Francis Obikwelu é o trunfo português na velocidade.
Da resistência passamos à velocidade portuguesa que tem subido de prestações nos últimos anos, globalmente.
Ontem a resistência dos portugueses foi enaltecida, hoje colocamos a velocidade em foco, onde Francis Obikwelu, campeão europeu de pista coberta neste ano, é um dos naturais destaque, não só para os portugueses, mas também para a imprensa internacional. Conseguirão as estafetas nacionais melhorar? Sem esquecer a super Sónia, referindo a Sónia Tavares que será a única a fazer três provas neste Campeonato da Europa de Equipas…
OBIKWELU O TIRO NOS 100, EM CONJUNTO COM UMA BOA ESTAFETA
Claramente a prova dos 100 metros será um dos destaques da selecção portuguesa, uma prova que é muitas vezes considerar o ex libris de um campeonato. Este ano Obikwelu terá aqui um forte desafio que é enfrentar de novo dois grandes atletas europeus, que este ano já correram por mais do que uma vez de forma tangencial à marca dos 10 segundos, Christophe Lemaitre (França) e Dwain Chambers (Grã-Bretanha). O português tem como melhor neste ano o registo de 10,18 segundos, marca que também é superada pelo polaco Dariusz Kuc (10,15 segundos). Mas normalmente Obikwelu prepara-se para os grandes eventos e este deverá ser um dos dois mais importantes, apenas batido pelo Mundial de Ar Livre…
Nos 200 metros, aparece de novo Arnaldo Abrantes que se assume como um dos naturais substitutos de Obikwelu após os Jogos Olímpicos de Londres. Os 20,90 segundos que alcançou este ano ainda ficam aquém dos 20,48 segundos de recorde pessoal. As suas recentes participações em eventos de 100 metros não mostraram o melhor, mas Arnaldo Abrantes é já um experiente atleta, apesar de tenra idade, sendo o top-5 possível. O favorito à vitória é mais uma vez Christophe Lemaitre, claro líder do ano e de longe o que tem melhor recorde pessoal…
Ainda longe do melhor, João Ferreira aparecerá nos 400 metros com a pior marca do ano entre os presentes e com o décimo melhor recorde pessoal, entre os 12. Não deverá ser uma tarefa simples a sua superação nem a sua entrada no top-10, em condições normais. Mas por cada ponto se ganha ou perde um objectivo, João Ferreira pode na mesma ser peça chave..
Na estafeta de 4x100 metros, que deverá ser composta por Ricardo Pacheco, Francis Obikwelu, Arnaldo Abrantes e Yazaldes Nascimento, uma ordem que até foi testada sem Obikwelu no Meeting de Lisboa e que foi abortada. Poderá estar em risco o recorde nacional, mas acima de tudo a tentativa de um lugar de pódio, que permita ganhar 12, 11 ou 10 pontos. Em 4x400 metros, estarão João Ferreira, Jorge Paula, Carlos Pinheiro e António Rodrigues, onde se destaca um Jorge Paula no seu melhor momento de forma de sempre…Não deve ser possível mais do que a segunda metade da classificação nesta prova…
A SUPER SÓNIA NÃO DEVERÁ CHEGAR PARA COMPENSAR ESTAFETAS
Sónia Tavares terá neste Campeonato da Europa de Equipas um papel fulcral, já que marcará presença em três provas : 100, 200 e 4x100 metros. Nos 100 metros as suas possibilidades serão superiores do que nos 200 metros e, quem sabe, uma tentativa de obter mínimos para o Mundial de Ar Livre. A melhor deste ano é Anyika Onuora (Grã-Bretanha), com recorde pessoal de 11,18 segundos, sendo que a maioria das presentes estão nas suas melhores formas de sempre sempre. É neste quadro que a tentativa de Sónia Tavares de estar num dos seis primeiros lugares é possível, mas nada fácil. Nos 200 metros as hipóteses de Sónia Tavares (23,86 segundos) são ainda mais reduzidas, numa prova onde nem tem apostado muito nesta época. Apenas uma atleta possuí pior marca este ano, a espanhola Belén Recio (24,12 segundos) e duas atletas possuem marcas abaixo dos 23 segundos, de duas equipas candidatas ao pódio colectivo : Mariya Ryemyen (Ucrânia) e Yuliya Chermoshanskaya (Rússia).
A missão de Cátia Nunes (400 metros) também está longe de ser fácil. A atleta que foi utilizada pelo Sporting na Taça dos Clubes Campeões Europeus mereceu a confiança do seleccionador, mas tem a pior marca entre as presentes, a um segundo da atleta seguinte, o que mostra bem a dificuldade de competir na Superliga.
Nos 4x100 metros, Sónia Tavares, Carla Tavares, Naide Gomes e Andreia Felisberto não terão tarefa simples para fugir aos últimos lugares, o mesmo acontecendo na estafeta de 4x400 metros, onde Vera Barbosa e Cátia Nunes são as melhores opções, com Patrícia Lopes menos bem relativamente a épocas anteriores e a uma Carla Tavares adaptada a esta prova, mas de todo especialista…
BARREIRAS COM MAIS ESPERANÇA EM MASCULINOS QUE EM FEMININOS
As provas de barreiras não deverão ser o melhor ponto da selecção nacional, embora o confiante Jorge Paula (400 metros barreiras) possa tentar perfeitamente um lugar entre os seis primeiros, uma pontuação importante numa prova onde as equipas prováveis à descida também não possuem elementos muito fortes. Aqui o grande candidato é David Green (Grã-Bretanha) que é destacado líder com 48,24 segundos. Nos 110 metros barreiras é Rasul Dabó (13,86 segundos) que representará as cores nacionais e apesar de estar no seu melhor de sempre, não tem além do décimo tempo entre os presentes. Subir mais que o décimo lugar será tarefa mais complicada, embora possível, já que o ucraniano Serhiy Kopanayko apenas correu mais rápido um centésimo, não devendo ser de apostar o ficar à frente do espanhol Jackson Quiñonez, atleta que apesar de ter 13,83 segundos como melhor nesta época, possui um recorde pessoal de 13,33 segundos e pode até ser um candidato à vitória, contra o britânico Andy Turner (13,27 segundos nesta época).
Em femininos é também nos 400 metros barreiras que está o poder luso, relativamente aos 100 metros barreiras. Será a jovem Vera Barbosa a representante portuguesa, que se tem mostrado em evidência e que esta época correu em recorde pessoal, com 57,89 segundos. Esta marca será suficiente para o top-10, mas dificilmente para tentar a primeira metade da classificação, dado que isso deverá implicar correr na casa dos 56 segundos. Nos 100 metros barreiras, face à ausência por lesão de Eva Vital, será Patrícia Mamona a fazer uma das suas duas provas nesta competição. A marca que alcançou nos Estados Unidos este ano foi de 13,60 segundos, perto do seu recorde pessoal, mas é nesta Superliga apenas a penúltima melhor marca. O top-10 será uma possibilidade para a portuguesa, mas dificilmente muito melhor que os últimos lugares, naquela que não é a sua especialidade de eleição…
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