória aconteceu para Anabela Tavares, com o tempo de 37.14,41 minutos. Em termos de historial do Campeonato de Portugal de 10000 metros apenas a marca de Joana Nunes atingida em 2009 é pior, não prestigiando esta competição que este ano se realizou no âmbito do Regional de Lisboa. Anabela Tavares dizia no final que “gostava que tivesse aparecido mais alguém” considerando que guardará a medalha até ao fim da vida, pela sua importância. Apesar da medalha, a atleta vincou o seu desagrado pela pouca competitividade do evento...
A luta foi com mais atletas no sector masculino, e a vitória disputada fundamentalmente a dois, se exceptuarmos o mais rápido, Nelson Cruz (30.24,24 minutos), que por ser caboverdiano não conta para este Campeonato de Portugal. Manuel Ferraz (CR Alturense) e Paulo Pinheiro (Linda-a-Pastora) disputaram até perto do final o título de campeão nacional, mas foi Manuel Ferraz que levou a melhor com 30.33,28 minutos. Sem culpa própria este tempo é o pior dos últimos 40 anos de competição, sendo preciso voltar a 1971 para termos uma marca pior (31.26,2 minutos). No final o atleta estava obviamente feliz pela sua medalha, mas também infeliz pela ausência de mais atletas, até porque tinha objectivos de melhorar a sua marca. O atleta que em 1997 já havia conquistado o pódio da competição preencheu o lugar mais alto do pódio: “sempre acreditei que um dia poderia ser campeão nacional”, considerou o atleta. Terminando, “vou guardar a medalhar para os meus netinhos”, disse Manuel Ferraz, que com 36 anos terá alcançado o ponto mais alto da sua carreira enquanto atleta.
BANCADAS VAZIAS, A MEIA LUZ E SEM APOIO
A dignidade desta competição acabou mal terminou o Regional de Lisboa, com o público a desaparecer das bancadas, dirigentes associativos a abandonarem o espaço, ficando apenas os elementos estritamente necessários para cronometrar a prova e realizar os resultados, que ainda hoje não foram oficializados nem pela AA Lisboa, nem pela Federação Portuguesa de Atletismo. Esta prova “fantasma” acabou com o Sol a desaparecer e com as luzes a serem ligadas apenas no final e com pódios onde apenas o presidente da Comisão Nacional de Estrada e Corta-Mato (Fernando Fernandes) estava presente para a entrega das medalhas, que não tiveram direito a palmas, nem tão pouco a locução...
RESULTADOS :
Femininos :
1. Anabela Tavares (CRD Arrudense) -37.14,41
2. Margarida Dionísio (Linda-a-Pastora SC)– 38.15,11
Masculinos :
1. Manuel Ferraz (CR Alturense) – 30.33,28
2. Paulo Pinheiro (Linda-a-Pastora SC) – 30.38,41
3. Ricardo Figueiredo (CA Seia) – 31.24,12
Enviado Especial : Edgar Barreira (texto e fotos)
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Quero com este comentário felicitar os vencedores que, como está bem salvaguardado, não têm culpa de não haver um nível competitivo mais elevado. De qualquer forma, falando como alguém que conhece bem as qualidades do vencedor masculino, posso afirmar que esta marca não reflecte o seu real valor...
Na realidade, para além do forte vento que se sentiu, todos nós sabemos que estas Provas não são para fazer marcas, mas sim para vencer! Foi isto que o Ferraz fez (e bem feito, claro). Como qualquer pessoa que está por dentro destes meandros sabe, estas Provas funcionam assim, com muita estratégia no meio...
Para concluir, quero frisar que o Ferraz não é um atleta qualquer, tratando-se de um Vice Campeão Nacional da Maratona (em 2006, atrás de Luís Jesus), vencedor de várias Provas em Portugal e Espanha, sendo inclusive Recordista de algumas delas (como recentemente, na Lagoa de Santo André, onde também cometeu o feito de ser dos poucos a repetir a vitória), e que noutras condições faria certamente uma marca na casa dos 29 minutos ou, quem sabe, nos 28 minutos.
porque estes campeonatos podesm ter pouco nivel mas estao bem medidos enkanto a maior parte das provas de estrada engama...abracos